Cardeal Marx, “surpreso” com o veto do Vaticano sobre a intercomunhão

Catequese

Carlos Estebam.  Cardeal Marx

Infovaticana, 05 de junho de 2018.

[https://infovaticana.com/2018/06/05/el-cardenal-marx-sorprendido-por-el-veto-vaticano-a-la-intercomunion/].

Tradução. Bruno Braga.

 

O Cardeal Reinhard Marx, Arcebispo de Munique, presidente da Conferência Episcopal Alemã (CEA) e membro do conselho privado do Papa, o C9, publicou uma nota na qual se confessa “surpreso” com o veto comunicado pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o rápido Cardeal Luis Ladaria, e com o beneplácito do Papa, contra a instrução aprovada pela CEA de permitir a comunhão a cônjuges luteranos de fiéis católicos.

Esta foi a declaração do Cardeal Marx:

“A carta do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, datada de 25 de maio de 2018, chegou esta tarde, 04 de junho de 2018, ao presidente da Conferência Episcopal Alemã, o Cardeal Reinhard Marx. Na conversa do dia 03 de maio, em Roma, foi dito aos Bispos participantes que eles deviam encontrar “no possível um resultado unânime, em espírito de comunhão eclesial”. Por isso, o presidente [da Conferência Episcopal Alemã] está surpreso com a chegada desta carta de Roma, antes de ter encontrado essa solução concordante. O presidente vê expressa na carta a necessidade de conversas posteriores no interior da Conferência Episcopal Alemã, no Conselho permanente e na Assembleia plenária do outono, mas também com os respectivos dicastérios romanos e mesmo com o Santo Padre”.

Até certo ponto, é compreensível a surpresa de Sua Eminência. A Conferência Episcopal Alemã aprovou com esmagadora maioria a intercomunhão – com atenção a “caso por caso” –, e foi preciso uma carta endereçada por sete Bispos dissidentes a Roma para que a Santa Sé interviesse, convocando os Bispos alemães e vários membros da Cúria para que chegassem a um veredicto sobre o assunto.

Depois de escutar as partes, o Papa deu o seu parecer, que consistiu em… nada. Em outras palavras, pediu para que os próprios Bispos alemães chegassem a um acordo, se possível, por unanimidade.

Isso deixou os alemães satisfeitos, a começar por Marx, inspirador da inovação. Conclusão, Sua Santidade disse que era coisa da Igreja alemã e, sendo impossível ou pelo menos muito improvável a unanimidade, que fariam o que bem entender. Um Bispo chegou a declarar abertamente que a CEA interpretava as palavras do Papa como uma permissão indireta para levar a prática adiante.

E agora, como um raio que cai do céu – mais exatamente, da Doutrina da Fé – um veto, no qual se especifica que uma inovação desse tipo só pode tomar a Igreja universal em seu conjunto, e não uma Igreja nacional. Surpreende-nos, pois temos a ideia de que a verdade sobre o Sacramento da Eucaristia não é questão de consensos; porém, Marx parece não gostar disso.

Marx acrescentou na sua nota que agora vai discutir a questão com o resto dos Bispos alemães, “com os dicastérios e com o próprio Papa”.

Mas surgem as questões para Francisco. Por um lado, Marx, um homem até agora de sua absoluta confiança, tem razões para se sentir decepcionado, depois da decisão tomada anteriormente pelo Papa? Sua Santidade vai tolerar uma disputa no interior do seu próprio conselho privado, opondo-se, ademais, ao “chefe” da toda poderosa Igreja alemã?

Por outra parte, não pode desautorizar o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, nomeado por ele mesmo para substituir Gerhard Müller e que no próximo dia 29 será nomeado Cardeal. Ele, que a todo momento vem agindo referendado pelo Papa, como explica Sandro Magister em artigo publicado ontem [1].

NOTAS.

[1]. Cf. [https://infovaticana.com/2018/06/04/el-papa-francisco-frena-la-intercomunion-alemana/].

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