V- A aparição na Praça do Papa em 1997
No dia 13 de maio de 1996, o Grupo Missionário estava reunido na Praça do Papa, em Belo Horizonte. Este fora o local escolhido pelos missionários para que Raymundo Lopes aguardasse o encontro marcado pela bela Senhora.
A praça estava repleta. Às 5 da tarde, Maria Santíssima apareceu, como sempre toda vestida de branco. Ela vinha envolta em um lindo halo de luz.
– Obrigada por estar aqui, disse Ela. Estou me despedindo de você. Este é pois o nosso penúltimo encontro. Depois, somente nos encontraremos no dia 11 de fevereiro, quando o sol não estiver fazendo sombra sobre vocês.
– Que horário é esse, Senhora? perguntou Raymundo.
– Exatamente no meio do dia 11. Depois que terminar o nosso último encontro, o tempo concedido a mim pelo Pai estará terminado. Ele enviará a vocês a Luz do Espírito da Verdade. Ele os ajudará a dar testemunho de tudo isso que estou passando a você. Peço que tenham confiança em minhas palavras e sigam os meus conselhos. Você, o Grupo Missionário e todos os seus amigos sofrerão muito; serão impedidos de levar a todos as minhas mensagens. Haverá alguns que acreditarão que, se lhe tirassem a vida, estariam dando glória a Deus. Mas assim, a pedido de Jesus, dirigi todo esse processo. Confiem em mim; Eu amo todos vocês. Necessito que o Grupo Missionário se reúna todo o primeiro dia após o dia 10 de cada mês, até a minha derradeira vinda no dia 11 de fevereiro, como lhe falei. Peçam ao Espírito Santo, como lhe foi ensinado na igreja de São Bento (nota: Terço da Divina Chama), e também digam conforme vou lhe ensinar agora.
Nossa Senhora ergueu as mãos para o céu. Seu rosto brilhava como o sol. E então rezou:
“Pai Criador, forja em nós a perfeição dos pensamentos puros. Cria em nossa matéria, cada vez mais, o fluxo divino, para que, vivendo na terra, olhemos para o céu e Te vejamos refletido no infinito. Senhor Jesus, preparaste-nos com Teu sacrifício na cruz, para enfrentarmos estes tempos confusos e difíceis. Dá-nos, agora, forças para levarmos adiante nossa cruz, até o calvário do nosso espírito pecador, na obediência, no perdão e na mansidão. Pai da Luz e da Verdade, vem até nós e nos ilumina. Pai da Luz e da Justiça, vem até nós e dá-nos o dom do amor fraterno. Pai da Luz e do Discernimento, vem até nós e fornece-nos o dom de distinguir o caminho que nos levará a Ti. Amém.”
Depois de um momento, Ela continuou:
– Escute a melodia que Eu lhe trago do Céu.
Raymundo começou então a escutar uma música belíssima. Não ouvia instrumentos, mas vozes humanas tão ritmadas e uniformes que mais pareciam uma orquestra.
– Olhe para o alto, disse Maria. Desejo mostrar-lhe onde habitam as almas que fazem na terra a vontade de Deus.
Nisso Raymundo olhou na direção apontada por aquelas mãos delicadas. Ele pôde ver um espaço onde espíritos celestes, translúcidos como cristais iluminados pelo sol, pairavam no ar. Havia ali um clima de amor e paz. Raymundo não distinguiu cores, mas tudo era matizado em tons que não existem na terra. Um tênue fio dourado corria todo o espaço, e por onde passava impregnava de luz todos os espíritos. Os espíritos não tinham asas, mas pareciam anjos. Desciam e subiam, numa interminável fila que se perdia no infinito.
– Por que a Senhora está me mostrando isso? perguntou Raymundo.
– Porque nos primeiros anos deste século mostrei a pequeninos pastores o Inferno, e agora quero que veja uma ínfima parte do Céu. É para o Céu, na companhia de Jesus e da minha, que desejo levá-los. Façam boas obras, vivam o Evangelho, reforcem suas vidas na Eucaristia, cultivem a paz e, se seguirem os meus conselhos, seu país será um oásis de paz nesse milênio que se inicia. Serão poupados de muitos sofrimentos. O Brasil está sob a minha proteção, mas necessito que rezem muito para manterem a paz. A oração é como o banho da alma. Rezem para que a tenham limpa, porque aqui somente existe lugar para a pureza do espírito. Um espírito pesado pela sujeira do pecado não se erguerá nunca ao Céu; ficará preso às profundezas da terra. Aproveitem o tempo que Deus lhes concede e espiritualizem-se, para serem dignos do Céu; caso contrário, pesados como bolas de chumbo, ficarão presos nas redes de Satanás, o príncipe deste mundo. Vocês, leigos, defendam a Igreja! Darei mensagens semanais a você somente até a terça-feira que antecede o nosso último encontro marcado. No dia 11 de fevereiro de 1997, lhe instruirei o que fazer com tudo isso que lhe passei durante estes anos que vim até você. Jesus determinou que estará comigo nesse dia, quando me farei presente com toda a glória que recebi do Pai. Depois disso, se você cumprir na terra a vontade dele, nos encontraremos no Céu, conforme já lhe disse. A pedido de Jesus haverá hoje, nesta praça, muitas curas da alma e do corpo. Isto será feito para a glória de Deus, para que deem testemunho da Verdade e do Seu Amor misericordioso a todos vocês. (…) Diga a todas essas pessoas que aqui vieram que Eu as abençoo.
Dizendo isso, Maria Santíssima começou a se elevar de mansinho. Dirigindo-se para onde o sol se punha, abriu os braços como que abençoando todos os presentes. Depois desapareceu ao longe, como uma pequenina estrela.
O grande encontro, portanto, estava marcado para o dia 11 de fevereiro de 1997. Jesus e Maria visitariam o céu de Belo Horizonte em plena glória.
O Grupo Missionário trabalhou arduamente na preparação do evento. A aparição foi divulgada através do rádio e de jornais de grande circulação, como o Estado de Minas e o Diário da Tarde. Os missionários elaboraram também um jornal, Eu sou a Senhora do Rosário – Edição Especial, um livreto e folhetos sobre a Obra Missionária, inclusive em português e espanhol.
No dia 11 de fevereiro, uma verdadeira multidão compareceu à Praça do Papa. Havia cerca de 30.000 pessoas à espera do grande acontecimento. Caravanas chegaram de várias cidades, como Bom Despacho, Curvelo, Divinópolis, Contagem, Betim, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto, Porto Alegre, Guarapuava, Curitiba, Vitória, Salvador, e muitas outras. O público contou inclusive com estrangeiros, como portugueses e peruanos.
No palanque montado na praça, Raymundo estava acompanhado de alguns missionários, da família e dos Padres Rubem Schuch e Luiz Duque de Lima, de Juiz de Fora.
Raymundo Lopes e missionários na Praça do Papa.
Antes da hora marcada para a aparição, o público participava de orações e cantos. Havia em tudo um halo de paz, serenidade e fé.
Nossa Senhora havia avisado que viria acompanhada de Jesus,
e que Raymundo a veria em toda a sua glória. Naqueles cinco anos de encontros e diálogos, Raymundo sempre pensava que a via em toda a glória, portanto não podia imaginar o que aconteceria ao meio-dia.
O grande momento se aproximava. Raymundo rezou o Terço da Divina Chama: “Vinde, Espírito Santo, sede a nossa força e o nosso entendimento…” Sentia-se em paz, e uma inexplicável tristeza o invadia enquanto divagava.
Missionários do Coração Imaculado em oração na Praça do Papa.
Faltando cerca de quinze minutos para o meio-dia, uma espécie de barreira invisível começou a formar-se ao redor de Raymundo. Anjos cantavam uma melodia interminável. As vozes suaves e harmoniosas como que embriagavam Raymundo, que se distanciava das coisas do mundo.
De repente, o Céu abriu-se, e uma multidão incalculável de espíritos celestes começou a sair pela abertura amarelo-ouro. Em uma velocidade incrível, milhares de espíritos deixaram repleto o firmamento de Belo Horizonte. Eles continuaram a cantar a melodia suave e ritmada, impossível de ser descrita. Uma luz dourada e tênue matizava toda a cena.
Nisso dois pontos de luz branca se formaram em meio aos espíritos. Circundados por uma luz azul, eles foram descendo e crescendo, até que formaram as figuras de Jesus e Maria. No entanto, havia algo diferente. Jesus estava todo de branco, mas não era um branco comum. Era um misto de branco e dourado. Luzes emanavam de seus olhos. O cabelo e a barba brilhavam como raios de sol. Estava descalço, e seus pés irradiavam luzes vermelhas. Nossa Senhora estava com um vestido branco-dourado. Uma espécie de capa azul-dourada lhe cobria os ombros. Os olhos brilhavam como os do Filho. Um véu finíssimo lhe escondia os cabelos. De sua cabeça emanava uma luz laranja-dourada, que parecendo transpassar o véu lhe iluminava o rosto. Ela também estava descalça, e o único ornamento que exibia era uma pequenina luz na barra do vestido.
Os espíritos celestes rodeavam Jesus e Maria cantando. Eles transpiravam felicidade plena por esta proximidade. Havia um clima de paz impossível de se alcançar na terra.
Tudo era grandioso demais para ser descrito em palavras.
– Meu querido filho, começou Nossa Senhora, hoje se completou o tempo de nossos diálogos, pelos quais lhe passei tudo aquilo que, por desejo de Jesus, foi entregue a você para que o divulgasse. Desde seu primeiro dia de vida, estou a prepará-lo para este momento e, como já o alertei diversas vezes, se fizer na terra a vontade de Deus, virei pessoalmente buscá-lo para o entregar a Jesus, quando assim Ele o decidir. Jesus deseja lhe falar!
Raymundo olhou para o rosto de Jesus, e notou que todos os espíritos celestes fizeram o mesmo. Ele não conseguia fixá-lo, porque a luz que irradiava dos olhos de Jesus era demasiado intensa, e quase o cegava.
Raymundo Lopes durante o diálogo com Jesus e Maria.
Jesus então falou com uma voz grave, firme, pausada, mas ao mesmo tempo suave e tranquila:
– Raymundo, permiti que, por um período da Terra, minha Mãe viesse até você para lhe entregar uma importante missão. Suas palavras deverão ser colocadas em público, e desse público respeitarei o discernimento para entendê-las, acreditar nelas e colocá-las em prática ou não. A muitos, o alerta pelo perigo que corre a humanidade foi dado. A você foi reservada a missão de colocar, na América Latina, o caminho evangelizador de minha Mãe para estes últimos tempos. Faça a sua parte, não se omita, porque muito em breve o mundo conhecerá a minha justiça. Entreguei nas mãos de minha Mãe o destino da Obra Missionária em seu continente, e entrego agora aos que perseveram a seu lado a missão de levar em frente o que foi mostrado a Ela, através de você. Não poderei obrigá-los; entretanto, alerto-os de que estará nas mãos desta geração a salvação de milhares de almas na América Latina. A minha Igreja está à porta do grande desafio para o terceiro milênio. Não se iludam, porque a luta contra o grande mal da apostasia será dura e acompanhada de muitas dores. Se não for tomada uma providência urgente no caminho da espiritualização e da conversão, será terrível o resultado de tanto desmando e negligência às minhas palavras. Breve, Wojtyla (nota: João Paulo II) estará comigo. Depois, nas águas tempestuosas, com o vento contrário, estarei a caminho do encontro com a minha Igreja. Darei a mão a todos que me reconhecerem e caminharem ao meu encontro, independente de credo ou cultura.
Depois, dirigindo-se a todos, Jesus continuou:
– É necessário que se unam e se entendam, porque um reino dividido torna-se presa fácil ao inimigo. Uma grande dor está reservada ao Oriente e grande parte da Europa. Minha Mãe deseja proteger este continente, e Eu realizarei seus desejos se vocês viverem suas mensagens. Minha Casa encontra-se dividida e infestada, tomada por uma maçonaria eclesiástica sem precedentes, cujo intuito é desacreditar os dogmas de minha Igreja e afastar vocês de mim. Meus Sacrários estão violados por mãos impuras, e minhas palavras desvirtuadas para atender interesses sociais pecaminosos. Desejo realizar o que me pede minha Mãe, para que o seu país seja a minha morada, e este continente celeiro espiritual para toda a humanidade, no milênio que se aproxima. Convertam-se com urgência; caso contrário, o nascer para esta graça será realizado através de grandes dores.
E após uma pausa:
– Esperam-se prodígios neste local. Eu abomino esta humanidade ávida de sinais físicos para acreditar. Vocês estão agindo somente sob o impulso da razão. Os olhos da matéria percebem a matéria. Os olhos do espírito percebem o espírito. Desenvolvam os olhos do espírito, que verão as coisas do espírito. Permiti muitos sinais, com a vinda de minha Mãe à Terra, mas agora desejo que os milagres sejam realizados no íntimo de cada um de vocês, para estarem preparados em espírito para o que há de vir. Façam vocês mesmos os milagres e prodígios, reforçados e amparados no meu Nome, numa incondicional escolha às coisas do Céu. Tenham fé! A minha Igreja caminhará para o futuro, trôpega e vacilante, diante do desafio de uma renovação ditada pelo materialismo, e seus dogmas cairão por terra, um a um, frente a uma ciência em contramão com o divino, se não for tomada agora uma posição que estanque este processo. Minha Mãe deu o caminho para que a Igreja da América Latina não se manche por esta nódoa. Entretanto, isto somente será viável se levarem em conta o que lhes foi passado.
Neste ponto Jesus se calou. Ele estava rodeado por uma intensa luz branca, matizada de azul e ouro, levemente mais brilhante que aquela que envolvia Nossa Senhora.
Em seguida, os olhares de todos os espíritos celestes se voltaram para Maria Santíssima. Com o semblante sereno, Ela deu um leve sorriso. Depois exclamou, olhando fixamente para a multidão:
– Eu os amo muito!
E continuou:
– Raymundo, Eu lhe agradeço por ter-se mantido firme diante do grande desafio que foram os nossos diálogos. Repito que o preparei, por anos a fio, para que não decepcionasse ou venha a decepcionar o Céu.
Ainda muito emocionado com o que acabara de escutar de Jesus, Raymundo pediu:
– Por favor, Senhora, Jesus me disse muita coisa. Se tenho que passar tudo isso às pessoas, como vou me lembrar?
– Logo após o nosso encontro de hoje, desejo que escreva. Jesus já determinou aos Anjos do Céu que lhe deem assistência, para que tudo saia com exatidão. Não se preocupe. Obedeça ao comando do Céu e escreva.
– A Senhora está se despedindo somente de mim ou de todo o mundo?
– Como já lhe esclareci, por determinação de Deus, deverei estar ausente de minhas manifestações por três marcas e meia do seu tempo, quando não serei vista na terra. Porém, continuarei a ajudá-los. Entretanto, somente você, em toda a terra, estará proclamando isto. Deus deseja com isto fazer na terra uma grande prova de discernimento, para que, com a ajuda do Espírito Santo, possa a humanidade distinguir onde se aloja a nódoa da mistificação ou a presença do demônio confundindo sua mente, com visões e sinais enganosos. Esta será a sua grande e dura prova por demais penosa. Mas isto é imprescindível para que domine a razão amparada pelo divino, e não o divino mascarado por interesses contrários à verdade. As pessoas quedam-se maravilhadas diante das coisas do espírito, quando Deus permite este contato direto, mas depois se deixam também encantar pelas coisas da matéria; tornam-se cegas e transformam-se em cegos guiando outros cegos. Eu lhes peço: confiem somente em Jesus e fiquem firmes no propósito de proclamar a verdade.
– Senhora, disse Raymundo, sempre me perguntam sobre os três dias de trevas. Eles virão como dizem?
– Aqueles que não seguirem os ensinamentos de Jesus e não viverem as minhas mensagens, deixando o espírito inteiramente entregue à prática do amor fraterno, breve, muito em breve, começarão a sentir na alma o abandono do Céu.
– Mas eles acreditam que seria agora, pois a Senhora me disse que estaria conosco nestes dias, e agora está se afastando. Como explico isso a eles?
– Estarei afastada de minhas manifestações, mas não estarei afastada de vocês. Entretanto, estão próximos os dias em que, até nestes momentos, terei de os deixar.
– Que momentos são estes, Senhora?
– Nos abomináveis dias que se aproximam, a luxúria e a soberba tomarão conta da terra, numa proporção assustadora. Os demônios estarão em toda parte, como hoje estão em seu país (nota: era uma terça-feira de carnaval). Somente aqueles que perseverarem na fé com discernimento, não se deixando enganar por esses demônios em pele de cordeiro, terão diante de si o caminho ditado por Jesus para encontrarem a Luz de Deus. O progresso está tomando o caminho da construção de um futuro calcado na razão, que inexoravelmente esbarrará no abismo do materialismo, portanto, sem continuidade. Breve, muito breve, a ciência estará impotente diante da barreira do inexplicável. Então o caos se instalará. No início, o homem pecou pela soberba, induzido pelo Diabo, procurando as respostas das coisas pelo caminho da razão. Agora a humanidade procura ávida o mesmo caminho. Deus irá intervir, mostrando o caminho certo. Entretanto, isto se dará entre dores e muitas lágrimas. O bafo fétido de uma terceira e derradeira guerra está a caminho, e somente as orações e a conscientização da Igreja, depositária real da fé, poderão atenuar a concretização desse conflito universal.
– Como pode ela fazer isso? Somente rezando?
– Não. Fazendo germinar em seu seio a semente do desprendimento sobre as coisas da matéria, e colocando em prática o Evangelho.
– Mas a Senhora não irá nos ajudar?
– Determinado por Deus, devo protegê-los. Entretanto, necessito alertá-los de que de nada adiantará minha mediação, se não encontrar entre vocês receptividade às minhas mensagens.
– Por que a Senhora não aparece a toda essa gente falando isso? Penso que todos acreditariam, e tudo ficaria resolvido. Até a Igreja, que tanto ataca as aparições da Senhora, não teria mais dúvidas.
Maria Santíssima sorriu de leve, e depois disse:
– Você acredita que Jesus subiu ao Céu diante de muitas pessoas, conforme relata o Evangelho?
– Acredito!
– Que casa?
– Porque está escrito, e eu acredito no Evangelho. E porque o estou vendo agora.
– Esta mesma mensagem, na qual você acredita e vê, foi dada a toda a humanidade. Entretanto, são poucos os que acreditam e, por causa disso, não veem, ficando cegos às coisas do espírito. Posso lhe garantir que, naquele instante, Jesus deu a todos a manifestação concreta e definitiva do seu poder. Se Deus me permitisse falar a todos, hoje, neste local, pouco tempo depois, guiados pelo materialismo, os homens procurariam explicar o fato através da ciência, em contramão com o divino. Deus determinou que assim seja feito, e a sua vontade é soberana e sábia.
– A Senhora e Jesus não farão milagres hoje? perguntou Raymundo.
– Não fiquem presos a isto. Todos vocês, neste local, estão agora sob o olhar misericordioso de Jesus. Ele fará milagres na alma e no corpo de todos aqueles que acreditam na sua presença.
– A Senhora não fará nenhum milagre?
– Não. Eu não faço milagres. Somente Jesus os faz.
– E se eu pedir a Ele?
– Peça! sugeriu Maria.
Raymundo então pediu a Jesus que fizesse um milagre para que todos acreditassem. Jesus dirigiu-lhe o olhar, depois a toda a multidão, e disse:
– Se confiarem em minha Mãe Santíssima, Eu os protegerei das dores e da apostasia que se aproximam. Diga isto a todos.
– Jesus, por favor, como faço agora com a Igreja, que me ataca, me taxando de esquizofrênico, desequilibrado, ladrão? Senhor, tens algo a dizer à tua Igreja que possa ser útil para que ela compreenda que estás verdadeiramente vivo, como te estou vendo?
– O que Eu tinha a dizer à minha Igreja, já está escrito. Que eles então sigam as minhas palavras e deem mais atenção ao divino, que reconhecerão com mais facilidade a minha presença. O Céu não lhe pede que os convença, mas que apenas fale. Entretanto, peço a todos que não critiquem a minha Igreja, conforme minha Mãe tantas vezes lhe ensinou e orientou. Ao invés disso, procurem todos ficar com o olhar fixo na Igreja celeste, onde habita o Espírito Santo, e procurem ajudar o quanto puderem a Igreja humana. Não se preocupe com o que falam de você. Não procure o reconhecimento na terra; una-se ao Céu. É isto que importa. Desejo derramar a minha misericórdia em todos os que continuarem a frequentar a Basílica dedicada ao nome santo de minha Mãe, nas terças-feiras.
– Qual Basílica, Senhor, a de Lourdes, na qual rezo todas as terças?
– Esta mesma, respondeu Jesus.
– Mas o Arcebispo e o Pároco proibiram o Terço; não querem que eu reze lá.
– Eu desejo e peço que assim seja feito. Com o tempo, a minha misericórdia se estenderá a eles e a seus sucessores, para que entendam o pedido de minha Mãe.
Depois disso, Raymundo percebeu que todos os espíritos celestes dirigiram o olhar para Maria Santíssima. Com um sorriso terno e meigo, Ela perguntou:
– Prestou atenção a tudo o que Jesus lhe disse?
– Sim, Senhora, respondeu Raymundo.
– Então faça tudo o que Ele determinou, e depois nos encontraremos no Céu.
– Posso fazer-lhe mais uma pergunta?
– O que deseja saber?
– Sobre os dias de purificação e trevas da alma. Quando virão? Pois eu entendi que seriam antes de sua partida.
– Continuarei a assisti-los do Céu, quando então, determinado por Deus, num tempo que somente Ele conhece, estarei ausente de tudo, para que a Sua justiça se cumpra.
– E os missionários, como devo agir agora com eles? Qual o procedimento que o Grupo deve tomar depois de sua partida, Senhora?
– Jesus e Eu o estaremos assistindo. Quanto ao Grupo, deverão todos viver as minhas mensagens, fazendo o possível para que sejam divulgadas, em toda a América Latina. Isto é urgente, porque o tempo determinado por Deus está se esgotando.
– Senhor Jesus, estarás conosco nos ajudando?
– Eu nunca os abandonei. Entretanto, se seguirem o que minha Mãe lhes ensinou, sentirão minha presença. Você, particularmente, terá minhas visitas, para que não esmoreça em sua missão. Desejo que defenda a Eucaristia.
Jesus e Maria ficaram algum tempo fitando Raymundo.
– Senhor e Senhora, têm mais alguma coisa a me dizer? perguntou ele.
– Não, respondeu Maria, já lhe dissemos tudo, e desejo que procure aprender tudo o que Jesus ensinou nos Evangelhos. É necessário que estude a Palavra do meu Filho. E você, tem mais alguma coisa a nos falar?
– Não, acho que já disse tudo.
– Então fique em paz, e tenha confiança em minha misericórdia, encerrou Jesus.
Nisso os Anjos começaram a cantar. Jesus e Maria foram se afastando, até que desapareceram totalmente na abertura amarelo-ouro do Céu.
Durante toda a aparição, a Praça do Papa esteve sob o abrigo da paz e do amor que emanavam de Maria Santíssima e de seu Filho. As pessoas puderam contemplar o sol resplandecente com um arco-íris à sua volta. Houve vários relatos de sinais, como o de uma pequena quantidade de purpurina dourada que caíra no palanque onde estava Raymundo. Alguns afirmaram ter visto o vulto da bela Senhora no meio do público. Seja como for, a Sagrada Face ficou gravada nas nuvens como o penhor da divina graça que cobrira o céu de Belo Horizonte.