O anjo havia predito que Raymundo receberia o Corpo Sacrossanto de Jesus nas primeiras sextas-feiras do mês até o dia 13 de outubro. No dia 4 de setembro, Raymundo recebe milagrosamente a Eucaristia na casa de sua amiga Cecília.
04 de setembro de 1992
Os dias que antecederam o 4 de setembro foram calmos, mas com uma certa ansiedade, porque os fatos anteriores reabriam todo aquele panorama das aparições, que eu supunha terminado. Fiquei na expectativa, mas com uma certeza: não iria desta vez a nenhuma igreja, e queria comigo uma testemunha.
Mas quem?… Até hoje não tive coragem de contar à minha esposa o que se passou. Ela estava em adiantado estado de gravidez, e por não prever a sua reação, achava perigoso. Seu apoio seria imprevisível. Assim, resolvi mais uma vez não lhe falar nada.
Então, a quem recorrer nestas circunstâncias? Teria que ser uma pessoa que me conhecesse bem e a esses acontecimentos. Caso contrário, seria muito difícil ter um entendimento racional.
Pensei no padre Mário Gerlin. Depois resolvi poupá-lo, porque da última vez que conversamos ele me pareceu um pouco cansado, e temi por sua saúde. Mais tarde, evidentemente, isto será levado também a ele.
Lembrei-me então da minha cara amiga Cecília. Telefonei-lhe, e perguntei se poderia me receber na sua casa no dia quatro às 3 horas da tarde, sem, no entanto, revelar o motivo.
Neste dia lá cheguei de carro às 14:30 horas. Quando faltavam 10 minutos para as 15 horas, chegou também a Cecília. Encontrou-me apreensivo, pois eu não queria que acontecesse algo dentro de um carro e sem testemunha. Pedi que entrássemos logo na sua casa. Solicitei também, talvez por intuição, que ela colocasse sobre a lareira da sala um pano limpo e uma vela acesa. E sem que ela entendesse nada, começamos a rezar.
Às 15 horas em ponto surgiu no alto da sala, a dois metros do chão aproximadamente, uma hóstia no ar. Era perfeita e flutuava caminhando em direção ao pano colocado sobre a lareira.
Logo perguntei à Cecília:
– Está vendo alguma coisa?
– Não, não estou vendo nada… – respondeu.
Eu, apontando para o ponto onde via a hóstia, insisti na pergunta. E mais uma vez ela me respondeu que não via nada. Percebi então que a visão estava reservada a mim e que, como das vezes anteriores, as pessoas ao meu lado não presenciavam nada.
A hóstia continuou descendo. Ao chegar a uma altura de aproximadamente dez centímetros do pano, começou a tremular e brilhar. Achei que se dirigiria a mim. No entanto, ela pousou de mansinho no pano colocado sobre a lareira.
Então pedi à Cecília:
– Por favor, verifique o que está no pano.
Eu estava perplexo. Não podia acreditar que o milagre havia acontecido de novo, a ponto de materializar o Corpo Sacrossanto de Jesus numa hóstia.
Cecília levantou-se e verificou, extasiada, que lá estava depositada uma hóstia totalmente materializada. E começou a chorar.
Imediatamente me levantei. Com todo respeito, apanhei o pano sem tocar na hóstia, por considerá-la algo de muito especial. Sua textura era finíssima, sem marca, branca como a neve. A impressão é que tinha sido feita na hora, por estar levemente umedecida. Com muito cuidado tirei um pequeno pedaço para a Cecília. Ela comungou e em seguida comunguei também, como era o desejo do anjo. Percebemos que, ao partir a hóstia, ela se rompeu com perfeição, quase na borda, sem deixar fragmentos.
Depois rezamos mais um pouco e ficamos cerca de uma hora comentando o fato.
Mais uma vez resolvi guardar segredo, e pedi à Cecília que também o fizesse. Tínhamos que esperar o desenrolar dos acontecimentos para ver como proceder.
Referência: LOPES, Raymundo. Uma Hóstia no ar. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o Infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 21-22.