Tradução: Obra Missionária
Antonio Socci / Lo straniero
Nos últimos anos, muitíssimos católicos viram o Cardeal Caffarra como uma das poucas luzes em meio às trevas atuais.
Um Sacerdote me confidenciou que, precisamente alguns dias atrás, foi ver o Cardeal para dizer-lhe sobre a sua dor diante do desastre diário que vive a Igreja, fazendo referência a alguns fatos.
O Cardeal se pôs a chorar, e lhe disse: “O Senhor não abandonará a sua Igreja. Os Apóstolos eram doze e o Senhor voltará a começar com uns poucos. Imagine o sofrimento de Santo Atanásio, que acabou sozinho defendendo a verdade por amor a Cristo, à Igreja e aos homens. Precisamos ter fé, esperança e fortaleza”.
Este Sacerdote me confidenciou: “O Cardeal estava muito abalado, mas me transmitiu muita estima e amor pela Igreja”.
A referência de Caffarra a Santo Atanásio recorda o momento mais obscuro da história da Igreja, quando os hereges arianos tomaram o controle da Igreja no século IV.
A voz do Bispo Atanásio se ergueu praticamente sozinha em defesa da verdade católica. Ele foi excomungado pelo Papa e exilado quatro vezes.
Mas a Igreja voltou à verdadeira fé, e na sequência Atanásio foi canonizado e declarado Padre e Doutor da Igreja.
O Sacerdote que conversou com o Cardeal repete que ele estava muito abalado. Talvez se possa pensar que ele tenha morrido de tristeza. Certamente, no segredo de sua oração havia oferecido a sua vida a Deus por esta pobre cristandade perdida.
Estava seguro de que no final o Senhor venceria no mundo e na Igreja. Os últimos anos o viram protagonista de uma firme defesa da fé católica e dos sacramentos diante da exortação Amoris Laetitia do Papa Bergoglio.
Confortavam-no, neste testemunho, as palavras proféticas que havia recebido anos antes da Irmã Lúcia, que lhe havia escrito em uma carta que “a batalha final entre Deus e Satanás será sobre a família e o matrimônio”.
Este fato – além de revelar a todos a sua sabedoria, a sua fé e a sua valentia – colocaram em evidência também a sua profunda humanidade.
Tenho uma recordação especial do Cardeal. Era o 15 de agosto de 2010, Solenidade da Assunção. Minha filha Catarina acabava de despertar do coma e havia ingressado na Casa dos Despertos, nas colinas bolonhesas.
Nesse dia, surpresos, vimos chegar, no calor de agosto, com sua atitude humilde e sensível, o Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha.
Vinha ver Catarina, cujo drama havia acompanhado (estávamos em contato indireto) e passou todo o dia conosco.
Estava vestido como um simples Sacerdote. Foi saudar e abençoar os outros enfermos e familiares. Um verdadeiro homem de Deus.
Até então o conhecia como um grande teólogo, amigo e colaborador de João Paulo II e Bento XVI, que o estimavam muitíssimo.
Mas nesse dia, nesse lugar de dor e esperança, o descobri como verdadeiro pai. Sua humanidade e sabedoria paterna me assombraram, e as vi sempre na sua última missão para a Igreja.