O anjo da guarda de Raymundo aparece na Capela Magnificat e lhe ensina uma oração sobre a Sagrada Face: “Entregamos nas mãos co-redentoras de vossa muitas vezes Santa Mãe a tarefa de continuar trazendo até nós a vossa Sagrada Face, para lembrar-nos de que também somos à imagem e semelhança do Deus Todo-poderoso”.
21 e 26 de janeiro de 1997
Esta madrugada, Nossa Senhora me disse após ditar a mensagem semanal:
– Nesse próximo domingo, desejo que não saia de casa. Que isso aconteça somente para participar da Missa. Depois permaneça em casa, e o tempo que puder, esteja na Capela Missionária. Se seguir o que lhe peço, terá uma bela surpresa.
Fiquei sem saber o que fazer, mas com o firme intuito de atender o que Nossa Senhora havia me pedido.
O domingo chegou com uma manhã linda, e assim foi todo o dia. Levantei um pouco ansioso me preparei para ir à Missa. Mais tarde, voltando para casa, fiquei à espera do que poderia acontecer. Ia à capela… ao jardim… à sala de visitas… de quando em quando voltava à capela.
Eu estava com um marceneiro trabalhando na capela, o que me incomodava. À tardinha ele me disse que estava cansado, que ia tomar um banho e depois descansar.
Fiquei sozinho na capela, numa doce penumbra causada pela tarde. Pensava no que havia escutado de Nossa Senhora: “Se seguir o que lhe peço, terá uma bela surpresa”. O dia já findava e não havia acontecido nada de especial que me chamasse a atenção, quando de repente escutei tocar a campainha do portão. Num gesto automático, saí da capela e fui ao portão ver quem era.
Era um rapaz de aproximadamente 16 anos. Estava todo de branco, uma roupa sem mancha alguma. Olhos castanho-claros, brilhantes, pele alva e cabelos curtos castanho-claros, quase louros. Mas o que mais me chamou a atenção foi que ele estava descalço. Ele me disse:
– A paz do Senhor Deus nosso Pai esteja com você. Posso entrar?
Eu, sem saber o que fazer, completamente surpreso com a inesperada e estranha visita, o convidei então para entrar. Perguntei-lhe quem era, por que estava à minha porta e a mando de quem.
Ele respondeu com uma surpreendente firmeza na voz:
– Podemos conversar na Capela Missionária?
– Podemos, mas quem é você?
– Vamos à capela, lá será esclarecido.
Ele entrou e me pediu que seguisse à frente. Não consigo explicar por que obedeci o rapaz, e comecei a andar em direção à capela. No meio do caminho resolvi olhar para trás, para verificar se ele me acompanhava. Ele estava parado, e me observava.
– Venha, a capela é logo ali…
– Eu sei – ele respondeu.
E começou a me acompanhar mais de perto. Entramos na capela, eu me sentei e ele se sentou ao meu lado. Perguntei novamente:
– Quem é você? O que deseja?
– Raymundo, Jesus e Maria decidiram que eu viesse ao seu encontro e pedisse que divulgasse, com o maior entusiasmo possível, o presente que lhe deram neste Natal.
Mais surpreso ainda, perguntei:
– Que presente?… Explique, por favor. Quem é você?
– O presente você sabe, pois está fazendo um belo altar para recebê-lo.
– Você está se referindo ao corporal que ficou manchado de tinta e nele apareceu o rosto de Cristo?
– Sim, isso mesmo.
– Mas quem é você?
– Sou aquele que foi designado para permanecer ao seu lado até o fim dos seus dias.
– Você é um anjo?
– Para que compreenda, estou autorizado a dizer que sim.
Quando ele disse isto, lembrei-me perfeitamente do semblante dos anjos que precederam a Medalha Missionária e daquele garoto que encontrei na Basílica de Lourdes, quando comunguei a Hóstia que havia aparecido na minha mão.
Eram parecidos. O mesmo sorriso, semblante sereno e, apesar de terem diferenças físicas, havia algo nele que era comum aos demais. Alguma semelhança, alguma correspondência… Não consigo explicar as diferenças e as semelhanças ao mesmo tempo. Mas existiam.
Nisso eu me levantei encostei no altar. Passei então a rezar: “Vinde, Espírito Santo, sede a minha força e o meu entendimento”.
Ele me disse:
– Não tenha medo. Não vim lhe fazer mal algum, apenas lhe trazer esta mensagem do Senhor Jesus e de sua Mãe Santíssima, e peço que escreva o que vou lhe ditar.
Eu tinha levado a pasta em que recebo as mensagens semanais para a capela. Completamente perplexo com o que estava acontecendo, preparei-me para escrever.
Ele ditou uma bonita oração, que escrevi de uma só vez, sem titubear, no papel que estava na pasta:
“Meu Jesus querido,
Permitistes que vossa Mãe Santíssima realizasse o milagre de imprimir no pequeno corporal a vossa Sagrada Face, com a recomendação de que vos vejamos refletido em todas as imagens que representam as visitas dela à Terra.
Permiti-nos, Jesus querido, que possamos realizar em todo o mundo o milagre de fazer cair o preconceito e ver em todos os nossos irmãos, independente de raça, credo ou cultura, também o reflexo do vosso amor, para que tenhamos ciência de que somente através desse amor poderemos chegar até vós.
Entregamos nas mãos co-redentoras de vossa muitas vezes Santa Mãe a tarefa de continuar, através dessas imagens, trazendo até nós a vossa Sagrada Face, para lembrar-nos de que também somos à imagem e semelhança do Deus Todo-Poderoso, e que sejamos dignos disso.
Amém”.
Terminada a oração, ele completou:
– O Senhor e sua Mãe Santíssima desejam que faça constar no verso do que publicar do corporal o texto desta oração. Eles desejam fornecer a todos graças abundantes. Se rezarem com fervor estas palavras, farão descer no meio de todos a força dos seus Corações unidos, para que não caiam na tentação do desamor e, por consequência, de discórdias que os levem a guerras e lutas desnecessárias.
Fiz menção de tocá-lo, e ele disse:
– Por favor, não me toque. Que a bênção do Deus Pai Todo-poderoso fique com você e com todo o grupo missionário.
Quando ele começou a sair da capela, eu lhe disse:
– Por favor, que coisa mais louca… Como vou escrever isso?…Ninguém vai acreditar em mim.
– A oração, você já fez. O acontecido, escreva e não se preocupe. O Senhor Jesus e sua Mãe Santíssima farão o necessário.
Ele caminhou então para o portão de saída e se foi.
Passados alguns segundos, depois de me refazer do susto, dirigi-me correndo ao portão. Não havia ninguém. Voltei para dentro de casa, perguntando se tinham visto o rapaz, mas ninguém o tinha visto.
Para não me esquecer de nada do que aconteceu, sentei-me à máquina e procurei relatar o fato com a maior exatidão.
Referência: LOPES, Raymundo. Terás uma bela surpresa. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o Infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 137-140.