O sentido de ser sal da terra e luz do mundo I

Mt 5, 13-16

Antes, Jesus faz o Sermão da Montanha. Depois Ele usa as figurações do sal, da cidade e da luz.

Ser sal é ser o que dá gosto às coisas. Ser luz é ser o que ilumina. A prerrogativa de ser sal e de ser luz pode tanto se inclinar para o bem, quanto para o mal. Vejamos.

Aquele que se volta para o mal, torna-se também uma pessoa salgada, porém, salga a si mesma, dá gosto a si própria. Veja bem, aquele que se projeta como um grande político ateu, um maçom em alto grau, um empresário inescrupuloso, um déspota, ou mesmo um criminoso famoso são exemplos de ser sal, mas para o mal.

Quer coisa mais salgada do que Hitler? Ele foi luz e sal, porém, em oposição ao bem. Quantas pessoas brilham por aí… brilhos efêmeros. Por exemplo, quantos cantores, compositores, atores, apresentadores, jogadores de futebol brilham ou brilharam como um cometa? Gostar de futebol, tudo bem! Mas quantos assalariados se privam de coisas para ir ao campo de futebol, fazendo com que certos jogadores ganhem fortunas. Isto é acender luzes. São luzes que acendemos, impróprias, mas que “iluminam”. Poderiam ser chamadas de trevas, pois estão em oposição à luz de Deus, que é a verdadeira luz.

Devemos ter muito cuidado com o nosso agir, com o nosso ser. Deus quer que sejamos sal e luz para glorificá-lo, para a construção do Seu Reino. E isto só é possível vivendo-se conforme nos ensina. Por isso termina dizendo que a luz deve ser mostrada. Devemos mostrar isso às pessoas em louvor a Deus.

Ser luz e ser sal para glorificar a Deus é muito diferente do que se pensa e é difícil agir com este entendimento, porque a tentação está sempre a nos sugerir que sejamos luz e sal para nós mesmos. A todo momento sentimos aquela tentação: Por que ser luz de outra forma? Seja luz para si mesmo, assim vai brilhar muito mais. Por que ser gosto de outra forma? Seja gosto para si mesmo. Você é bonito, inteligente e vai perder tudo isto por uma bobagem? Não! Pense em você, colha para si mesmo os louros de seu trabalho, de sua vitória, de seu sucesso. O pecado original surgiu daí: da vaidade e da soberba.

Este Evangelho é muito claro. Essa luz e esse sal podem ser dados para ambos os lados, adquirindo, obviamente, conotações opostas e consequências distintas. Jesus disse que não se acende uma luz para colocá-la debaixo da mesa, mas na luminária. Disse ainda que não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, quer dizer, se estivermos crescendo diante de Deus ou do demônio, vamos aparecer de forma positiva ou negativa, naturalmente.

Este é também o Evangelho do discernimento. Devemos discernir a luz que brilha para Deus e o sal que salga para o bem. Precisamos desse discernimento, para refletirmos a luz de Deus e sermos o sal da terra louvando-o; caso contrário, vamos brilhar e salgar para outras finalidades, que não conduzem ao Pai que está no Céu.

Referência: LOPES, Raymundo. O sentido de ser sal da terra e luz do mundo I: Mt 5, 13-16. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 115.

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