Espigas Colhidas no Sábado

Mc 2, 23-28

Jesus conhecia bem a Torá, parte do Antigo Testamento. Ele usava, muitas vezes, da própria consideração da Torá para ensinar.

Os fariseus, como de resto os judeus, observavam rigorosamente a Torá. Praticavam tudo minuciosamente, fazendo daquilo uma norma que se tornava um senhor, e a pessoa escrava. Isto, no tempo de Jesus, tomava uma conotação política séria, porque toda a Judéia estava dominada pelo poder romano.

Os judeus colocavam dificuldades na realização dos preceitos, com isso mostravam aos romanos que tinham uma Lei que não podia ser profanada, transgredida. Isto foi se evoluindo, entre os judeus, até a época de Jesus.

Os judeus se sentiam verdadeiros escravos dessas heranças espirituais. E Jesus estava ali para proclamar uma "boa nova". Não estava para abolir a Lei, mas para confirmá-la e glorificar o homem.

Usando das próprias palavras da Torá, Jesus justifica a atitude dos discípulos mencionando o episódio histórico, onde Davi e seus companheiros entraram no Templo e comeram dos pães da proposição. Esse pão era sagrado, tinha, mais ou menos, o valor que tem para nós a Eucaristia. Ninguém podia se alimentar dele, a não ser os próprios sacerdotes.

No Templo havia castas: os sacerdotes, os sumos sacerdotes e os discípulos. Os discípulos tornavam-se, mais tarde, sacerdotes e, dentre estes, um era escolhido para Sumo Sacerdote, algo como o Papa, hoje. Para que a Lei Judaica pudesse sobreviver, durante a ocupação romana, eles observavam isso rigorosamente.

Quando Jesus começou a falar, as pessoas eram mais escravas daqueles preceitos religiosos, que propriamente da ocupação romana. Por isso Ele foi contra aquela situação, de que no sábado não se podia fazer nada, nem colher uma espiga à beira da estrada. E, aproveitando o exemplo de Davi, que alimentou seus soldados com o pão da proposição, porque estavam com fome, Ele se proclama, naquele momento, igual a Deus, quer dizer, Filho de Deus. "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado."

Jesus não estava, assim, nos ensinando o desrespeito às leis constituídas. Ele disse em seguida: "O Filho do homem é senhor também do sábado." Isto mostra que o Mestre se coloca no mesmo nível de Deus, de ser Filho de Deus. E afirma que a subordinação da Lei do sábado ao homem, nos mostra que essa Lei desaparece sempre que ela servir de empecilho a um certo bem. Quer dizer: toda lei é boa, quando traz coisas boas ao homem. É ruim, quando traz coisas ruins. Se a lei é boa, ela é digna de ser respeitada; se ruim, é passível de desrespeito.

É isto que Jesus nos ensina. Ele nos dá esta liberdade de discernimento cristão. E, diante do Espírito Santo, já estava preparado o Pentecostes, para que o cristão pudesse contar com a extraordinária ajuda do Espírito Santo de Deus. Saber discernir se a lei está trazendo um bem comum, ou se está trazendo um mal, exige-se coisas muito maiores, que é a dignidade humana. E, também, o discernimento diante das coisas que Deus fez, para que possamos raciocinar, pensar.

Nesse momento, Jesus se coloca diante de Deus como verdadeiro Filho, questionando aquilo que era na verdade um espiritualismo exagerado, sem causa, atrapalhando o bom entendimento das coisas de Deus. Inclusive a Sua vinda ao mundo, através da humanidade de Jesus.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Espigas Colhidas no Sábado: Mc 2, 23-28. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 86.

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