Mt 18, 12-14
Disse Jesus aos discípulos: "Que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se extravia, não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à procura da extraviada? Se consegue achá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria nela do que nas noventa e nove que não se extraviaram. Assim também, não é da vontade do vosso Pai, que está nos Céus, que um destes pequeninos se perca."
Este Evangelho nos fala da unidade de Deus e em Deus. O Deus único, Aquele que é, que era e que há de ser, e de Sua criação. Isto porque o número 100 é o número inteiro por excelência, como o número 1. E assim era considerado pelos judeus. Isso nos proporciona uma visão macro (cem – o todo) e micro (um – cada pessoa). É como o macrocosmo e o microcosmo, Deus e o homem. Devem preservar uma unidade e harmonia intrínsecas e extrínsecas, em três dimensões: consigo mesmo, com os demais e com Deus.
Entendemos, portanto, que o número 100 representa um todo e, se alguma coisa desse todo se separa, significa que algo foi desfeito ou modificado. Cada um de nós foi criado por Deus como uma unidade completa, não independente, mas compondo um conjunto. Se algum de nós ou alguma parte de nós se afasta, a unidade em Deus e em nós fica prejudicada ou mutilada. Jesus ainda fala: "E se a encontrar, sentirá mais júbilo nela do que nas noventa e nove que não se desgarraram". Com isso Ele nos exorta a não quebrarmos nossa unidade pessoal, global e em Deus. Devemos estar em harmonia completa nestas três dimensões.
Se uma ovelha se extravia, as outras noventa e nove ficarão prejudicadas, assim como a perda de um órgão mutila o corpo. Precisamos manter essa unidade a todo custo. Por isso é que se diz que as noventa e nove serão salvas, mas haverá maior alegria se for mantida a unidade.
Jesus se preocupa muito com isso. É como dissesse: Vocês têm dentro de si o que há de mais grandioso: a imagem e semelhança de Deus único, completo, cem. Se algo dentro de vocês fragmenta essa unidade, Deus se entristece. Por isso torna-se tão importante o retorno daquela que se perdeu. Isto nos remete àquela máxima: "O médico vai ao doente, não ao são", nos lembra a parábola do filho pródigo, recebido com festa, e a importância de levarmos a Palavra aos afastados. A ação missionária deve ser direcionada sobretudo aos desgarrados.
Esse retorno é uma das coisas mais lindas que existe. Quando conseguimos retornar para alguma coisa ligada a Deus, reconquistamos algo de extraordinário. O retorno do filho pródigo nos mostra isso, a beleza de voltar à Unidade em Deus e nela permanecer.
Lembramos, ainda, as palavras de Dimas diante de Jesus: "Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no Paraíso". Ali ele encontrou aquela centésima ovelha que estava extraviada; naquele momento, restabeleceu aquela unidade rompida.
Quanto a Pedro, conseguiu negar o Cristo três vezes mas, depois, aquela centésima ovelha volta a ele com toda força e retoma a Unidade em Deus.
Referência: LOPES, Raymundo. A Unidade em Deus:Mt 18, 12-14. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 127.