Durante os primeiros encontros, Nossa Senhora afirmou a Raymundo que só lhe apareceria de novo em caso extremo. De retorno, Ela esclarece: “o que estava reservado a outros foi colocado em suas mãos, porque eles não aceitaram a incumbência de participar deste plano”.
14 de setembro de 1993
Nesta madrugada, após ditar a mensagem Filhos meus, caminhem na retidão, Nossa Senhora me disse:
– Necessito falar com você dia 18 deste mês, às 3 horas da tarde.
– Em que local, Senhora?
Ela respondeu com uma voz doce e tranquila:
– Onde você estiver.
– Posso avisar os missionários a respeito desse encontro?
– Isto pode ser feito. Entretanto, não disperse o seu coração, porque o que tenho a lhe passar é importante para a continuidade desta Obra.
– Senhora, posso lhe dirigir algumas palavras?
– O que deseja saber?
– Acredito que a Senhora está nos protegendo, mas tenho tantos problemas que às vezes fico completamente desnorteado… Myrian1 está no hospital, no CTI, e não tenho muitas esperanças quanto ao seu restabelecimento. As dificuldades são enormes, e isso está minando aos poucos as minhas forças para enfrentar todo esse plano que a Senhora coloca nas minhas mãos. Quando tudo isso vai terminar, para que eu possa com tranquilidade me dedicar ao seu serviço?
Ela respondeu:
– O caminho que Deus prescreve para você, somente a Ele pertence o conhecimento; o de Myrian também, e de toda a sua família. A misericórdia divina lhe permite este diálogo devido à sua aquiescência, mas o sofrimento não posso evitar. Aproveite-o para o seu crescimento perante Deus, veja-o como uma graça.
– Senhora, lembro que me disse na Basílica de Lourdes que eu não a veria mais na Terra, somente em caso extremo. Depois disso, a Senhora voltou mais três vezes, e agora me fala que eu a verei de novo no dia 18. Tudo isso eu posso entender como caso extremo?
– A primeira vez depois do nosso último encontro foi um caso extremo para que você não caísse na tentação do desespero; por isto Deus permitiu a minha volta. Depois disto, o que estava reservado a outros foi colocado em suas mãos, porque eles não aceitaram a incumbência de participar deste plano.
– Posso entender então que eles se valeram do livre-arbítrio, e que, se eu não quiser, também posso fazer o mesmo?
– Isto mesmo. Somente posso lhe falar se o seu coração estiver aberto para Deus e disponível. Caso contrário, nada disto é possível. Você aceita continuar os nossos diálogos?
– Senhora, o meu lado físico está fraco devido a tantos problemas, mas o meu espírito está à sua disposição. Só acho que não sou a pessoa indicada para tudo isso. Se a Senhora falasse, por exemplo, ao nosso arcebispo, os acontecimentos tomariam um rumo diferente, não acha?
Ela respondeu-me com bastante calma e pausadamente:
– Em Fátima, falei a crianças inocentes. Em Lourdes, proclamei a minha Imaculada Conceição a uma donzela pura e também inocente. As minhas palavras foram acreditadas pela Igreja, porque assim Deus o quis, e eram palavras de suma importância para o mundo. Agora lhe falo com o mesmo propósito, e a divina providência fará com que tudo ocorra da mesma forma. Somente necessito da sua aceitação; o método que o Céu usa não é de acesso a vocês.
– Tudo bem, Senhora. Vou procurar escutá-la e fazer exatamente o que for necessário para que o seu plano não fracasse. Mas por favor, me ajude; eu sozinho não dou conta disso.
– Deus permitiu que você participasse disto através da sua divina misericórdia. Quanto à ajuda necessária, Ele é providente, não se preocupe. Sofrimentos e dificuldades virão em proporções ainda maiores, mas não desanime, porque você é assistido. Diga a Deus apenas o seu “sim” e confie. A paz do Santo Espírito fique com você.
Dizendo estas palavras, pressenti que Ela tinha ido embora.
1 Myrian, a filha mais nova de Raymundo, nasceu com hidrocefalia.
Referência: LOPES, Raymundo. O que estava reservado a outros foi colocado em suas mãos. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o Infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 112.