A Iniciativa Católica na Alemanha convida os protestantes para a Comunhão; testemunhas leigas chamam o convite de “heresia”.
Infocatólica, 15 de outubro de 2017.
[http://infocatolica.com/?t=noticia&cod=30678].
Tradução. Bruno Braga.
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(1P5/InfoCatólica). O ecumenismo mal entendido se manifestou novamente na Alemanha, e se intensificou até chegar ao ponto de negar a verdade sobre a Eucaristia: Na diocese alemã Stuttgart-Rottenburg, uma iniciativa de um teólogo católico convidou protestantes a receberem a Comunhão em grande escala.
“Aqui, começamos com uma Igreja hospitaleira, convidando-nos aberta e cordialmente para a Comunhão e para a Celebração da Última Ceia”, disse o “Manifesto de Ravensburger”, firmado em 08 de outubro.
Um comunicado de imprensa intitulado “Kirch lädt ein” [A Igreja convida] declarou que “a hospitalidade [eucarística] entre diferentes confissões cristãs já é uma prática em muitos serviços litúrgicos. Mas, oficialmente, a Igreja Católica nega aos cristãos protestantes o acesso à Comunhão”.
Em resposta, o teólogo Theodor Pindl iniciou um evento para ajudar a promover a “hospitalidade”.
“Da separação ao compartilhar – Comunhão [Abendmahl] para todos” foi o lema da iniciativa “Juntos em volta da mesa“, em Ravensburg, celebrada em 8 de outubro.
Foram dispostas 160 mesas em mais de 400 metros para a comunidade católica e a protestantes, e participaram pessoas que celebravam e repartiam pão e vinho juntas. Por volta de 2.000 cristãos participaram, entre eles religiosas católicas, teólogos e trabalhadores pastorais.
Cerca de 2.000 convidados ocuparam as 160 mesas. Estes estavam servidos com pão, vinho e suco.
Um gesto simbólico que não terminou ali.
Supunha-se que era um gesto simbólico. Mas o “símbolo” não terminou ali: o convite dos sacerdotes católicos aos protestantes para participar da Santa Missa e receber a Eucaristia foi apresentado como a mensagem principal para superar a “separação” ocorrida desde a reforma. O padre Hermann Riedle, sacerdote católico e pastor de Ravensburg, apoiou esta iniciativa. Os organizadores fazem referência explícita ao fato de que o Cardeal Joseph Ratzinger, em 2005, havia dado a Sagrada Comunhão na Missa fúnebre do Papa João Paulo II a Roger Schültz, o fundador protestante da Comunidade de Taizé.
Na Igreja Católica, sim, é possível em alguns casos a administração da Eucaristia – o que não significa intercomunhão – a quem não está em perfeita comunhão com a Igreja Católica (batizados acatólicos), mas se trata de circunstâncias especiais diante da impossibilidade de recorrer ao ministro próprio para satisfazer uma grave necessidade espiritual, e sempre que esses fiéis de outras igrejas e comunidades eclesiais professem a fé católica sobre a Eucaristia – ou, no seu caso, da Penitência e da Unção dos enfermos -, e estejam bem dispostos (A Eucaristia no ordenamento jurídico da Igreja, Conselho Pontifício para os textos legislativos [1]).
Mas esta iniciativa ecumênica remonta a alguns anos: a decisão para este evento foi tomada em 2013, no chamado “Conselho de Ravensburg“, um fórum católico para o diálogo e o ecumenismo. Desde novembro de 2015, em todos os primeiros domingos do mês foi formada uma cadeia de pessoas para sustentar uma corda unindo as igrejas católicas e protestantes da cidade.
O que começou como um jogo aparentemente infantil se converteu em uma realidade aterradora. E seguiram os convites para os protestantes receberem a Sagrada Comunhão.
Theodor Pindl, porta-voz do grupo “A Igreja convida” e teólogo católico, escreveu em outubro de 2016 sobre a iniciativa de que “se deve derrubar muros confessionais“.
“Os participantes querem expressar que a Igreja Católica precisa se aproximar da igreja protestante. No entanto, é proibido que católicos, independentemente se estão casados com um protestante ou não, participem da celebração da Última Ceia protestante, embora os protestantes os convidem. E os cristãos protestantes, também independentemente se estão casados ou não com um católico, não podem receber a comunhão e não podem ser convidados”.
Pindl admite que há igrejas católicas alemãs que violam a lei canônica.
Contudo, para Pindl existe uma oportunidade: “A práxis em muitas paróquias, na realidade, parece muito diferente“. Ele comenta o fato de que em muitas igrejas católicas na Alemanha os párocos deixaram os protestantes receberem a Sagrada Eucaristia.
Pindl aponta o que em sua mente é um problema considerável, e explica que é um “paradoxo, que a Igreja Católica castiga especificamente aquelas famílias que unem denominações, que tratam de viver conscientemente sua fé”.
Pindl pede aos católicos que violem a lei canônica.
Ele pede “convite ativo no lugar de tolerância passiva“. Já que foi o “espírito acolhedor de Cristo” o que o levou a “não excluir ninguém” de sua mesa.
“A Igreja não é uma área proibida, mas uma casa do pai”. E, apesar da proibição da Lei canônica, os católicos têm que agir de forma diferente: “Não há nada no Evangelho que indique a possibilidade de reservamos a mesa apenas para nós e excluírmos os outros. […] A palavra-chave para isso é hospitalidade”.
Uma testemunha conhecida pelo “OnePeterFive”, uma mulher católica que vive na diocese, tomou conhecimento do evento.
“O descobrimento aterrador se converteu em um sentimento de ansiedade: O que acontece quando as mentiras ganham, quando se diz a verdade e todos olham para você? […] É aterrador, porque a heresia eclesiástica entrou em uma união ímpia com a sociedade e a política. É aterrador enfrentar um grupo coletivo que está unificado por pastores irresponsáveis sob uma bandeira que parece ser do Senhor, mas que é uma imagem construída por eles mesmos”.
Esta iniciativa é promovida por católicos da diocese, e o Bispo Gebhard Fürst não pronunciou nenhuma palavra de crítica. O “OnePeterFive” pediu ao Bispo Fürst que comentasse o escandaloso evento e o fato de que um dos seus sacerdotes participa dele. Esta foi a resposta do Bispo:
“Em princípio, a Diocese de Rottenburg-Stuttgart dá boas-vindas às iniciativas ecumênicas que fortalecem o vínculo entre as confissões e que enviam um sinal para o compromisso social comum.
“Porém, quando na Declaração de Ravensburg se encontra um convite “aberto e sincero” para a Comunhão e para a celebração da Última Ceia [Abendmahl] “a todos sem distinção“, então, isso não é compatível com as diferentes leis da Igreja. Também a Igreja Evangélica de Württemberg tem o seu regulamento sobre a participação na Celebração da Última Ceia [Abendmahlsordnung] que, em primeiro lugar, o convite se estende aos membros de sua própria igreja e às igrejas com as quais existe uma comunhão eclesial; e quando aceita a decisão de consciência dos membros de outras igrejas, todavia se refere ao direito de sua própria igreja. O convite aberto a receber a Eucaristia pode, de acordo com o entendimento católico, ser estendido somente àqueles que estão em comunhão eclesial com a Igreja Católica; Os cristãos protestantes (homens e mulheres) só podem receber a Eucaristia quando existem certas condições prévias e somente em casos individuais. Não é possível um convite geral para todos.
“Contudo, essa comunhão eclesial não é decidida em Ravensburg; uma paróquia apenas não pode fazer tal declaração. Requer os esforços perseverantes de ambos os lados, as orações e o chamado ao Espírito Santo. Tal decisão só pode ser realizada no nível da Igreja Universal.
“Portanto, os líderes diocesanos não podem se identificar com a iniciativa em Ravensburg”.
REFERÊNCIAS.