As aparições de Fátima são a última tentativa para que a Igreja anuncie a segunda vinda de Jesus. “Depois disso, se não obtiver uma resposta da Igreja, falarei fora dela, porque a humanidade necessita ser avisada de tal acontecimento”, Nossa Senhora advertiu a cúpula da Igreja através de Lúcia.
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No dia 31 de março de 1992, a Santa Virgem disse a Raymundo Lopes na Capela Magnificat, em Nova Lima: “Jesus quer que você seja aquele que irá anunciar a sua vinda. Isto é o mais importante. Depois da morte deste Papa (João Paulo II), procure intensificar esse propósito e anuncie a vinda de Jesus. ” No entanto, o anúncio da Parusia, que se tornou um dos carismas da Obra Missionária, foi confiado primeiramente à Igreja. O “plano do Altíssimo” previa três tentativas para que os herdeiros de Pedro, portadores naturais desta boa nova, preparassem a cristandade para o evento glorioso que está na iminência de acontecer.
As duas primeiras tentativas aconteceram na França. Em 1830, na capela das Irmãs de Caridade, em Paris, Catarina Labouré recebeu a visão de uma medalha que simbolizaria a Parusia: Nossa Senhora segurava nas mãos resplandecentes o globo da Terra, prestes a receber a segunda vinda de Jesus, e portava nos dedos três anéis, simbolizando que Ela fora escolhida pela Santíssima Trindade como a medianeira do anúncio. A cúpula da Igreja, no entanto, negligenciou a vontade divina e cunhou a Medalha Milagrosa com outro modelo.
Alguns anos depois, em 1858, Nossa Senhora passou a visitar Bernadete Soubirous na gruta de Massabielle, em Lourdes. De início, Bernadete desconhecia a identidade da jovem que lhe aparecia, a quem se referia apenas com o demonstrativo Aquilo. De acordo com o Dicionário de “Aparições” da Virgem Maria, do Pe René Laurentin, a aparição revelou sua identidade no dia 25 de março, dizendo a Bernadete: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Esta frase se consagrou na historiografia de Lourdes, muito embora esteja incompleta. Maria esclareceu a Bernadete que era “aquela que devia anunciar a vinda de Jesus”, principal motivo de suas aparições. Esta revelação foi comunicada ao pároco de Lourdes, o Pe Peyramale, e chegou à cúpula da Igreja, que novamente se absteve do anúncio.
Em 1917, por fim, Maria apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta, os três pastorinhos de Fátima. Neste vilarejo português aconteceu a última tentativa do anúncio, conforme revelação dada a Raymundo Lopes no dia 1º de abril de 2007. Na Vila del Rey, em Nova Lima, Raymundo recebeu a visita já familiar de três criancinhas, os Arcanjos Gabriel, Rafael e Uriel. Cada Arcanjo segurava uma caixa, respectivamente nas cores azul, vermelha e amarela. Abrindo as caixas vermelha e amarela, os Arcanjos trouxeram à luz a verdadeira história das vidências de Catarina Labouré e Bernadete Soubirous, cuja essência fora mantida em segredo pelo Vaticano. Depois disso, a revelação continuou conforme o testemunho publicado de Raymundo:
“Então o Anjinho da caixa azul nos interrompeu:
– Vamos abrir a última caixa?
Abri a caixinha azul, e vi a mesma cena. Uma freira ajoelhada aos pés de um Sacerdote que me pareceu ser o Papa, pois estava vestido como tal. Perto dele havia um Padre, que pediu à freira:
– Conte o que viu.
– Vi uma linda Senhora que pairava em cima de uma velha azinheira.
– Ela disse alguma coisa?
– Sim, disse, mas não posso relatar agora.
– Quando, então?
– Será escrito e entregue a ele – a freira respondeu olhando para o Papa.
Depois vi esta freira escrevendo em português:
‘Venho até aqui para anunciar, pela terceira vez, a vinda de meu Filho à terra. Já a anunciei duas vezes e não tive resposta. Agora, esta é a terceira vez. Depois disso, se não obtiver uma resposta da Igreja, falarei fora dela, porque a humanidade necessita ser avisada de tal acontecimento. Não me foi revelado o dia nem a hora, mas me foi revelado que próximo está, e a Igreja necessita estar preparada para esta chegada. Fale disso ao Papa.’
Havia mais coisas que não pude ler”.
A visão indica, portanto, que o anúncio do retorno de Jesus seria pedido ao Papa em uma carta, entregue no momento oportuno. Não é difícil perceber que esta revelação menciona o que se convencionou chamar de “terceiro segredo de Fátima”, redigido por Lúcia em janeiro de 1944 e depois entregue a seu Bispo. No Dicionário de “Aparições”, o Pe René Laurentin conta que o Bispo de Leiria recebeu o envelope lacrado contendo o segredo no dia 17 de junho de 1944, e em seguida o encaminhou ao Santo Ofício. Nesta época, Lúcia passou a afirmar que o segredo deveria ser revelado ao mundo pelo Papa que estivesse no Vaticano a partir de 1960. Ainda segundo o dicionário, o Papa João XXIII requisitou o manuscrito ao Santo Ofício em agosto de 1959. Porém, após uma leitura junto de seus colaboradores mais próximos, João XXIII decidiu lacrar novamente a carta de Lúcia e guardá-la em um de seus arquivos. O terceiro segredo permaneceria desconhecido, pelo menos em parte, por muitos anos.
No dia 13 de maio de 2000, durante a missa solene presidida por João Paulo II em Fátima, o Cardeal Ângelo Sodano anunciou que o terceiro segredo seria finalmente publicado. O Cardeal Joseph Ratzinger fora o encarregado de interpretá-lo, ao passo que o Cardeal Tarcísio Bertone estava incumbido de editá-lo e apresentá-lo historicamente. No dia 26 de junho de 2000, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou o documento A mensagem de Fátima, em que se apresentou o terceiro segredo com a seguinte redação:
“J.M.J.
A terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova da Iria – Fátima.
Escrevo em acto de obediência a Vós Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe.
Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos n’uma luz emensa que é Deus: ‘algo semelhante a como se vêem as pessoas n’um espelho quando lhe passam por diante’ um Bispo vestido de Branco ‘tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre’. Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n’êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus.
Tuy-3-1-1944”
A publicação do Vaticano causou polêmica ao redor do mundo. A autenticidade do segredo foi contestada apaixonadamente por alguns grupos, que questionavam sobretudo a interpretação que identificava o assassinato do “Bispo vestido de Branco” com o atentado contra o Papa João Paulo II em maio de 1981. Eis as inexatidões materiais que o Pe René Laurentin elenca em seu dicionário: “O ‘Bispo vestido de Branco’, que Lúcia pressente ser ‘o Santo Padre’, atravessa uma cidade em ruínas: no momento do atentado de 13 de maio de 1981, João Paulo II circulava pela suntuosa cidade do Vaticano. O segredo situa o atentado sobre uma montanha, mas o papa circulava pela praça de São Pedro. Nada de ‘grande Cruz de troncos toscos’. O papa não estava ‘trémulo’, mas na plenitude de suas forças. Ele não caminhava ‘com andar vacilante’, etc. Estava de pé, sendo aclamado dentro do papamóvel. Não havia subido nem se prostrado no ‘cimo do monte’. Ele não foi ‘morto’; foi apenas gravemente ferido. Não se tratou de tiros de ‘um grupo de soldados’, mas de um único civil, assassino contratado. Nada de ‘flechas’, nada de ‘outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas’ mortos junto com ele. Não se viu nem ‘Cruz’, nem ‘dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão’, a recolherem ‘o sangue dos Martires’. João Paulo II foi a única vítima na praça de São Pedro.” Os questionamentos abordaram muitos outros pontos, inclusive com acusações de falsificação documental. Ainda hoje existem apostolados fatimistas que peticionam ao Papa tanto a consagração da Rússia ao Coração Imaculado como a revelação completa do terceiro segredo.
A história que desvelaria a verdade sobre o terceiro segredo teve início no dia 18 de novembro de 2009, conforme a narrativa que se encontra no livro Raymundo Lopes – Daniel, uma incógnita dos finais dos tempos, particularmente nos capítulos Roma, um desafio e Meu encontro com o Papa Bento XVI.
Raymundo Lopes se encontrava no Rio de Janeiro quando recebeu um telefonema de Dom Giovanni, um bispo com quem mantinha amizade e que trabalhava no Vaticano. Dom Giovanni fora incumbido pelo próprio Papa Bento XVI de intermediar um encontro sigiloso com Raymundo em Castel Gandolfo. No dia 26 de novembro, Raymundo atendeu outra ligação, desta vez de um sacerdote orionita, que lhe assegurou estadia na casa de sua congregação em Roma. E por fim, na Catedral da Boa Viagem, em Belo Horizonte, um padre italiano chamado Albino confirmou o encontro para o dia 17 de agosto, às 17 horas de Roma.
Dias depois, Raymundo procurava uma chave na Capela Magnificat, em Nova Lima. Estava confuso e temeroso diante dos últimos acontecimentos. Nossa Senhora então apareceu-lhe na sacristia da capela, assentada em sua poltrona, como de costume. Depois de infundir-lhe paz com sua presença serena e imaculada, Ela o preveniu:
“– Você estará diante do racionalismo, e por isso meus contatos anteriores viram ruir por terra meu pedido de anúncio da chegada do meu Filho de retorno à terra, reclamando o elo perdido no Paraíso. Em agosto, a sua razão deverá estar intimamente ligada às coisas do espírito, porque o poder católico estará diante de você, revelando-lhe coisas que pedi no passado e pedindo-lhe explicações sobre o presente que somente você poderá fornecer. Lúcifer estará raivoso pela razão, e minha mediação, somente com o que já lhe passei pode surtir efeito no âmbito espiritual. Se você falhar, eu falharei, e meu Filho estará entre vocês sem nenhum amparo da Igreja Católica. Será o caos, porque o mundo não poderá compreender a graça recebida. Como devo lhe esclarecer, você corre o perigo de ser desacreditado, vilipendiado, enganado. Você corre esse risco por mim?”
Raymundo não negaria um pedido de tão doce Senhora e chegou a Roma no dia 15 de agosto de 2010. Na data prevista para o encontro, dia 17 de agosto, um automóvel, em que estavam um motorista e Dom Giovanni, apareceu para buscá-lo. Chegando a Castel Gandolfo, passaram por várias verificações, guaritas e senhas. Raymundo foi conduzido a uma bela sala, em que distinguiu uma estátua em mármore que parecia de São Miguel. Enquanto aguardava, Dom Giovanni o tranquilizou dizendo que o Santo Padre falava português. Em seguida Raymundo foi transferido a outra sala, onde ficou sozinho.
Minutos depois, o Papa Bento XVI entrou pela porta. Vestia uma batina branca e trazia na mão um envelope. Após um cumprimento cordial, os dois se sentaram. O Papa então perguntou:
“– Fui informado de que você tem um outro nome: Daniel. Isso é verdade?
(…)
– Acredite ou não, são meus amigos, que as pessoas falam tratar-se de anjos, e Nossa Senhora que me chamam de Daniel, mas meu nome de batismo é Raymundo.”
A conversa prosseguiu com assuntos variados. Em particular, cumpre mencionar que falaram sobre o incidente de 2007, quando Raymundo, a pedido de Maria, lhe entregara uma cruz de São Bento no Vaticano, onde havia entrado milagrosamente pelo Portão de Bronze com o auxílio do Arcanjo Uriel; no interior da cruz, foi inserido o livro Veni, Domine Iesu!, que contém a revelação sobre as tentativas do anúncio da Parusia. Pouco depois, o Papa, fazendo menção ao envelope que trazia nas mãos, perguntou:
“– Você imagina o que tenho nas mãos?
– Não senhor.
– Nossa Senhora não lhe falou nada a respeito?
– Não senhor, não falou nada.
– Então, devo presumir que vou lhe oferecer uma surpresa”.
O Papa retirou alguns papéis do envelope e os entregou a Raymundo. “Estarei de volta dentro de 10 minutos”, disse em seguida. Sozinho com os papéis, Raymundo tinha a vista embaçada, estava confuso e não sabia como se concentrar. Pediu a Nossa Senhora que o ajudasse, e neste momento ouviu uma voz: “Leia, mas é necessário que leia com atenção. Procure visualizar e guarde tudo em seu intelecto. A Virgem Maria está a seu lado, para que se lembre de tudo depois e escreva.”
Eis o que estava nos manuscritos:
“J.M.J.
A Terceira parte do segredo revelado a 13 de Julho de 1917 na Cova de Iria – Fátima.
Escrevo, em acto de obediência a vós Deus Meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o senhor Bispo de Leiria e da Vossa e Minha santíssima Mãe.
Depois das duas partes que já expus, Nossa senhora disse: ‘Farei brotar em terras brasileiras um homem assistido por mim, cujo nome lhe chamaremos Daniel, para anunciar aquilo que venho ensistindo há vários séculos: o retorno de meu Filho, no tempo de vocês, não através dos meios comuns, mas através de meios naturais que afetarão em muito o pensamento das pessoas. Vocês conviverão com Ele através do pensamento comum. Este é meu último aviso, porque esse acontecimento está prestes a acontecer. Esse anúncio deverá ser feito pela Igreja, na pessoa do santo Padre que estiver no Vaticano a partir de 1960. Se o santo Padre não proceder da forma que anuncio, esse acontecimento se dará com as dores já anunciadas, e a cristandade sofrerá muito. Meu Daniel estará com o santo Padre escolhido por mim no ano de 2004, portando uma imagem minha venerada em terras brasileiras. Ele reconhecerá meu sinal. Farei, obedecendo ao senhor Deus, que esse homem esteja em terras Vaticanas no período de 2010, a convite do santo Padre que estiver no poder, e esse Papa mostre a ele meus propósitos. Somente o santo Padre poderá julgar se mantém ou não meu pedido que reflete a vontade de Deus, para que esse anúncio seja feito até 2012; caso contrário, virão as dores anunciadas’. Depois vimos ao lado esquerdo de Nossa senhora, um pouco mais alto, um anjo vermelho com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao cintilar, despendia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O anjo, apontando com a mão direita para a terra, em voz forte, disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz emensa que é Deus – algo semelhante a como se vissem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante – um Bispo vestido de Branco, ‘tivemos o pressentimento de que era o santo Padre’, varios outros Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca; O santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio tremulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições; sob os dois braços da Cruz, estavam dois anjos, cada um com um regador de cristal em sua Mão, nas cores amarela e azul, neles recolhiam o sangue dos Martires e com ele regavam as almas dos que se aproximavam de Deus.
Tuy- 3-1-1944”
À medida que lia o manuscrito, uma voz seguia repetindo as palavras a Raymundo. Além disso, embora a parte que o Papa lhe entregara não contivesse assinatura, ele observou que poderia haver outras. Em seguida, a porta se abriu e o Papa retornou.
“– Leu?
– Sim; li.
– Sabe de quem era?
– Pressinto.
– Pressente o quê?
– Era da irmã Lúcia?
– Sim, dela mesma.
– Você é o personagem a que ela se refere?
– Senhor Papa, seria muita pretensão minha achar que Lúcia estaria se referindo a mim!… Aqui fala Daniel, e eu não me chamo Daniel!… – exclamei, mas desta vez mais calmo.
– Não achei desta forma, porque estou propenso a acreditar que esse Daniel é você – disse o Papa.
– O homem de branco era o Papa João Paulo, então!
– Não, não era João Paulo. Tenho certeza disso, e ele também tinha. Isso ainda não aconteceu, mas acho que está prestes a acontecer.
– O senhor irá fazer esse anúncio, conforme Lúcia escreveu?
– Não sei… não posso… não devo – ele respondeu baixinho, inclinado para a frente.
– Por quê?…
– Porque esse anúncio acarreta uma correspondência de valores e costumes cristãos que poderá levar o mundo a uma situação de vigilância sobre um aspecto que pode ainda durar anos. Muitas pessoas poderão interpretar erroneamente esse anúncio, e a Igreja será afetada.
– Afetada como? Com o retorno de Jesus?
– O retorno de Jesus se dará com o consentimento ou não da Igreja, mas o comportamento humano, diante desse anúncio, poderá ser interpretado pelo contingente católico e de outras Igrejas coirmãs, e manipulado pelo diabo para que a fé se transforme no dragão do mal. Não desejo ser a pessoa dessa responsabilidade.
– Por que me mostra isso, então?
– Porque quando você esteve com o meu antecessor, ele o reconheceu como sendo o homem da mensagem de Fátima. Depois, ele me confidenciou esse encontro e me incumbiu de o levar ao seu conhecimento.
– O senhor falou com o meu Bispo?
– Isso não é assunto de Bispo, é assunto de Papa – respondeu sorrindo.
– Não foi isso que o senhor leu em Fátima!… – exclamei.
– Não, não foi. Alteramos a mensagem na esperança de que o Daniel se pronunciasse de alguma forma; e isto aconteceu quando você esteve na Praça de São Pedro com o meu antecessor.
– E aí?… – perguntei.
– E aí ficamos esperando o milagre; foi quando você me viu e me entregou a cruz no corredor de meus aposentos, acompanhada dos seus escritos.
– Dom Giovanni sabe disso? – perguntei em seguida.
– Pouco, mas participa disso de alguma forma.
– O senhor deseja saber mais alguma coisa sobre mim?
– Não acho necessário; o que sei é o suficiente. A Igreja não pode e nem deve se envolver oficialmente com revelações que não sejam aquelas descritas no Evangelho.
Em seguida, o Papa me pediu de volta os papéis:
– Ficarão guardados para o meu substituto.
– Mas Nossa Senhora espera do senhor esta revelação!
– Espera? Ela não pode esperar de um ser humano fraco uma decisão tão forte dessas. Eu não posso e não farei um pronunciamento desse!”
A decisão estava tomada. Pouco depois, Raymundo e Bento XVI se despediram. O Papa também dava adeus à responsabilidade que lhe fora confiada no terceiro segredo de Fátima.
Em 1830, 1858 e 1917, portanto, a Igreja foi chamada a anunciar a iminência do glorioso acontecimento tão esperado pela cristandade por séculos e séculos. A história se repetiria, porque Pedro lhe deixara por herança um trono, mas é verdade que também lhe dera por legado três dolorosas negativas.
¹ Em 2004, Raymundo Lopes integrou a comitiva do Arcebispo de Aparecida, Dom Damasceno, que viajou a Roma. No dia 30 de junho, em audiência na Praça do Vaticano, ele presenteou o Papa João Paulo II com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. João Paulo reconheceu de imediato a profecia do terceiro segredo: “É o sinal, é o sinal? Você é do Brasil e esta é Nossa Senhora Aparecida?”