Esse será o sinal para o representante de Pedro

Na Capela Magnificat, Nossa Senhora pede que Raymundo Lopes leve uma imagem de Nossa Senhora Aparecida a João Paulo II, em Roma. Trata-se de um sinal para que o papa “tenha resistência na quarta vigília da noite e não se entregue nas águas tempestuosas deste final dos tempos”.

26 de março de 2004 

O desenrolar dos últimos acontecimentos envolvendo a Obra Missionária correu de tal forma que me vi convencido a omitir alguns fatos, pois percebi que estávamos finalmente abrindo um caminho na Igreja pelo lado racional. As coisas fluíam naturalmente, e qualquer fato místico vindo de mim poderia criar problemas. Calei-me e deixei o racional agir. Senti que não era necessário o lado místico aflorar.

Nas conversas com o Francisco Lembi notei que ele desconfiava de que algo sobrenatural havia acontecido, pois não havia explicação para que eu me deixasse levar por uma empreitada tão arriscada como ir ao Vaticano, sem recursos, para encontrar o papa. Não estava nas minhas mãos a concretização desse encontro, e tenho consciência de que tudo fiz para que, se isso acontecesse, fosse por vontade de Deus. Viajei sem saber qual caminho tomar, mas certo de que Nossa Senhora estava à frente da história.

A esperada audiência estava marcada para terça-feira, dia 29 de junho, mas inexplicavelmente fomos informados, em Roma, de que ela tinha sido transferida para o dia 30. Imediatamente me veio à mente aquela frase que traduzia o desafio do demônio: “Ainda tenho até o dia 30. Ele não chegará lá!”, conforme a visão que tive na Capela Magnificat no dia 7 de junho. Foram difíceis aqueles dias até o momento em que me vi frente a frente com Sua Santidade o papa João Paulo II.

É necessário retornar alguns meses para que fique claro como e por que tudo isso aconteceu.

Tudo começou na noite do dia 25 para 26 de março deste ano, 2004. Acordei por volta das duas horas da manhã, com o “menino” que sempre me visita ao lado da minha cama. Ele cantava baixinho uma canção desconhecida. Dei um salto, e perguntei assustado:

– O que faz aqui, a esta hora da noite?…

– A doce Senhora o espera na capela.

– Como pode ser isso, se eu sei que não a verei mais?

– Você mesmo disse: “não a verei mais”, mas escutar o que Ela tem a lhe dizer nada o impede.

Em seguida ele andou em direção à porta, que estava fechada, e passou por ela sem abri-la. Eu fiquei paralisado no meio do quarto, quando vi que ele retornava da mesma forma. Ele então me disse:

– Não se assuste; farei da forma usual.

Depois ele abriu a porta e me convidou a acompanhá-lo. Abriu a segunda porta do corredor, e por fim abriu a porta da sala.

Quando cheguei à capela, ela estava aberta e iluminada, com todas as luzes acesas. Vi então um senhor sentado em uma das cadeiras. Ele vestia uma batina de veludo cinza. Era moreno, aparentando mais ou menos 50 anos, de estatura baixa, magro, cabelo curto e preto. Ele me disse:

– Ponha-se de joelhos diante do Filho da doce Senhora, para que você a escute e dê atenção às suas palavras, porque a Igreja necessita de você.

Eu imediatamente me ajoelhei diante do Sacrário e rezei um Pai-Nosso. Em seguida uma brisa morna me envolveu, e parei de sentir frio, apesar da noite gelada. Foi quando ouvi a voz inconfundível de Nossa Senhora:

– Daniel, você fará uma longa viagem ao centro da Igreja muito em breve.

– Senhora, com todo o respeito que lhe devo, por que me chama de Daniel, se nunca fez isso antes?

– Porque a partir de agora é necessário este procedimento. Se o chamarmos com este nome, o príncipe deste mundo não terá acesso a você.

– O que devo fazer?

– Levará ao papa1 o mesmo sinal que no dia 25 de maio estará sendo dado a ele.

– Que sinal é esse, Senhora?

– A pequenina estátua de Aparecida com tudo o que falei a vocês dentro.

– A Senhora está falando da sua imagem de Nossa Senhora Aparecida?

– Esta mesma.

– Senhora, no ano passado estive lá; não consegui nada. Este ano não tenho dinheiro e nem saúde para fazer uma viagem dessa. E mesmo que isso aconteça, como farei para entregar uma imagem dessa ao papa?

 – Você não fará nada; Eu farei.

 – Quando isso vai acontecer?

 – No dia posterior ao dia do papa.

– Para que isso, Senhora?

– Para que ele a veja, entenda nossos sinais e tenha resistência na quarta vigília da noite e não se entregue nas águas tempestuosas deste final dos tempos.

– Senhora, por favor, não vá embora sem antes me fornecer mais alguns dados. Estou confuso e cheio de problemas!…

Mas não escutei mais nada, Maria Santíssima tinha se retirado. Comecei então a chorar sem controle, pedindo a Deus que afastasse de mim essa situação, porque não queria fazer nenhuma viagem, e pela primeira vez estava com receio, cansado de enfrentar situações embaraçosas com a Igreja. Queria descanso…

Foi quando então escutei aquele senhor me falar:

– Daniel, é necessário socorrer a Igreja.

– Como o senhor se chama?

Nisso o menino interrompeu nossa conversa:

– Este é o senhor de Soana2.

Eles então levantaram. O menino pegou na mão daquele senhor e os dois caminharam em direção ao portão. Eu apaguei as luzes da capela, fechei a porta e subi até o andar superior da minha casa. Sentei na poltrona e comecei de novo a chorar, pedindo a Deus que me afastasse aquilo. Enfrentar a Igreja local é uma coisa, mas enfrentar o Vaticano, cardeais… me deixava apavorado.

A partir daí começaram a acontecer alguns fatos que redundaram na minha ida a Roma no dia 26 de junho de 2004.

 

1 João Paulo II.

2 Raymundo não havia entendido bem a palavra e não a conhecia. No dia 19 de julho, conversando com alguns missionários, eles descobriram que 25 de maio, dia em que o papa João Paulo II havia recebido o sinal, é dia de São Gregório VII, eleito papa em 22 de abril de 1073, tendo morrido em 25 de maio de 1085. Nasceu na diocese de Soana, na Toscana, Itália, entre os anos de 1020 a 1025.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Esse será o sinal para o representante de Pedro. In: LEMBI, Francisco. O Terceiro Segredo: A Vinda de Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2005. p. 125-127.