Deus nos fala através de sonhos e sinais

Raymundo Lopes sonha com pecadores que depositam seus pecados na fornalha ardente do Coração de Maria, diante de um dragão raivoso. “Não se preocupe, o peso deste Coração é muito maior que a força deste dragão. O lírio da pureza de Maria é que o mantém como está, indefeso e sem forças”.

14 de junho de 1992

Nesta madrugada acordei de repente, bastante surpreso com o sonho que acabava de ter.

Encontrava-me no interior de uma igreja muito bonita e limpa. O telhado era do tipo bem inclinado, com uma ligeira quebra nas partes laterais, e dele pendia um lustre enorme inteiramente iluminado. O piso de granito brilhava como um cristal, e os bancos eram de uma limpeza de chamar a atenção. Da porta central, larga e bonita, entrava a luz do sol da manhã, tão brilhante que ao bater no piso refletia no teto formando desenhos como um caleidoscópio. O altar-mor era composto de um ou dois pisos mais altos e com duas escadas, uma em cada lateral, chegando ao topo do altar. Podia-se, assim, subir ao altar de um lado e descer pelo outro.

Nisto, no meio da luz que irradiava da porta, entrou um sacerdote com uma túnica toda branca. Seu rosto jovem e os olhos azuis deram-me a perceber logo que se tratava do padre Paulo César Araújo, pároco da Igreja de Nossa Senhora Rainha, do Belvedere.

Assim que entrou ele me disse:

– O que está fazendo aqui?

– Admirando a sua igreja – respondi.

– Faça algo mais útil, beleza maior você presenciará agora. Veja o que vai acontecer. Venha comigo até a porta principal de onde você me viu entrar.

Ele colocou a mão no meu ombro e me levou até a referida porta, toda iluminada, e de lá pudemos verificar centenas e centenas de pessoas chegando, mas todas vestidas de preto.

O padre Paulo, então, apanhou dois cestos grandes que estavam ao lado e me disse:

– Peça para fazerem duas filas ao entrar na igreja. Essas pessoas que estão vindo nos entregarão um bilhete contendo seus pecados e o porquê os confessam, com o intuito de nunca mais pecar. Coloque-os no cesto e espere até que entre o último.

Assim foi feito. À medida que as pessoas passavam por nós, colocavam no cesto os seus pecados. Então verifiquei que, ao fazê-lo e passar pela luz brilhante da porta, suas vestes tornavam-se brancas, de uma alvura impressionante.

Depois que entraram, o padre Paulo nos instruiu:

– Agora levemos esses bilhetes ao sagrado fogo do Coração de Maria.

– Mas como fazer isso? – perguntei.

– Olhe o altar – ele respondeu apontando para o altar-mor.

No topo do altar havia um Coração enorme, vermelho e brilhante como uma fornalha ardente. Então caminhamos, subimos a escada até chegar a ele, e começamos a jogar dentro da fornalha ardente do Coração de Maria todos aqueles pecados.

Bem debaixo do Coração havia um dragão que se debatia raivoso. Era como se estivesse preso, querendo se libertar.

Eu tive medo de ele se soltar. E o padre Paulo, acalmando-me, disse:

– Não se preocupe, o peso deste Coração é muito maior que a força deste dragão. O lírio da pureza de Maria é que o mantém como está, indefeso e sem forças, desde que também o façamos forte através do nosso amor a Ela.

Falando isto, descemos do altar, com toda a igreja cantando. Caminhamos até a porta principal, quando então, despedindo, o padre Paulo me disse:

– Até breve. Irei por aí verificar se ainda existe alguém vestido de preto e trazê-lo para mudar de roupa. Deixe os cestos na porta e fique atento.

Dizendo isto afastou-se, caminhando naquela luz.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Roma, um desafio. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 161-162.