Chineses lutam contra o comunismo para defender a Cruz
Os fiéis reagem ostentando mais cruzes
Como introdução, lembramos que o Vaticano está em fase de negociações com o governo chinês, negociações que o Cardel Zen apelidou de “conversa com Herodes”. O acordo em pauta daria poderes ao governo comunista para indicar os candidatos ao episcopado da China.
A região de Wenzhou ganhou o apelativo de “Jerusalém da China” pela sua extraordinária devoção à Santa Cruz e a construção de inúmeras e até colossais igrejas, sempre coroadas por enormes cruzes vermelhas especialmente iluminadas à noite, segundo descreve o jornal espanhol El Mundo.
Esses templos sobressaem no horizonte e podem ser contemplados das autoestradas.
O regime não suportou esse triunfo da Cruz e, dentro do plano geral do Partido Comunista Chinês (PCC) contra o símbolo mais sagrado do Cristianismo, ordenou demoli-lo.
Soldados e operários pesadamente equipados iniciaram as demolições alegando os pretextos legais mais díspares.
Mas a tarefa do anticristianismo não está sendo fácil.
Fiéis se amarram ao Cruzeiro para tentar impedir a demolição.
Apesar da enorme desigualdade de forças, os fiéis redobraram seu fervor e protagonizam verdadeiras batalhas campais em defesa dos Cruzeiros.
Por toda parte eles montam vigilância e organizam a resistência. Quando chegaram os demolidores da igreja de Sanjiang, na periferia de Wenzhou, os celulares dos fiéis começaram a tocar.
“Fomos avisados durante a noite. Estava chovendo e não tínhamos guarda-chuvas. Mas fomos todos, milhares de pessoas, chorando, vendo como destruíam a nossa igreja”, narrou uma testemunha.
A igreja de Sanjiang estava sobre um promontório e queria imitar as catedrais góticas da Europa. Tinha uma torre de 60 metros de altura e custou mais de cinco milhões de dólares, dinheiro doado pelos fiéis.
As autoridades socialistas mandaram arrasá-la até os fundamentos e no local plantaram árvores e flores.
A igreja católica de Zhejiang, província de Wenzhou, demolida pelo regime.
No fundo grande quadro estragado do Sagrado Coração de Jesus.
A fúria socialista só se assanha contra os cristãos. Os templos budistas das redondezas não foram atingidos e até um deles está sendo ampliado. Paganismo e comunismo no fundo são filhos do mesmo pai da mentira.
Desde o início da campanha contra as Cruzes, 1.200 delas já teriam sido destruídas pelo socialismo.
O jornal oficial Global Times anunciou que a campanha ateia durará mais três anos, sob o pretexto de “embelezar” a província e eliminar prédios que violam as normas de segurança.
É mais uma mentira do socialismo, respondem os cristãos.
A verdade é que a China já conta com cerca de 28 milhões de cristãos, além de mais de 60 milhões de adeptos de cultos sincréticos que usam os Evangelhos. Dessa maneira, os cristãos superam largamente os adeptos do marxista Partido Comunista Chinês.
Wenzhou sozinha tem nove milhões de habitantes e construiu mais de duas mil igrejas. O fato paradoxal é que a região havia sido escolhida por Mao Tsé-tung, fundador do comunismo chinês, para sediar em 1958 a “experiência” de uma “zona ateia” onde foram fechados ou confiscados todos os templos durante a Revolução Cultural de 1966-76.
Em Oubei a tensão é máxima. Enquanto as pequenas habitações dos comunistas exibem o rosto do presidente chinês Xi Jinping, as moradias dos cristãos são marcadas pela Cruz pintada de vermelho, com a inscrição: “Deus, meu coração te ama”.
O matutino oficial Global Times reconheceu em 2015 a “surpresa” do “explosivo aumento” do Cristianismo. “As igrejas [de Zhenjiang] – acrescentou farisaicamente – são muito grandes, têm cruzes exageradas. Os não crentes não se sentem cômodos”.
Wang, 60, guardião da igreja da Roca em Xiasha, nega que a cruz de sete metros no teto fosse “irregular”. “Cumpria todas as leis”, explicou.
Ele foi um das centenas de cristãos que foram bloqueados pela polícia para impedir cenas de resistência passiva como as acontecidas em muitos enclaves cristãos.
Na aldeia de Ya, não distante da cidade de Huzhou – na mesma província de Zhenjiang –, várias dezenas de devotos se atrincheiraram durante semanas junto à Cruz, no alto da torre principal da igreja, para evitar o seu desmantelamento.
“O Governo tem medo do poder dos cristãos”, disse Wang.
Na igreja da Roca chegaram a um acordo, mantendo-se um pequeno cruzeiro num lago. Outros templos tiveram que cobrir o símbolo de Cristo com panos, como em Hua Ao, ou com galhos, como se no topo da igreja houvesse uma árvore.
Na aldeia de Shancang, dezenas de casas ostentam cruzes vermelhas pintadas nos muros.
Até associações cristãs de fancaria, forjadas pelo governo, se sentiram obrigadas a protestar contra ele, como o fez um de seus líderes, o pastor Joseph Gu.
O governo socialista também reagiu prendendo clérigos e advogados que foram à “Jerusalém da China” para assessorar os fiéis.
Na sua pobre moradia de Oubei, a senhora Chang conta que após a destruição da grande igreja de Sanjiang, os fiéis continuaram se reunindo na velha igreja local.
Ali eles mantêm erguido o Cruzeiro vermelho, enquanto nos muros estão escritas orações a Nosso Senhor, convidando os neófitos a comparecer.
“Se mexerem com essa Cruz, nós sairemos de novo às ruas”, adverte ela.