Raymundo Lopes entrega uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ao papa João Paulo II, no Vaticano. Trata-se de um sinal previsto no texto original do Terceiro Segredo de Fátima. “A posteridade fará jus a tudo isto”, afirma o papa.
30 de Junho de 2004
Chegamos eu, Francisco Lembi e irmã Gertrudes. Pedira aos dois que me acompanhassem, porque pela primeira vez uma viagem me deixava tenso. Eu e o Francisco nos alojamos na casa dos padres teatinos. A irmã Gertrudes ficou na Casa Mãe da sua congregação. O Ademar e a Virgínia, que também nos acompanharam, já haviam chegado. Em Roma, integramos a comitiva do arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno.
No dia da audiência, dia 30, todos nós nos dirigimos para a praça do Vaticano. Eu ainda não sabia ao certo se poderia entregar a imagem ao papa. Tudo fazia crer que seria a Virgínia, prima de Dom Damasceno, que faria a entrega. No entanto, pouco antes da audiência, a Virgínia me passou o cartão credencial que havia recebido do arcebispo. Ele estranhou o fato, mas não colocou obstáculo. E assim, eu é que faria a entrega da imagem.
Comecei a sentir mal-estar, mas fiz o possível para disfarçar, dada importância do momento.
Durante a audiência, a fila que levava ao papa avançou lentamente. Chegando a minha vez, havia uma pessoa apenas na minha frente, notei que o papa ergueu os olhos e os fixou primeiramente na imagem de Nossa Senhora Aparecida, e depois em mim. De um relance, me pareceu ouvi-lo dizer, com uma voz baixa e confusa:
– Daniel!…
Levei um susto, e por pouco não tropecei no degrau da escada. Assim que me aproximei, o papa perguntou:
– É o sinal? é o sinal? Você é do Brasil e essa é Nossa Senhora Aparecida?
– Sim, Santidade, sou do Brasil e esta é Nossa Senhora Aparecida.
– É para mim?
– Sim, Santidade, é para o Senhor.
– É o sinal?
– Espero que sim, Santidade.
– Muito obrigado. Não tenha medo.
Neste momento, ele me estendeu a mão, e eu, meio sem jeito, a beijei.
– Não tenha medo – ele continuou. – Vá com Deus. Não nos veremos mais.
– Por que diz isso, Santidade?
– Porque Deus determinou assim. Você conhece a importância de tudo isso?
– Não, Santidade.
Ele sorriu discretamente:
– Não acreditarão, mas não me importo.
– Eu também não, Santidade.
Nisso eu fiz o esforço de levantar-me, usando a cadeira do papa como apoio. Ele então concluiu:
– A posteridade fará jus a tudo isso. Que Deus o abençoe. E não tenha medo, Maria é a Mãe da Igreja.
– Sim, Santidade, Maria é a Mãe da Igreja.
Em seguida, eu me retirei. Procurava me recompor, para que passasse o dia normalmente junto aos meus companheiros. Percebi que esse inusitado diálogo não fora ouvido por ninguém, nem mesmo por Dom Damasceno, que estava ao meu lado. Seja como for, acabei sendo instrumento de Nossa Senhora para dar um importante sinal ao papa. Acho também que este encontro ajudará muito a Obra Missionária.
Referência: LOPES, Raymundo. Em Roma. In: LEMBI, Francisco. O Terceiro Segredo: A Vinda de Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2005. p. 128-129.