Nossa Senhora comenta a eficácia de oficinas de oração. “A interiorização se consegue na fé, e não no método. A oração deve ser um elo contínuo com Deus, sem interrupção, em todos os momentos da vida. Ensine a todos que mais vale o clamor simples e espontâneo do cego do que o eco estudado das catedrais”.
05 de setembro de 1995
Chegou às minhas mãos um pedido para que eu perguntasse a Nossa Senhora o que Ela achava das oficinas de oração dirigidas pelo frei Inácio Larrañaga.
Eu, por diversas vezes, já disse que não tenho com a Mãe de Deus a liberdade que as pessoas pensam que tenho, ainda mais com uma pergunta dessa natureza. Nesse caso eu tomo a liberdade de nem tentar fazê-la. Por isso, simplesmente coloquei o envelope fechado em cima da mesa, no momento em que receberia a mensagem de 22 de agosto de 1995.
Acabando de ditar a mensagem, Nossa Senhora disse:
– O que contém esse envelope, quero que o abra e leia agora.
Eu apanhei o envelope e li o que havia dentro dele. Tratava-se desta pergunta de uma pessoa de Pelotas, transmitida por telefone e manuscrita por uma missionária: “O que Nossa Senhora acha sobre as oficinas de oração e vida do frei Inácio Larrañaga”?
Feita a leitura, Ela perguntou:
– O que você acha do que lhe ensino quando oramos juntos?
– Acho que a Senhora é muito simples e direta em seus pedidos ao Pai, nosso Senhor.
– Quando Eu lhe peço que se interiorize, lhe dou alguma norma para isso?
– A Senhora apenas me pede que eu coloque o meu espírito em Deus, mas não acho que isso seja uma norma, apenas um meio de nos colocarmos diante de Deus.
– Respondeu bem. Agora, peço que você faça uma pesquisa em tudo que lhe ensinei neste período. Separe algumas orações que rezamos juntos, e depois iremos falar sobre isso.
– Sim, Senhora, farei o que me pede.
Durante a semana eu separei algumas orações. Mas não estava pensando muito no fato, quando Nossa Senhora me disse, na madrugada da terça-feira de 29 de agosto:
– Você fez o que lhe pedi?
– Sobre o quê, Senhora?
– Sobre as orações, para que possamos responder a carta de Pelotas.
– Separei algumas, Senhora, mas faltam outras.
– Então as procures, leia, e reflita sobre elas.
Na madrugada do dia 5 eu estava com o que pude separar, algumas orações ensinadas por Nossa Senhora. Coloquei-as sobre a mesa. Quando acabou de ditar a mensagem, Ela disse:
– Vejo que me trouxe as orações. Você as leu e meditou sobre elas, conforme pedi?
– Sim, reli uma por uma, e o tanto que me foi possível, meditei sobre elas.
– O que você achou?
– Achei que Nosso Senhor quer que conversemos com Ele com sinceridade, sem muitos métodos. Entendi que apesar da Senhora nos ensinar a rezar, quer que façamos isso como uma coisa espontânea, saída do nosso coração.
– Meu filho, orar é pedir uma resposta a Deus para os nossos anseios, preocupações, alegrias e tristezas. Deus somente dará essa resposta se nos colocarmos diante dele na espontaneidade, num transcendental diálogo com o Pai. A interiorização se consegue na fé, e não no método.
– Senhora, quer dizer então que as oficinas de oração do frei Inácio não são boas? É isso que a Senhora quer dizer? Eu não as conheço, nem participei de nenhuma delas.
– Quero dizer que Deus quer falar com vocês, e o único fio de ligação de vocês com Ele é deixar fluir a sua vontade, ter confiança no seu amor e permitir que a sua misericórdia lhes forneça o caminho para encontrá-lo.
– E o frei Inácio?
– Não se preocupe com o frei Inácio. Deus providenciará para que esse trabalho não se perca, porque a sua misericórdia é maior do que o método. Entretanto, alerto que a oração deve ser um elo contínuo com Deus, sem interrupção, em todos os momentos da vida de vocês. No trabalho, no lazer, no descanso, nos momentos difíceis e principalmente naqueles momentos de aridez da alma, quando a sensação do afastamento de Deus se faz mais presente. Envie para Pelotas as minhas orações, e ensine a todos que mais vale o clamor simples e espontâneo do cego do que o eco estudado das catedrais.
Referência: LOPES, Raymundo. A interiorização se consegue na fé e não no método. In: LEMBI, Francisco (Org.). Diálogos com o Infinito. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 78-79.