A imagem na parede: como surgiu

As chuvas do fim de 2008 são intensas. Formam-se goteiras no interior da Capela Magnificat. Um caminho de lodo esverdeado vai se formando na parede da sacristia, por onde escorre a água. Durante uma aparição dos arcanjos, esse lodo ganha os contornos de Nossa Senhora.

21 de dezembro de 2008

Nossa_Senhora_Parede

As chuvas de fim de ano não paravam. A Capela Magnificat estava, e ainda está, com sérios problemas de goteiras sobre o órgão, a aparelhagem de som e, principalmente, na saleta que chamamos de sacristia, onde os padres se paramentam para as celebrações litúrgicas.

Tentávamos a todo custo conter a entrada de água, mas tínhamos a certeza de que o problema provinha de uma laje malfeita. A água penetrava nela e escorria pela parede, inundando toda a capelinha (sacristia) onde fica a cadeira na qual Nossa Senhora se senta quando vem conversar comigo. Era só começar a chover, que corríamos lá para trocar a cadeira de lugar e, com panos, tentar estancar um pouco a água que então escorria pelas paredes. Essa situação durou, aproximadamente, de outubro a dezembro de 2008.

Tínhamos, na ocasião, um retrato do nosso atual bispo (Dom Walmor) na parede, à direita de quem entra. Apesar de percebermos o estrago que a água estava fazendo, não tiramos o quadro da parede. Começou então a se formar um caminho de lodo esverdeado, por onde escorria a água. E eu falava com a Bá:

– Pode deixar, quando consertarmos a laje, vamos pintar a parede.

No dia 21 de dezembro pela manhã, estávamos limpando a capela para a Missa das 17 horas, quando percebi que o quadro do bispo estava cheio de água. Mas resolvi não ligar, e continuei o serviço. Ao passar pelo pátio da capela, vi ali os três “garotos” brincando. Eles pegavam flores vermelhas e amarelas, e as colocavam numa jarrinha de cor azul. Comecei a rir da brincadeira, quando então um deles me falou:

– Quer brincar conosco?

– Quero, mas eu não tenho as flores.

– Eu sei onde tem! – disse outro deles.

– Onde? – perguntei.

– Na capelinha, que você chama de sacristia.

Fui lá buscar as flores. Mas na parede da capelinha, acima do quadro do bispo, junto ao teto, vi uma porção de florezinhas azuis, parecendo miosótis, com cravos amarelos, grudadas na parede. Elas começaram a se desmanchar, formando uma pasta verde que escorria pela parede. Eu voltei e disse a eles:

– Vocês estão começando de novo aquele assunto interminável das cores vermelha, azul e amarela; não quero mais participar da brincadeira.

Deixei os anjos no pátio, e entrei na capela para continuar o meu serviço. Porém, de vez em quando olhava pela janela para ver se eles continuavam lá, mas não os vi mais.

Quando retornei à capelinha para ver de novo as flores na parede, tive vontade de tirar o retrato do bispo, porque estava muito molhado. Ao fazê-lo, percebi que das manchas verdes de lodo formaram-se os contornos de uma figura humana, lembrando a imagem de Nossa Senhora.

Chamei a Bá, e tentamos tirar as manchas com bombril, temendo que aquilo pudesse provocar grande afluência de curiosos, causando-me problemas e à Obra Missionária. Mas, apesar do esforço, não conseguimos. Resolvemos então colocar no lugar outro quadro, que por ser maior encobria a figura ali formada, e esperar para ver o que aconteceria.

 

Referência: LOPES, Raymundo. A imagem na parede: Como surgiu. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 101-102.

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