Mt 4, 18-25
Jesus fundou duas Igrejas: a Igreja humana e a Igreja divina.
Mateus conta como Jesus nos passa essa ideia. Aqui temos o esclarecimento a respeito do fundamento sobre o qual Jesus edificou as duas Igrejas.
É possível chegar a esse entendimento porque Jesus, o maior poder pensante, fala em parábolas e nos deixa uma sequência de ensinamentos para melhor percebermos o Seu modo de pensar. É por isso que ao lermos o Evangelho devemos invocar antes o Espírito de Deus para que nos abra a compreensão às Suas palavras.
A Igreja humana é aquela suscetível de erro. É dirigida pelo clero e pelos leigos, por homens e mulheres, enfim, por todos nós. Essa Igreja Jesus entregou a Pedro.
A Igreja divina é aquela que não erra, pois contém todo o pensamento do Cristo. Essa Igreja Jesus entregou a João Evangelista.
O fundamento da Igreja humana nos é explicado através da seguinte passagem: "Estando Jesus a caminhar junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores." Isto é, dois irmãos pescadores.
A Igreja humana é baseada na ideia da fraternidade, é o amor fraterno que a une. A figura dos dois irmãos nos mostra isso. Aí está o fundamento da Igreja humana: amor fraterno. Ela é pescadora por natureza, tanto é que o próprio Jesus disse para os dois irmãos: "Segui-me e eu vos farei pescadores de homens".
A missão da Igreja humana está toda voltada para a função de pescar, ou seja, evangelizar, conquistar pessoas pela palavra de Deus.
Jesus continuou e viu mais dois irmãos, Tiago e João (Evangelista), numa situação diferente, pois estavam numa barca com seu pai, Zebedeu. Isto quer dizer que a Igreja divina tem fundamento paternalista, pois é de Deus, a barca onde estavam é do pai. Os três consertavam as redes, não pescavam, não a lançavam ao mar. Entendemos, então, que a missão da Igreja divina é não deixar que a Igreja humana permaneça no erro, é assisti-la da barca do Pai, para que as portas do Inferno não prevaleçam sobre ela. Por isso é que podemos afirmar: Jesus nos deixou duas Igrejas, a humana e a divina, uma baseada no amor fraternal e a outra no amor paternal.
Isto nos faz pensar na dupla natureza de Jesus: divina e humana.
O que Jesus nos diz aqui está muito claro: a barca é dos irmãos, referindo-se à Igreja humana; e a barca é do Pai, falando da Igreja divina.
Continuando, vimos que Jesus vai pelo mar da Galileia e começa a curar muitas pessoas. Ele deixa transparecer, com toda certeza, o amor que tem pela humanidade.
Nesse texto, Jesus nos mostra perfeitamente onde estão alicerçadas as duas Igrejas. É como dissesse: Quero que a Igreja divina seja fundamentada no amor de Deus e a Igreja humana no amor fraterno. Isto nos remete ao grande mandamento que nos deixou: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo."
A Igreja humana lança as redes e a Igreja divina conserta as redes.
Referência: LOPES, Raymundo. Início da Pregação de Jesus: Mt 4, 18-25. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 66.