Vida Humana Internacional.
LifeSiteNews, 08 de janeiro de 2018.
[https://www.lifesitenews.com/opinion/courage-fervor-and-the-example-of-poland].
Tradução. Bruno Braga.
Quando alguém é convencido de que a sua causa é justa, ele não temerá nada — São João Bosco.
Não posso pensar em uma forma melhor de começar o Ano Novo do que com uma história “positiva” – que mostra que grandes coisas são possíveis quando uma nação rejeita as forças do ateísmo secularista e se volta para Deus!
Talvez você tenha ouvido sobre o evento de massa Rosary at the Borders (tradução livre: “Rosário nas Fronteiras”), que aconteceu na Polônia, no dia 07 de outubro, festa de Nossa Senhora da Vitória e de Nossa Senhora do Rosário [1]. Estima-se que mais de um milhão de poloneses viajaram para milhares de localidades diferentes na fronteira do país para rezarem o Rosário [2]. O objetivo era cercar todo o país com oração, suplicando a proteção de Maria sobre o país e pela paz no mundo.
Um dos dois principais organizadores do evento do Rosário, Maciej “Maciek” Bodasiński, explicou: “Queremos rezar pela conversão da Polônia, Europa e do mundo inteiro a Cristo, para que mais almas sejam salvas da condenação eterna e encontrem o seu caminho até Deus”. O evento recebeu o apoio do Primeiro Ministro polonês, Beata Maria Szydlo, que no mesmo dia tuitou uma foto de um rosário, e escreveu: “Eu saúdo todos os participantes”.
Contudo, esta exibição pública e sem precedentes da fé é apenas a ponta do iceberg, o símbolo mais visível de algo muito maior que está por vir no país antes comunista. O novo Primeiro Ministro polonês, Mateusz Morawiecki, concedeu em dezembro uma entrevista, na qual expressou a sua intenção de tomar certas medidas para “re-cristianizar a União Europeia” [3]. E, de fato, histórias e mais histórias surgiram nos últimos meses sobre como a Polônia está ativamente rejeitando as invasoras e cada vez mais intolerantes forças do secularismo, buscando abraçar novamente a sua herança cultural e religiosa católica.
A ofensiva pró-vida, pró-família e pró-fé na Polônia.
A esperança tem duas belas filhas: os seus nomes são raiva e coragem. Raiva de que as coisas são como são. Coragem para fazê-las da forma que deveriam ser – Santo Agostinho.
Embora a Polônia já seja um dos países mais pró-vida da União Europeia (pelo menos no que se refere às suas leis), é triste que permita o aborto em alguns casos, inclusive quando o bebê é deficiente ou em casos de estupro. Infelizmente, um projeto de lei que baniria completamente o aborto foi rejeitado pelos políticos em 2016, apesar do significativo apoio popular. No entanto, quase que imediatamente um novo esforço foi lançado para banir o chamado aborto “eugênico” – i.e., abortos que visam bebês deficientes. Uma petição civil em apoio ao banimento do novo aborto recebeu extraordinárias 830.000 assinaturas [4] – mais de oito vezes o número necessário para iniciar um debate legislativo sobre o assunto!
Nesta semana, os Bispos da Polônia apoiaram fortemente a proibição do aborto, divulgando uma declaração dura e bem fundamentada [5]. “Não pode haver espaço para matar outras pessoas, especialmente crianças doentes e deficientes”, disseram os Bispos. “Esta não é apenas uma questão religiosa ou de visão de mundo, mas acima de tudo de ciência, que mostra inquestionavelmente que a vida humana começa no momento da concepção”.
Apesar da posição pró-vida relativamente forte do país, ele ainda sofre com uma baixa e abismal taxa de natalidade de 1.32 nascimentos por mulher – muito abaixo do nível de reposição. Reconhecendo os perigos que essa catastrófica baixa taxa de natalidade coloca para o futuro do país, o governo começou a encorajar os casais a estarem abertos à vida [6]. Além disso, há um esforço para restringir o acesso à chamada “contracepção de emergência” [7] – que também pode agir como um abortivo.
O legislativo polonês também aprovou recentemente um projeto de lei que retomaria no país a prática tradicional de ter o domingo como um dia de descanso, exigindo que as lojas fechem as suas portas. O projeto determina que as lojas comecem com o fechamento de dois domingos por mês, passando para todos os domingos até 2020. Pode parecer uma coisa relativamente pequena, mas não devemos subestimar o poder de recuperar o domingo como “o dia do Senhor”.
Em primeiro lugar, as Escrituras claramente mandam honrar o sétimo dia: “porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou” (Êxodo 20, 11). Em segundo lugar, reservar o domingo como dia do descanso tem enormes benefícios para o bem-estar físico, espiritual e mental de uma nação, sobretudo para famílias! Honrar o domingo não só cria o tempo e o espaço necessários para a oração e o restabelecimento espiritual, mas também assegura que as famílias tenham um dia em que possam estar juntas, sem a pressão de trabalhar e comprar. Como um gesto simbólico do valor dado a Deus e à família, a reivindicação do domingo é de uma importância enorme!
Secularistas poderosos reagem.
Naturalmente, todas as forças poderosas e malévolas do secularismo radical estão tentando dificultar ao máximo o retorno da Polônia às suas raízes culturais e religiosas. Um relatório de 2017 de um instituto polonês encontrou evidências de que o movimento pró-aborto do país recebeu um “enorme financiamento” de fontes estrangeiras – sobretudo a interferência do extremista pró-aborto George Soros [8]. A União Europeia também ameaçou explicitamente a Polônia com sanções, caso fosse aprovado o projeto de lei que protege contra o aborto os bebês portadores deficiência [9].
A mídia convencional também tem feito de tudo para distorcer a natureza de muitas das mudanças que estão acontecendo na Polônia. A proibição do aborto está, claro, sendo tratada como um ataque aos “direitos” das mulheres, em vez de uma defesa da vida do vulnerável. De forma ainda mais flagrante, a mídia global se esforçou para pintar o evento do Rosário como um evento de ódio, xenofobia, fanático, atrasado, motivado pela “islamofobia”.
Seja corajoso, não se deixe levar pelo que os outros pensam e dizem! – São João Bosco.
No entanto, Maciej Bodasiński, o organizador do evento citado acima, negou veementemente que o evento fosse direcionado contra qualquer ameaça específica. Ele o descreveu como “um evento puramente espiritual” [10]. Bodasiński explicou:
“Este ano, agora em 2017, no aniversário de cem anos das revelações da Mãe de Deus em Fátima, nós queremos atender o chamado Dela para rezar o Rosário pelo resgate do mundo. O ‘Rosário nas Fronteiras’ não é uma Cruzada, pois não queremos lutar com ninguém. É uma comoção gigante por – não contra – algo. Nós firmemente seguimos a sua ordem, e rezaremos nas fronteiras do nosso país, saindo em oração e testemunho por todo o mundo, para que a Misericórdia de Deus não fique limitada por qualquer fronteira”.
Bodasiński acrescentou estas palavras proféticas:
“Em face da crescente tensão, ameaças de guerra e do terrorismo, queremos rezar pela paz no mundo. Paz entendida não somente como ausência de guerra, mas como a paz de Deus, a paz do coração. Muitas das pessoas que têm se convertido contam que esta é a maior graça que receberam do Criador – a paz do coração. O que quer que aconteça, você confia em Deus, e se acalma. Nós rezamos pela paz para as pessoas, entre as pessoas, e entre as nações”.
Nunca foram ditas palavras mais verdadeiras. É apropriado que este ressurgimento espiritual esteja acontecendo na Polônia – a terra natal do nosso amado São João Paulo II, o Papa da família. O povo polonês sofreu imensamente sob o comunismo ateu; eles viram em primeira mão o que acontece quando Deus é sistematicamente arrancado de um país. É interessante que o Primeiro Ministro do país, aquele que quer “re-cristianizar” a Europa, arriscou e sofreu muito, desde muito jovem, para desempenhar um papel ativo no movimento Solidariedade, que se opôs ao comunismo na Polônia.
O comunismo está agora efetivamente morto na Polônia; mas o país, como todos os outros países ocidentais, está enfrentando a nova ameaça do secularismo radical, que além do ataque para a destruição da religião, também abomina a família tradicional e o nascituro. A determinação da Polônia em rejeitar a pressão da União Europeia e dos secularistas endinheirados é uma honra para a fé do povo polonês e um exemplo para o restante de nós. A Polônia está mostrando que é possível para uma nação ocidental do século XXI resistir contra as forças do secularismo e trazer a fé de volta para a praça pública. Que outros países ocidentais comecem a tomar conhecimento e a seguir o exemplo da Polônia.
NOTAS.
[1] Cf. [ http://www.ncregister.com/daily-news/poland-prays-hundreds-of- thousand-participate-in- rosary-to- the- borders ].
[2] Cf. [ https://www.hli.org/2017/10/rosary-borders/ ].
[3] Cf. [ http://www.catholicherald.co.uk/news/2017/12/11/new-polish-pm-my-dream-is-to-re-christianise-the-eu/ ].
[4] Cf. [ http://menafn.com/1096171644/Polish-prolifers-want-to-ban-eugenic-abortion ].
[5] Cf. [ https://www.lifesitenews.com/news/polish-bishops-its-deeply-immoral-to-abort-disabled-babies ].
[7] Cf. [ https://www.lifesitenews.com/news/poland-begins-steps-to-restrict-abortion-pill-to-prescription-only-pro-life ].
[8] Cf. [ http://www.ordoiuris.pl/ochrona-zycia/czarne-protesty-spontaniczny-ruch-czy-efekt-wielkiej-inwestycji-finansowej ].
[9] Cf. [ http://www.catholicherald.co.uk/news/2017/12/09/european-parliament-threatens-poland-over-pro-life-law/ ].
[10] Cf. [ https://www.lifesitenews.com/news/1-million-catholics-expected-to-pray-rosary-to-save-poland-and-the-whole-wo ].