Imagem. Digitalização da carta original de três páginas dos Arquivos Secretos do Vaticano. Não temos autorização para publicar o conteúdo inteiro da carta, mas foi dada ao autor deste artigo a permissão para examiná-la na sua totalidade.
Maike Hickson
OnePeterFive, 11 de maio de 2017.
Dr. Michael Hesemann, um historiador alemão da Igreja Católica, concedeu uma entrevista à revista Inside the Vatican de Robert Moynihan [1]. Na entrevista, que trata do Centenário das Aparições de Fátima, Dr. Hesemann faz a seguinte declaração:
"Também em 1917, a Maçonaria celebrou o aniversário de duzentos anos da fundação da primeira Grande Loja, em Londres, 1717. A ideologia maçônica não é baseada apenas no deísmo, mas também na heresia gnóstica da auto-salvação e 'iluminação', e tem uma agenda decididamente anti-católica. Exatamente em 1917, Maximiliano Kolbe, um dos maiores santos do século XX, testemunhou uma procissão maçônica em Roma com bandeiras que tinham o slogan: 'Satanás deve reinar no Vaticano. O Papa será seu escravo'.
"Um ano depois, o Imperador alemão Wilhelm II foi alertado pelos maçons alemães de que o Grande Oriente planejava forçar todos os monarcas da Europa a renunciar – o que de fato aconteceu em 1918 – [também] destruir a Igreja Católica e colocar a Europa sob o controle do 'Big Business' americano, conforme um documento que encontrei nos Arquivos Secretos do Vaticano.
"O Bolchevismo seria o instrumento da Maçonaria para alcançar o seu objetivo.
"De fato, 1917 foi o ano da Revolução Russa [Bolchevique], que terminou em uma perseguição maciça contra a Igreja.
"1917 também foi o ano em que os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial, o ano em que nasceram as duas super-potências que formariam a história do século XX pelos próximos 74 anos" [ênfases adicionadas].
O Dr. Hesemann, pessoalmente, rejeita a visão de que a Rússia não foi suficientemente consagrada ao Imaculado Coração de Maria, e nega que ainda exista uma parte do Terceiro Segredo não revelada. Apesar disso, ele pensa que a mensagem de Fátima permanece conosco, e que algum tipo de castigo grave é iminente. Esse castigo poderia, na minha visão, estar ligado às palavras citadas acima: a destruição de muitas monarquias europeias junto com o enfraquecimento e a corrosão da Igreja Católica. Muitas nações históricas também podem ser assim destruídas (como Nossa Senhora indicou).
Inspirado por sua declaração, a de que encontrou inesperadamente um documento importante nos Arquivos Secretos do Vaticano, contatei pessoalmente o Dr. Hesemann, que foi imediatamente generoso e compartilhou comigo o documento original. Ele conduziu uma extensa pesquisa nos Arquivos Secretos do Vaticano a partir de 2009. Em março de 2017, e na sua própria preparação para o aniversário de cem anos de Nossa Senhora de Fátima, o Dr. Hesemann publicou um artigo sobre esse documento histórico em que cita as partes mais importantes dele [2].
O documento que o Dr. Hesemann encontrou nas pastas da Nunciatura Apostólica de Munique dos Arquivos do Vaticano é uma carta manuscrita, datada de 08 de novembro de 1918 pelo Arcebispo de Colônia, o Cardeal Felix von Hartmann, e endereçada ao Núncio Apostólico na Alemanha, o Arcebispo Eugenio Pacelli – que mais tarde se tornaria Papa Pio XII. Na carta, o Cardeal von Hartmann informou o Arcebispo Pacelli sobre alguma informação que Wilhelm II recebeu e que o Imperador queria passar para o Papa com a ajuda do seu amigo pessoal, o próprio Cardeal von Hartmann. O que segue são os trechos mais importantes da carta histórica:
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Sua Excelência,
Sua Majestade, o Imperador, fez-me saber que, 'de acordo com as notícias que chegaram até ele ontem, o Grande Oriente decidiu depor todos os Soberanos – o primeiro de todos, ele, o Imperador – e depois destruir a Igreja Católica, prender o Papa e, finalmente, estabelecer sobre as ruínas da antiga sociedade burguesa uma república mundial sob a liderança do Grande Capital americano. Os maçons alemães são supostamente leais ao Imperador (o que é para ser colocado em dúvida) e eles o informaram sobre isso. A Inglaterra também quer preservar a atual ordem burguesa. A França e a América, contudo, dizem estar sob a completa influência do Grande Oriente (loja maçônica). O Bolchevismo dizem ser a ferramenta externa para estabelecer as condições desejadas. Em face de um perigo tão grande, que ameaça, além da Monarquia, também a Igreja Católica, é importante que o episcopado alemão seja informado e que o Papa seja alertado'. É a mensagem de Sua Majestade. Eu acredito ser um dever transmiti-la a Vossa Excelência, e deixo para o Vosso julgamento a necessidade de transmiti-la a Roma. A exigência tempestuosa dos social-democratas [alemães], a de que o Imperador deve abdicar, dá uma certa confirmação a esta mensagem. Que Deus nos proteja e proteja a Sua Santa Igreja neste terrível turbilhão! […] Com a maior devoção, e estando à disposição de Sua Excelência, Cardeal Felix von Hartmann.
(Fonte: A.S.V., Arch. Nunz. Monaco d.B. 342, fasc. 13, p. 95-96).
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Como o próprio Dr. Hesemann aponta em um manuscrito (redigido em maio de 2016), e que ele gentilmente compartilhou comigo, após um dia somente estourou a Revolução de Novembro na Alemanha, tendo como consequência a abdicação do Imperador alemão Wilhelm II. O alerta tornou-se realidade.
Dr. Hesemann – que é autor de mais de 40 livros, e que ganhou muito reconhecimento por causa de sua importante pesquisa sobre o genocídio armênio – conclui o seu relato sobre essa carta histórica com as seguintes palavras:
"Quão distantes estamos hoje, 98 [99, agora] anos depois de uma tal anunciada [e recomendada] ‘república mundial sob a liderança do grande capital americano’. Que cada um de nós julgue por si mesmo. O Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (APT) [‘Transatlantic Trade and Investment Partnership’ (TTIP)] teria conduzido o mundo certamente a um imenso passo mais perto de tal objetivo.
"A esse respeito, o documento de 1918 parece quase profético. No entanto, não descreve as visões de um vidente, mas, antes, cita um suposto plano. Foi tal plano do Grande Oriente maçônico também o modelo para a história européia do século XX e início do século XXI? Seria certamente uma simplificação, tal como qualquer teoria da conspiração. Contudo, ninguém pode negar que a Maçonaria planejou, há quase cem anos, o que depois tornou-se realidade, e de uma forma quase misteriosa" [ênfases adicionadas].
NOTAS.
[1]. Cf. [http://insidethevatican.com/news/newsflash/letter-18-2017-fatima-100].
Tradução. Bruno Braga.