28 de janeiro de 1992
Na manhã do dia 28 de janeiro, Raymundo acordou bastante assustado. Deitado no sofá da sala, ele estava com uma terrível dor de cabeça, e começou a se lembrar do que havia acontecido durante a noite.
Pela madrugada, Raymundo escutou uma voz que o chamava. Levantando da cama, estranhou que a porta que separa os quartos da sala estivesse fechada. Raymundo pensou que aquilo fosse um sonho, e voltou para a cama. Mas daí a pouco ouviu a mesma voz, que parecia vir da sala. Abrindo a porta, ele se surpreendeu com a sala toda iluminada por uma estranha luz resplandecente, azulada, do tamanho de uma pessoa. E dessa luz lhe falou uma voz delicada e macia:
– Raymundo, preciso conversar com você.
Assustado e confuso, Raymundo perguntou com dificuldade:
– Quem está aí?
– Por enquanto não é necessário saber quem sou, ouviu ele claramente. Precisamos conversar.
Neste momento, Raymundo notou que a luminosidade diminuiu bastante. A voz ia ficando rouca, falando coisas ininteligíveis. Mas de repente, ela tornou-se clara, com uma entonação quase masculina. A partir daí o diálogo foi confuso, com frases enigmáticas:
“Tenho deixado mensagens por toda a terra… meu corpo é glorioso, poucos o veem… minha face ninguém conhece… eles me viram… o Céu o chama e terá que o atender…”.
Houve também alguma menção à lacrimação das imagens da Rosa Mística e ao óleo vertido de três rosas brancas. Esses fenômenos haviam acontecido durante o Terço rezado pelo grupo de oração da Rosa Mística, de que Raymundo participava.
E a voz continuou:
“Eles o consideram um brinquedo… na véspera, eu tinha recebido de presente uma flor… estão fazendo um jogo com você… não deixe que isto aconteça… o Papa não tem a espiritualidade ligada às coisas do mundo… vocês desejam o fim do mundo que está dentro de vocês… a espiritualidade de vocês é fraca e erra”, etc.
Quando Raymundo fixava muito a luz, ela diminuía.
– Você fala a minha língua? perguntou ele.
– Não, não falo a sua língua, porque o meu espírito não mais usa da boca, mas só do espírito. Eu não uso boca nem garganta material, e você terá que mostrar isto a todos. Eu agora sou luz. Durante séculos tento falar com vocês, para que no final meu espírito descanse em Deus. Estou agora em regime de trabalho urgente.
Dito isso, a luz de repente se apagou.
04 de fevereiro de 1992
Na madrugada do dia 4 de fevereiro, Raymundo acordou com a mesma voz que o chamava. Abrindo a porta da sala, deparou-se com a mesma luz resplandecente e azulada que iluminava todo o recinto. Raymundo estava muito assustado. Tinha palpitações, e seu primeiro impulso foi voltar ao quarto e chamar a esposa. Antes, porém, que pudesse tomar alguma atitude, aquela voz macia e delicada se fez ouvir novamente:
– Não tenha medo. Conforme lhe falei da vez anterior, estou de volta para conversarmos.
– Quem está aí? perguntou ele.
Como no último encontro, a luz diminuía de vez em quando, e a voz ficava fraca, dizendo coisas incompreensíveis.
– Por que você voltou? O que deseja de mim? O que quer? insistiu Raymundo.
– Quero que você entenda os meus sinais e reze muito, disse a voz voltando ao normal. Quero, também, que vá à igreja de São Sebastião, na próxima terça-feira, às 5 horas da tarde; estarei lá esperando por você.
– A igreja de que você fala é a da avenida Augusto de Lima?
– Esta mesma.
– Posso levar alguém comigo?
– Pode. Entretanto, previno-o que talvez tenha dificuldade para que as pessoas acreditem em você.
– Por quê? perguntou Raymundo.
– Porque somente você verá a minha luz e escutará minhas palavras.
– Durante a nossa primeira conversa, muita coisa ficou confusa e contraditória. Você pode me explicar isto? Estou com medo.
– Não tenha medo. Durante nossas próximas conversas tudo ficará claro; existe um plano para tudo isto.
– Posso saber qual é?
– Por enquanto não; reze, reze muito para que Deus o ilumine o bastante para que entenda minhas palavras e meus sinais.
Neste momento a voz se transformou novamente. Soava rouca; era quase uma voz masculina.
– Você não está acreditando que está me vendo? perguntou ela.
– Não estou vendo nada; apenas uma luz.
– Então diga a todos que você viu uma luz.
Nisso Raymundo sentiu como se a voz estivesse rindo. E em seguida voltou a ouvir a voz feminina e suave:
– O Amor de Jesus por você está permitindo este nosso diálogo. Tenha fé, porque somente através da fé e da oração podemos alcançar nossos objetivos. Tudo o que lhe peço terá de fazer de coração, sem se sentir obrigado. Você não tem obrigação. Entretanto, existe um plano para que tudo isto aconteça, e só você poderá decidir se quer participar dele. Eu estarei lá à sua espera; fique tranquilo. Para que tenha a certeza material de nossos encontros, lhe darei um pequeno sinal físico; na igreja você compreenderá quando o vir. Boa noite, e que Deus o ilumine.
A luz então se apagou de repente. Foi como se Raymundo despertasse de um sonho. Ele voltou para a cama assustado, e não dormiu o resto da noite.
11 de fevereiro de 1992
No dia 11 de fevereiro, Raymundo chegou à igreja de São Sebastião às 16:30, e juntou-se ao grupo da Rosa Mística que estava rezando. Exatamente às 17 horas, enquanto rezava uma Salve-Rainha, Raymundo viu uma luz azul e brilhante no topo do altar-mor, acima do Sacrário. A luz logo desceu, e depois se deslocou até a mesa onde se celebra a Missa. Por um instante, ela permaneceu sobre um candelabro. Depois caminhou rumo à imagem da Rosa Mística, no altar lateral. Sua luminosidade diminuiu no trajeto, ficando apenas um pequeno ponto de luz, que deslizou sobre uma fita cor-de-rosa até a mão da imagem. Nisso a luz envolveu toda a imagem. E de súbito, Raymundo ouviu a mesma voz que havia lhe falado em seu apartamento:
– Raymundo! disse ela.
– Estou aqui, conforme você me pediu; o que quer de mim?
– Muito obrigada por ter atendido a meu pedido. Estarei aqui para conversar com você por mais oito terças-feiras, sempre neste horário. Por favor, não faça perguntas que Eu não possa responder.
– Posso perguntar o seu nome? arriscou Raymundo.
– Isto agora não é importante, mas lhe prometo que antes do nosso oitavo encontro lhe revelarei quem sou. E para que possamos manter nossas conversas, é imprescindível que você reze muito, com fé em Deus, porque a oração é o melhor caminho para se conversar com Deus e Deus com os homens. Quando rezar, não o faça com exagero, com palavras altas e cânticos estridentes, porque isto afasta Jesus de seus corações; a oração deve ser calma, e reze o Terço refletindo. A calma e a serenidade aproximam os homens de Deus; a agitação não encontra lugar no Céu. Parece estranho que Eu peça para que reze muito; entretanto, é somente desta forma que poderemos manter nossos diálogos.
– As pessoas em volta de mim estão lhe vendo?
– Não, somente você. O amor de Jesus e a necessidade em lhe transmitir algumas mensagens permitiram isto.
– Posso contar a todos o que você está falando?
– Se quiser, pode. Se for da sua vontade, procure o pároco da igreja e converse; ele irá entender o que desejo.
– Por que você escolheu esta igreja?
– Há anos é plano para que isto aconteça.
– Por quê? Daqui sairá alguma coisa importante?
– Tudo o que falo é importante, e vocês têm que estar atentos aos meus sinais. Não permitirei que nada mais interfira em nossos diálogos, para que você compreenda exatamente o que necessito e possa retransmiti-lo às pessoas, sem nenhuma confusão. Permaneça calmo, e não permita nunca a agitação, porque ela não é de Deus.
Neste momento a luz começou a ficar fraca e sem vida:
– Que Deus o ilumine e que você sinta vontade de voltar por mais oito terças-feiras; estarei aqui esperando. Muito obrigada.
A luz então se apagou, e tudo voltou ao normal.
À saída, Raymundo percebeu que havia uma aglomeração de pessoas junto à imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na entrada da igreja. Entre elas estava Dom Sigaut, Bispo Emérito de Diamantina. Aproximando, Raymundo percebeu que um líquido oleoso, transparente e sem cheiro saía da imagem. Emocionadas, as pessoas recolhiam o líquido.
Seria este o sinal prometido?…
18 de fevereiro de 1992
No dia 18 de fevereiro, Raymundo chegou à igreja de São Sebastião às 16:30. Ele rezaria novamente o Terço com o grupo de oração da Rosa Mística.
Como no encontro anterior, exatamente às 17 horas a mesma luz azulada e brilhante começou a formar-se no topo do Sacrário do altar-mor. Logo em seguida ela desceu até a mesa da celebração. Dessa luz, a mesma voz delicada e macia o saudou:
– Que o Espírito Santo esteja com todos vocês neste local. Obrigada por ter atendido a meu apelo; o meu coração está agradecido por suas orações. Entretanto, para que Eu possa levá-los ao Céu, necessito de muito mais; devem rezar muito para que o espírito das trevas não possa interferir nos caminhos de Deus.
– Eu trouxe algumas pessoas comigo; fiz mal? Elas estão vendo?
– Não. Elas não estão me vendo, e você fez bem, para que no futuro possam também dar testemunho pela fé.
– Estou muito confuso, porque todos afirmam que se você viesse do Céu eu estaria em paz e tranquilo; mas nos dois primeiros encontros em meu apartamento e no início do terceiro, aqui na igreja, eu senti medo. Por quê?
– Eu tive que mostrar a você a fragilidade de sua fé e a possibilidade que existe de o mal interferir em nossos diálogos, para que você fique prevenido e não permita mais isto.
– Mas como posso eu evitar isto? perguntou Raymundo.
– Rezando muito e abandonando-se inteiramente a Deus, pois somente Ele é portador da paz. Não fique preocupado com problemas materiais. Entregue-os a Deus e Ele resolverá todos, e você verá que ainda lhe sobra tempo para muita coisa. Você tem procurado as pessoas certas; elas poderão ajudá-lo a entender minhas palavras. É minha vontade que você e seus amigos entrem em contato com outros grupos de oração, e que todas as terças-feiras, nesta igreja, possam unir seus corações a Deus em uma grande corrente.
– Fui orientado a falar com você sobre o Padre Mário Gerlin. Existe alguma coisa entre ele e o que está acontecendo comigo?
– Existe! É meu desejo que do Brasil saia o símbolo, para toda a América Latina, da Igreja para o próximo milênio. Trabalhem com afinco neste sentido.
Raymundo percebeu que a luz começava a desvanecer-se.
– Tenha perseverança e mantenha-se nos bons princípios, disse a voz em despedida.
De repente, tudo se apagou e voltou ao normal.
25 de fevereiro de 1992
A igreja de São Sebastião estava cheia no dia 25 de fevereiro. Como de costume, Raymundo chegou às 16:30 para rezar o Terço com o grupo de oração da Rosa Mística. Ele estava tranquilo, mas emocionado por saber que mais uma vez estaria em contato com aquela voz que tanto o confortava. No íntimo, ele sabia quem era, e tinha fé em que o amor de Deus não o deixaria ser enganado por nenhum espírito maligno. As pessoas que o acompanhavam eram de caráter íntegro e fé, o que aumentava a sua confiança.
Às 17 horas em ponto, a luz apareceu, descendo do altar-mor para a mesa de celebração. E a mesma voz ecoou como música nos ouvidos de Raymundo:
– Que o Espírito Santo derrame sobre vocês todas as graças. Meu coração está alegre por vê-los!
Raymundo sentia uma emoção tão forte que nada conseguia falar. Seu coração parecia rebentar de alegria por tornar a ouvir aquela voz.
– Desejo que todos trabalhem com afinco para a renovação da Igreja, continuou ela. Rezem muito, meus filhos, pelos sacerdotes. Deem exemplo pela fé, para que eles se sintam animados a continuar pastoreando as ovelhas de Jesus. Sejam a força de meus filhos sacerdotes; ao orarem, peçam por eles, e Eu estarei sempre por perto. Depois deste Papa (nota: João Paulo II), que terá muito que sofrer pela Igreja, vocês terão outro. Será ele aquele que hoje o assiste no trono de Pedro (nota: Cardeal Joseph Ratzinger). A Igreja estará a caminho de muitas mudanças, e muitos problemas virão. Você chegará até a João Paulo, e ele compreenderá o meu sinal. Não tenha medo, porque tudo está sendo conduzido por mim. Tenha sempre seu coração unido ao de Jesus e ao meu, que tudo acabará bem. Se fizer o que determino, as portas da Igreja se abrirão aos meus sinais, e sua cidade será um elo de amor à minha presença.
Com muito custo, Raymundo perguntou:
– Por favor, posso saber seu nome? É Nossa Senhora que fala comigo?
– Você está sendo preparado para ver minha face, antes que terminem as nove terças-feiras. Por enquanto, a dúvida ainda reside em seu coração; isto bloqueia a sua visão. Proceda de modo correto; não permita, nunca, os maus pensamentos; seja firme e tranquilo, seja honesto, e entregue seu pensamento a Deus.
– Receio que as pessoas não acreditem em mim! exclamou Raymundo.
– Guarde para você o que lhe digo sobre o destino deste Papa e o próximo que virá; isto não diga a ninguém. O restante deixe sobre os meus ombros; no momento adequado, todos acreditarão; é plano para que isto aconteça. O importante é você refletir bem sobre minhas palavras.
– Por favor, me explica o que é uma Igreja nova, renovada para nossos tempos?
– É a Igreja como era no princípio, atenta aos ensinamentos do Evangelho. Procurem obedecer aos mandamentos, e o mais importante: amem-se uns aos outros. Procurem ler o Evangelho; tudo está escrito lá. Enquanto alguns teólogos discutem teologia, a Igreja do seu tempo está necessitando de auxílio urgente. Procurem trabalhar para que se forme no seu tempo uma Igreja sem manchas, sem rugas e com muita maturidade. Jesus deseja no seu tempo purificar a Igreja.
– Desculpe se insisto, mas o Padre Mário Gerlin tem alguma ligação com o que você está falando?
– Como você pediu, trouxe pessoas de grupos de oração. É isto que deseja?- Todos têm. Padre Mário é apenas um elo de ligação a você, para que minhas palavras sejam impressas com urgência. É obrigação de todos trabalharem para uma Igreja purificada. Não se preocupe; até nosso último encontro, enquanto estiver na terra, tudo terá sentido, e verá com clareza por que venho até você.
– Acho bom, pode ser assim, porque vocês, mais tarde, serão minha voz a pedir por uma Igreja repleta de fé, bons e puros ensinamentos. Desejo que procurem sair daqui com este intuito. Procurem trabalhar para que isto possa acontecer o mais urgente possível, antes do regresso de Jesus. Procurem rezar muito por este Papa, porque ele sofre muito vendo a Igreja sem caminho, neste tempo de vocês. Jesus irá interferir neste processo, depois da morte de João Paulo; mas desejo que fale pouco sobre este assunto. Coloque isto em pauta quando o próximo, seu amigo e confidente, estiver no trono de Pedro.
– Quem será o próximo Papa? perguntou Raymundo.
– Por que me pergunta isto, se já respondi?
A luz era brilhante, mas não emitia raios. Raymundo também percebeu que vez por outra saíam de seu interior pequenas luzes brancas, como estrelinhas, que ficavam pairando diante dele. Algumas quase o tocavam.
– Permaneçam na fé e cultivem a retidão, continuou. Somente este é o caminho.
– Eu não consigo entender por que você escolheu a mim para falar estas coisas, confessou Raymundo. Conheço muitas pessoas que, acredito, possuem tudo para que isto aconteça. Por favor, me explique.
– Leia o Salmo 139. A resposta está lá.
E depois se despediu:
– Muito obrigada por ter atendido a meu pedido. Que o Espírito Santo permaneça com vocês.
A luz começou então a diminuir de intensidade e tamanho, até que se apagou por completo.
03 de março de 1992
Após o terceiro encontro, Raymundo começou a se sentir bastante perturbado com o que estava acontecendo. Amigos e até padres lhe davam a entender que essa perturbação não era normal, o que ainda agravava o problema. Nisso Raymundo decidiu viajar a Cabo Frio, disposto a não voltar a Belo Horizonte para o encontro do dia 3.
No dia 2, Raymundo foi à praia. Ele pensava no propósito de dar fim aos encontros, quando ocorreu-lhe uma ideia: “se o que estou vendo e ouvindo vem do Céu, quero um sinal claro, também vindo do Céu”.
Pouco depois, o sinal foi dado: um círculo escuro envolvia o sol, terminando em um belíssimo arco-íris. Raymundo, a esposa, o sócio e centenas de pessoas que estavam na praia contemplavam admirados o fenômeno.
Diante dessa evidência, Raymundo decidiu retornar imediatamente a Belo Horizonte, e correu para a rodoviária de Cabo Frio. No guichê da companhia de ônibus, encontrou milagrosamente uma mulher que desejava vender uma passagem justo para Belo Horizonte. Diga-se de passagem que era uma segunda-feira de carnaval. Raymundo não titubeou; comprou a passagem, e embarcou na esperança de chegar à igreja de São Sebastião a tempo.
Como das outras vezes, Raymundo conseguiu chegar à igreja às 16:30. Ele ficou admirado, porque a igreja estava cheia; era dia de celebração da Sagrada Face.
A Missa foi longa e atrasou a reza do Terço. No entanto, às 17 horas em ponto, a luz apareceu acima do Sacrário, onde permaneceu até o fim do Terço. Então desceu, e pairou sobre a mesa de celebração.
Raymundo estava muito ansioso, e rezava lembrando de fatos da sua infância. Foi quando ouviu claramente:
– Que a paz do Espírito Santo esteja com vocês. Eu agradeço, mais uma vez, por ter atendido a meu convite.
Raymundo começou a balbuciar algumas palavras, mas sentia dificuldade em pronunciá-las e formar frases.
– Não se perturbe, interrompeu a voz. Mantenha-se calmo para que o Espírito Santo possa atuar em você, concedendo-lhe a graça de poder ver tudo claro e sem manchas.
Nisso uma calma sublime envolveu Raymundo, que relaxou e pôde continuar o diálogo.
– Senhora, o que quer de mim?
– Quero que transmita a todos o meu apelo para que rezem pela Igreja.
– A Senhora tem alguma coisa a falar?
– O que tinha a falar, já o disse em Fátima; algumas coisas já aconteceram e outras ainda não aconteceram.
– A Senhora poderia explicar melhor?
– Meu Filho está próximo a vir, isto Eu disse à pastora Lúcia e pedi que guardasse segredo até sua hora oportuna, para que fosse revelado ao Papa da época. A Igreja terá que preparar o mundo para o retorno de Jesus, e somente ela tem o poder dessa revelação. Isto Eu não quero que revele a ninguém, até que um mensageiro do Céu o permita. Estou lhe transmitindo como disse à pastora Lúcia, mais uma vez: o Céu já não suporta tanta violência, e é dever de todos trabalharem para a paz em todo o mundo. Já estava previsto que os Papas nada fariam, com receio de nada acontecer e desacreditar a Igreja, mas a revelação é necessária. Os Papas não acreditarão nas minhas palavras, e quando acordarem será tarde demais. Vocês terão alguns Papas até aquele que percorrerá o mundo; isto Eu disse, e a mensagem ficou lacrada. Este Papa (nota: João Paulo II) é o último no contexto da mensagem; depois dele nada mais poderá ser feito.
– É o último Papa?
– Não, não é o último Papa. É o último no plano do retorno de Jesus. Depois deste Papa, preste atenção a Bento.
– São Bento?
– Aos dois.
– Dois?
– Sim! Aos dois.
– Não entendi, Senhora!
– Entenderá, depois da morte deste Papa (nota: João Paulo II).
– Por que a Senhora me fala essas coisas, se não posso revelar a ninguém?
– O que lhe passo é para o seu crescimento interior. Você terá que aprender muito com as palavras de Jesus no Evangelho. Muitas coisas estão lá escondidas, e o Céu lhe dará ajuda para descobri-las. O seu silêncio é um compromisso.
– Não posso falar disso a ninguém?
– A Dom Mário pode.
– A Senhora está falando do Padre Mário Gerlin?
– Sim, dele mesmo. Mas diga a ele que o silêncio sobre isto é uma imposição minha.
– Ele me pede para lhe perguntar sobre a Santinha da Fia.
– Diga a Dom Mário que as trombetas anunciando o retorno de Jesus já estão tocando, e o sinal da Fia é para lembrar-lhe do compromisso em saber desse segredo e não o revelar a ninguém. Somente a Igreja poderá fazer isso. Na hora oportuna farei com que de minhas mãos negras voe a pomba da paz sobre tudo isso; esse será o sinal para o representante de Pedro. Reze e espere para que tudo isso aconteça, porque a América Latina está sob o meu amparo.
– A Senhora deseja falar mais alguma coisa? perguntou Raymundo.
– Por ora, não. Escreva tudo isto e lacre até o sinal do Céu.
Depois disso, do centro da luz surgiram estrelinhas, emoldurando a luz azul.
– Não permita a dúvida em seu coração, disse Ela. Necessito que você venha a este local, quando isto for possível, por mais cinco vezes, quando então irá compreendendo aos poucos os meus propósitos.
– E depois disso, a Senhora voltará?
– Nesta fase não, somente nestes nove encontros; é o tempo necessário para que você possa compreender o que faço aqui. Entretanto existe um plano do Céu para continuidade. Minha presença será constante; conte com meu especial carinho. Não fique preocupado com o que virá depois.
E depois concluiu:
– Eu lhe passo a paz de Deus, a paz verdadeira. Muito obrigada pela presença.
Neste momento a luz se apagou, e tudo voltou ao normal.
10 de março de 1992
Nessas semanas, Raymundo passou a viver da expectativa dos encontros de terça-feira. A sensação do próximo encontro se iniciava logo após o último. No entanto, a paz interior o envolvia cada vez mais.
No dia 10 de março, Raymundo chegou à igreja de São Sebastião no horário de costume. Às 17 horas, aconteceu algo “difícil de descrever”, como admite o próprio Raymundo. A luz apareceu sobre a mesa da celebração. Ao mesmo tempo, centenas de estrelinhas começaram a formar-se, tomando em seguida a forma de um arco. Dentro dele, surgiu um vulto que foi aos poucos ganhando nitidez. Era de uma mulher, linda e elegante. De cabelo escuro, os olhos azuis e grandes, parecia ter uns 25 anos. Esplêndida, Ela pairava diante de Raymundo, com uma leveza inexplicável dentro de um halo de luz. Seu semblante transmitia uma serenidade que não se vê na terra. Seus pés descalços pisavam uma pequena nuvem que se formara no ar.
A sensação que Raymundo sentiu foi como a de um choque elétrico, que o arrancou de onde estava. Era como se, numa fração de segundo, ele tivesse se dividido em dois. Um permaneceu petrificado e mudo ao presenciar tanta maravilha; o outro podia falar e expressar o que sentia, mas ainda não conseguia balbuciar qualquer palavra.
A bela mulher, vestida de branco, trazia um manto que era como uma nuvem acetinada de um brilho inexplicável, que não ofuscava. A pele era de uma alvura quase transparente. O rosto, brilhante como uma estrela, tinha traços de uma delicadeza que não se encontra em pessoa alguma. O cabelo mal aparecia por entre o véu. A voz suave e melodiosa era a mesma dos encontros anteriores. Mas o que mais impressionava Raymundo eram os olhos grandes e profundos que o fixavam.
– Meu querido filho, não tema; Eu sou a Senhora do Rosário. Mais uma vez, agradeço por ter vindo e não se ter deixado levar pela dúvida. Como prometi, aqui estou para lhe passar coisas importantes. Algumas já lhe transmiti para lhe dar força para continuar atendendo a meus chamados, para os quais quero que você dedique bastante atenção. Nas vezes anteriores, permiti que você fizesse muitas perguntas, e respondi conforme os planos de Deus. Lhe revelei coisas importantes, que por enquanto são segredos. Você venceu a prova da fé, para que nossos encontros tenham sequência. Daqui por diante, quero que você reflita sobre o meu Rosário e reze muito pela paz do mundo. Estou retornando para confirmar tudo o que disse em Fátima. Como lhe falei, grande parte já se realizou, outras serão realizadas e, se a humanidade não encontrar o caminho da reconciliação com o próximo e buscar a paz que leva a Deus, antes da vinda de Jesus, vocês terão muitos sofrimentos. É imprescindível que a humanidade se converta, pois não temos tempo a perder; Eu não consigo segurar por mais tempo o braço de Jesus. Ouça bem o que desejo lhe transmitir. Durante 2000 anos, Deus me permitiu interferir na terra, mediando uma importante Obra Redentora. Nesse tempo lhes forneci um interminável caminho direcionado a Deus, com minhas aparições, escapulários, Rosário e medalhas, num intuito de conscientizá-los de que Deus no final interferirá na terra, porque isto foi profetizado pelos profetas e será cumprido. Meu desafio será vencer a grande serpente negra, e aplacar, com as orações de vocês, o braço de Jesus, neste final de tempo, atenuando o grande castigo que abateria sobre a terra neste tempo. Em Fátima, em 1917, declarei que no final meu Imaculado Coração venceria, porque minha fé inabalável em Deus me permitia profetizar isto com segurança. Declaro que em meados do ano de 1999, entre os dias 11 e 17 do mês de agosto, um tremendo castigo estará sobre a cabeça da humanidade, artefato este construído pelo homem. Se não fosse a minha mediação e a constante oração de vocês, um quinto da humanidade pereceria. Entretanto, lhe previno que muitos males se abaterão sobre a terra a partir desse período, mas vocês estarão sob a proteção de Deus, a meu pedido, porque venci a serpente negra. Desejo que guarde segredo disto. Não fale a ninguém antes de meados do ano de 1999, porque isto lhe trará aborrecimentos e problemas com a Igreja, e uma investida demoníaca implacável contra vocês missionários. Fique tranquilo e siga em frente, porque depois disso meu Coração Imaculado vencerá. Garanto-lhe que essa vitória começará com vocês. O Papa (nota: João Paulo II) de vocês sofrerá muito; morrerá na angústia de saber de minhas revelações e ser obrigado a se calar diante do poder dominante em sua volta. Mas, antes, farei com que você lhe ofereça o meu sinal.
– Qual sinal, Senhora? perguntou Raymundo. Já ouvi isso antes!
– O sinal de que tudo fez para que a verdade fosse dita e aceita pelo corpo clerical da Igreja.
– Nossos encontros serão marcados por três selos importantes. O primeiro selo será aberto a você no dia 13 de outubro de 1992. O segundo lhe será revelado no dia 18 de setembro de 1993. E o terceiro selo você terá conhecimento dele no dia 11 de fevereiro de 1995. Esses três selos compõem toda a minha Obra neste século! Haverá discórdias e polêmicas a respeito deles, mas se você encarar os fatos com inteira confiança em Jesus, em Mim e no seu Anjo da Guarda, o meu Coração Imaculado triunfará em sua terra. Em nome de Jesus, você aceita depois continuar nossos diálogos?
– Se isto a fizer feliz e se for para o bem da humanidade, aceito.
– Não espere compreensão das pessoas; você sofrerá muito por causa disso. Você está disposto a nos ajudar nesta Obra?
– Nossa Senhora, se já cheguei até aqui, pode contar comigo até o fim; farei o possível para não desapontá-la.
– Desejo então que você, sob o meu comando, procure formar um grupo e o coloque sob minha proteção. Desejo também que esse grupo, com caráter missionário com minhas mensagens, seja conhecido por Missionários do Coração Imaculado.
– Eu devo tornar público isto que a Senhora me fala?
– Sim, respondeu Ela. E faça o que seu coração estiver mandando; nós não interferiremos em seu livre pensar.
– Por que a Senhora fala “nós”?
– Porque nesta Obra Jesus, Eu e o seu Anjo da Guarda estaremos presentes até que tudo aconteça.
A Santa Virgem mantinha as mãos ao peito. Neste momento Ela abriu os braços e disse:
– Traga aqui seu terço.
Como impulsionado por uma alavanca, Raymundo levantou-se. Depois dirigiu-se até a base do altar e lhe estendeu o terço.
– Você consegue, com a minha ajuda, oferecer a Deus os dias que lhe restam para a conversão dos pecadores?
– Sim, Senhora, com a sua ajuda consigo.
– Terá muitos problemas, mas lhe garanto que a graça de Deus estará ao seu lado. Desejo que reze sempre o Terço, para alcançar a paz no mundo.
A mão estendida de Maria Santíssima quase tocou o terço, e uma luz intensa o envolveu. Raymundo sentiu que aquela luz também o envolvia.
Neste momento, a bela Senhora começou a elevar-se de mansinho, até que desapareceu acima do Sacrário.
17 de março de 1992
Após a última terça-feira, Raymundo sentiu a necessidade de se posicionar diante dos acontecimentos. Já não era possível negar que a Mãe de Jesus o visitava, fazendo um apelo à oração, ao sacrifício e à penitência. A conversão dos pecadores é urgente, pois algo de muito grave está para acontecer. O tempo é escasso; Jesus está retornando, e temos que nos preparar para recebê-lo.
No dia 17 de março, Raymundo chegou ao estacionamento da igreja de São Sebastião por volta de 16:15. Apavorada, uma amiga veio dizer-lhe que o Arcebispo Dom Serafim havia dado ordem para que o impedissem de entrar na igreja. Para garantir o cumprimento da ordem, o Padre Américo colocara um grupo de senhoras na porta. Nisso os dois tentaram falar com o Padre, mas também foram impedidos.
Diante disso, o grupo de oração decidiu se reunir no pátio lateral da igreja, para evitar qualquer tumulto. Começaram então a rezar o Terço, acompanhados pelo padre Luiz Duque Lima, de Juiz de Fora.
Terminado o Terço, Raymundo percebeu que o tempo estava fechado, e ameaçava chover. De repente, ele viu centenas de estrelinhas surgirem em cima de uma velha goiabeira, formando um arco luminoso. Dentro do arco apareceu, em todo esplendor, a Senhora do Rosário. Vestida de branco, Ela brilhava como um cristal. Os pés pairavam sobre uma pequena nuvem. Sua face resplandecia, iluminada por uma luz suave que vinha de dentro para fora. A doçura do olhar, fixo e ao mesmo tempo penetrante, transmitia calma e uma enorme paz.
– Retorno aqui para continuar transmitindo meus últimos apelos para que a humanidade encontre, em definitivo, o caminho da paz. Estou contente por ter vindo, e desejo que receba o Espírito Santo. O comunismo ainda não acabou; o demônio continua em vigília permanente. A Rússia, a qual pedi que fosse consagrada a mim, ainda não está convertida. Entretanto, ela se converterá. Rezem muito pela conversão dos pecadores e pela Igreja. Façam sacrifícios e os ofereçam a Deus, para que o Papa (nota: João Paulo II) consiga essa consagração o mais urgente possível; caso contrário, uma onda de violência varrerá o mundo. O Papa, já disse, sofrerá muito e poderá ter morte violenta. Peçam graças abundantes para o Papa, para que isto não aconteça e ele continue no firme propósito de levar a Palavra de Deus e o exemplo pela fé a todos os confins da terra, buscando a conversão da humanidade e a sua consagração ao Sagrado Coração de Jesus. Unam-se a Deus na Eucaristia, neste propósito. Trabalhem para que este meu apelo chegue ao conhecimento de todos os padres da Igreja, e deixem a meu cargo o caminho para que no futuro entendam meus sinais. Eles serão tocados!
Neste momento seu semblante tornou-se sério, mas sem perder a beleza. E continuou:
– Reze comigo, e peça a todos que façam desta maneira:
“Jesus, permite que eu firme na fé e, confiante na Tua volta amorosa e na intercessão do Imaculado Coração de Maria, possa oferecer todos os meus dias para a conversão dos pecadores”.
Maria Santíssima estava com as duas mãos na altura do peito. Abrindo os braços, da estrela que brilhava na barra do vestido saíram pequenas luzes, que tomaram a forma de um Rosário em sua mão.
– Participem da Eucaristia e rezem o Rosário; este é o caminho. Virá de Portugal um sinal.
– Qual? perguntou Raymundo.
– Você terá uma imagem minha, para que com ela possa mostrar a todos o sinal da graça provinda de Deus, através de mim, à sua terra¹.
– Como farei isso? Não conheço ninguém e nem sei como proceder.
– Eu lhe darei recursos e o caminho certo.
– Devo então andar com essa imagem, como fazem com a Rosa Mística?
– Fará algumas peregrinações com essa imagem; depois, uma família lhe dará ajuda para que meu movimento cresça.
– Como vou saber qual família?
– Você terá um sinal que entenderá.
– Posso saber qual o sinal?
– A pessoa indicada estará no meio de vocês; Deus lhe pôs a surdez para esse serviço.
– Será uma pessoa surda?
– Sim. Confie nessa família, porque Eu a assisto. Jesus trouxe consigo uma venerável alma brasileira, uma verdadeira mensageira da paz, um anjo que o Céu recebeu com júbilo. O amor de Irmã Dulce pelos pequeninos e carentes, dignificado pelo sofrimento, será a bandeira da Igreja em sua terra. Não deixem que o materialismo os domine e condene ao Inferno. A riqueza provém de Deus, e é uma responsabilidade para que, com sabedoria, a administrem e pratiquem a justiça; não permitam que sejam objetos de condenação, e não sejam escravos dos bens terrenos, pois eles não têm valor algum para o Céu.
Dito isso, começou a se formar à direita de Nossa Senhora a figura pequenina de uma irmã de caridade. A figura era de uma suavidade esplêndida. Não brilhava tanto como a Virgem, mas irradiava uma luz branco-azulada. Sem dizer nada, logo depois desapareceu.
Em seguida, Nossa Senhora começou a elevar-se de mansinho, e se despediu dizendo:
– Procure levar a sério minhas palavras. Que o Espírito Santo o conduza e você possa experimentar a graça da presença de Jesus no seu coração.
¹ Numa manhã ensolarada do dia 3 de julho de 1992, a imagem prometida por Nossa Senhora chegou à Paróquia do Belvedere, em Belo Horizonte. Proveniente de Portugal, ela foi recebida por Cecília e pelo Padre Paulo César de Araújo. Hoje, a pedido de Nossa Senhora, essa imagem visita doentes em hospitais, asilos e residências.
24 de março de 1992
Os problemas previstos pela Santa Virgem começaram a acontecer. Nos dias que se seguiram à última aparição, Raymundo foi alvo de agressões de toda espécie. Apenas no dia 20, seu telefone tocou 29 vezes, e ele escutou palavras obscenas, zombarias e também ameaças, caso voltasse à igreja de São Sebastião. Chegaram a acusá-lo de fazer propaganda política com Nossa Senhora, para que se beneficiasse de uma futura candidatura a vereador. Em sua consciência, Raymundo estava em paz, na verdade a paz que recebera, mas seu estado emocional estava terrivelmente abalado. Em todo caso, ele se esforçava para oferecer tudo pela conversão dos pecadores, e a cada ligação rezava como Nossa Senhora havia pedido.
Nessa situação, Raymundo decidiu ir à Basílica de Lourdes para rezar e pedir força. Permaneceu na basílica por mais ou menos uma hora, e depois se dirigiu à gruta que fica à esquerda do altar-mor. Desesperado, pediu a Nossa Senhora que lhe desse força para aguentar tudo aquilo, ou pelo menos uma palavra para saber como agir. E então escutou perfeitamente:
– Reze e espere.
Na madrugada do dia 21, Raymundo obteve a resposta em sonho. Ele viu algumas pessoas o levarem da igreja de São Sebastião para a Basílica de Lourdes. Com isso, Nossa Senhora havia atendido ao seu apelo.
No dia 24, considerando que estava “proibido” de entrar na igreja de São Sebastião, Raymundo decidiu esperar Nossa Senhora na Basílica de Lourdes.
No silêncio da gruta, Nossa Senhora apareceu poucos minutos depois que o grupo de oração havia terminado o Terço.
– Que a paz de Jesus o envolva, e receba o Espírito Santo. Não fique perturbado com o que está acontecendo; fique atento, estarei sempre com você. Hoje quero lhe pedir que ore e tenha paciência para que tudo isto se complete. É meu desejo que da igreja de São Sebastião saia uma devoção ao meu Imaculado Coração, e no futuro seja transformada num Santuário Mariano, junto com o glorioso mártir. Façam com que seja colocado lá um marco lembrando a todos este meu pedido. A quem participar de Missas no local, comungar e rezar o Terço, estarei pedindo a Deus em mediação. Muitas graças poderão ser alcançadas ali, se tudo for conduzido conforme meu desejo. Mais uma vez insisto: não desprezem o que estou pedindo, porque tem fundamento! Mantenha-se reto e limpo de coração; pratique a verdade para que tudo isto que estou lhe passando tenha curso o mais rápido possível. Por favor, não responda a quem o está agredindo, e seja obediente às doutrinas da Igreja. As agressões ao Sagrado Coração de Jesus não têm fim. A purificação terá outros caminhos, através de muitos sofrimentos. Não esperem que Eu realize prodígios, porque não os terão. Tudo o que estou lhe passando, e o que vou lhe passar, tem um sentido único: sua conversão sincera, uma entrega total a Deus, e para que você fique forte diante dos obstáculos. Não tenha medo; você é um objeto de Deus para a realização do meu plano em Fátima.
– Senhora, disse Raymundo, muitos acham que estou tendo visões malignas, ou mesmo mentindo; como tudo isso pode acontecer se não consigo me fazer entender e levar aos bispos e padres o que está me pedindo?
– Faça o que lhe peço e aguarde.
– Senhora, as pessoas me pedem coisas e lhe mandam recados; posso dá-los?
– Diga a todos que me mandam recados e pedem coisas que não fiquem aflitos. É necessária uma profunda fé em Deus e trabalhar para a causa da Igreja. Bendito é aquele que não vê e segue adiante confiante.
Dito isso, Ela abriu os braços:
– Você tem a minha bênção!
Das mãos da Santa Virgem saíram pequenos raios de luz que encheram o local.
Em seguida, a visão começou a desvanecer-se, e Raymundo ainda pôde ouvir a despedida:
– Obrigada por ter vindo.
31 de março de 1992
No dia 30 de março, Raymundo estava apreensivo sobre como receber a aparição de Nossa Senhora no dia seguinte. Sua entrada na igreja de São Sebastião continuava proibida pelo Padre Américo. Raymundo dirigiu-se então à Basílica de Lourdes em busca de instruções.
Assim que chegou na basílica, Raymundo encontrou o Padre Narciso, com quem já estivera no dia 10, na igreja de São Sebastião. O Padre logo tratou de convencê-lo a ir embora, alegando que tinha ordens expressas do Arcebispo Dom Serafim para impedir-lhe a entrada, caso insistisse em receber Nossa Senhora no interior do templo no dia seguinte. Raymundo estranhou a advertência, mas em todo caso resolveu entrar e rezar. Pouco depois, o Padre Narciso apareceu novamente, desta vez visivelmente irritado por ver Raymundo rezando:
– Vá embora! disse ele em tom enérgico. Esqueça tudo isso; você será prejudicado com essa história. Vá para um clube, e se Nossa Senhora tiver que lhe aparecer, aparecerá lá mesmo!
Dito isso, o Padre afastou-se. Raymundo reparou que ele estava com os olhos irritados e vermelhos.
Já desanimado, Raymundo resolveu retirar-se. E em seguida aconteceu que, ao cruzar a porta lateral, ele ouviu perfeitamente:
– Estarei onde estiver!
Livre portanto para receber Nossa Senhora onde fosse possível, Raymundo decidiu esperá-la em sua residência, na Vila del Rey, e mais precisamente na Capela Magnificat.
Todos os amigos que o vinham acompanhando nas terças-feiras estavam presentes na Capela Magnificat no dia 31. Depois das orações, o pequeno ambiente se encheu de luz. Era Nossa Senhora que chegava, vestida toda de branco e com uma estrela nos pés.
– Filho querido, mais uma vez aqui estou para lhe falar. Receba as graças do Espírito Santo. Foi por amor que Jesus o enviou ao Cenáculo¹, pois será no futuro de grande importância para o seu crescimento e formação espiritual.
– Senhora, qual foi o objetivo disso? Porque fui ofendido, maltratado. Não entendi!
– Foi para que se instruísse e tomasse ciência de minhas palavras, e também de como as pessoas estão fazendo uso do que falo para tirar vantagens materiais. O que falo está sendo passado a muitos no mundo inteiro; a prova disso é a sua similaridade, porque o que lhe digo é inspirado unicamente por mim. A evangelização pela Igreja é de extrema urgência, antes do retorno de Jesus. E somente através da coragem e ousadia de alguns de vocês em apontar o caminho certo, isto será possível. A minha presença será a força nesta batalha contra o curto espaço de tempo disponível.
– Mas, Senhora, estou tendo dificuldade em me fazer entender! lamentou Raymundo.
– Não se perturbe com as dificuldades encontradas.
– Os sacerdotes não acreditam em mim; como vou dizer isto a eles?
– Através de você, mando minhas palavras aos meus queridos filhos sacerdotes. Faço um pedido de Mãe: eles devem permanecer firmes nas verdades ensinadas por Jesus, devem ser fiéis aos preceitos da Igreja e, principalmente, que sejam verdadeiros apóstolos de Cristo. Eles estão passando aos outros suas obrigações para as quais foram ordenados, e isto só pode acontecer em caso extremo. Estão escolhendo o caminho fácil. Eles têm que dar o exemplo pela fé, esperança e caridade. Sejam pobres nas coisas materiais e cultivem a caridade e a castidade para que, espelhados neste comportamento, a Igreja seja impregnada de justiça e amor ao próximo. Amem-se para que haja unidade, que é a grande força que os levará à vitória! Não se iludam com o fácil sacerdócio, porque da mesma forma que estou presente a mostrar-lhes o caminho certo, Satanás está para mostrar o contrário; e se estiverem fracos, cairão na armadilha do mal. Acreditem, com firmeza, que são os portadores do milagre eucarístico; e isto lhes confere uma responsabilidade enorme. Sejam a árvore que dá bons frutos, mesmo que seja plantada em terreno inóspito; quando perceberem que ela frutifica com bons frutos, terão a certeza de que é possível plantar e colher, e o pomar crescerá somente com bons frutos. O meu maior objetivo é fazer com que, através de uma eficiente evangelização, a Igreja possa esperar a volta de Jesus. Não fiquem discutindo temas teológicos complicados para o rebanho simples; eles não podem compreender essa linguagem. Amor ao próximo e caridade, somente isto é necessário. Devem praticar o Evangelho. Façam isto, que tudo se arranjará!
– A Senhora está sempre com as mãos ao peito, disse Raymundo. Padres e algumas pessoas me disseram que isso não pode ser. Estou com uma água que o Padre Narciso me deu; posso jogá-la?
– Essas palavras não têm importância, respondeu Maria sorrindo. Pode jogar a água em mim; verá o que acontece.
Em seguida, Raymundo jogou a água. Nossa Senhora então abriu os braços e lhe mostrou um coração pulsando, com vida. Era como um coração real, espargindo luz em todas as direções. Eram raios de luz azulada, amarela e vermelha. O coração pulsava e brilhava como um cristal vermelho.
– Este é o meu Imaculado Coração, que ama todos vocês. Confiem neste Coração, porque ele será o escudo de vocês! Aqui você terá segurança contra o mal!
– Senhora, desculpe a minha ignorância; não farei mais isto, lhe prometo. Tem mais alguma coisa para me dizer?
– Tenho. O Céu lhe mandará ajuda para entender o Evangelho. Você crescerá muito depois dessas visitas e ficará, aos poucos, conhecido por muita gente. Você não é conhecido no Céu por seu nome. No Céu você tem outro nome; depois isto ficará claro. Aos poucos, procure falar pouco sobre estas minhas aparições a você, e fale mais sobre o que irá aprender do Evangelho. Jesus quer que você seja aquele que irá anunciar a sua vinda. Isto é o mais importante. Depois da morte deste Papa (nota: João Paulo II), procure intensificar mais esse propósito, e anuncie a vinda de Jesus.
– Senhora, eu não entendo nada de Igreja e nem do Evangelho.
– Entenderá. Procure ser discreto sobre o que falo e dê bastante destaque ao que irá aprender.
– A Senhora vai fazer milagres para que isso possa ser levado a sério pela Igreja?
– Não. Não farei milagres. Somente Jesus os faz, e Ele não deseja fazer milagres.
– Então o que vejo não será aprovado nunca pela Igreja.
– Você está preocupado com aprovação humana, e Eu estou preocupada para que a Igreja receba Jesus, sem sofrimentos. O Diabo irá rondá-lo sem trégua. Procure na espiritualidade beneditina forças para lutar contra essa investida. O grupo que o ajuda irá crescer com o tempo. Estarei sempre presente para ajudá-lo.
– E o Padre Mário Gerlin?
– Dom Mário é a peça para colocar em público o que lhe falo no início, mas mesmo ele terá dúvidas. Hoje lhe peço: ofereça as injustiças cometidas contra você em sacrifício pela conversão dos pecadores. Muito obrigada por ter atendido ao meu pedido.
– A Senhora me disse coisas importantes; como vou lembrar de tudo isto?
– O que estou lhe falando, falo ao seu coração; você não esquecerá de nenhuma de minhas palavras.
Dizendo isso, a visão começou a se desvanecer, até que desapareceu.
¹ Raymundo havia participado de um Cenáculo promovido pelo Movimento Sacerdotal Mariano. Presidido pelo Padre Gobbi, que havia recebido locuções interiores de Nossa Senhora, o evento aconteceu em Atibaia (SP). Durante o Cenáculo, Raymundo foi bastante maltratado como portador de mensagens demoníacas, inclusive pelo Padre Gobbi.
Final do Milênio I
No diálogo do dia 31 de março, houve um trecho para o qual Nossa Senhora pediu reserva: o documento Final do Milênio I. Raymundo poderia mostrá-lo somente ao Padre Mário Gerlin, recomendando-lhe que o levasse ao seu Arcebispo. Se isto não fosse possível, os dois deveriam guardar segredo sobre o assunto, para dá-lo a público somente em dezembro de 1996.
No dia 26 de novembro de 1996, Nossa Senhora antecipou que Raymundo só poderia publicar o documento quando tivesse em mãos algumas palavras da missionária Irmã Margarida. Raymundo se surpreendeu, porque a Irmã falecera havia vários meses (01/05/1996). Na manhã do dia 1º de dezembro, porém, a missionária Sara Campos Rodrigues chegou à Vila del Rey trazendo uma carta da Irmã, a “florzinha beneditina”, para uma religiosa de Bom Despacho. Raymundo então entendeu que chegara o momento de atender ao pedido da Mãe de Deus.
Em dado momento do diálogo do dia 31, Raymundo perguntou:
– A Senhora sabe quando Padre Mário irá morrer?
– Não, mas até dezembro de 1996 ele não mais estará entre vocês.
– Posso falar isto a ele?
– Não. Este é um assunto sobre o qual você não deverá falar.
Em seguida, a Santa Virgem disse estas palavras, que compõem o documento Final do Milênio I:
“No ano da terra de 1917, falei à pequena pastora Lúcia de coisas hoje conhecidas por vocês. Fiz conhecer também um assunto que pedi que o mantivesse em segredo e fosse revelado somente após o ano da terra de 1960. São acontecimentos que, somente após esta data, seria conveniente serem levados a público. Lúcia os redigiu anos depois, para que, cumprindo pedido meu, fosse oficiosamente entregue ao Papa que estivesse no comando da Igreja.
Seus membros deveriam conscientizar-se dos momentos perigosos, quando a força de Satanás estivesse liberada entre eles, no período que compreendesse 1960 a 2015, e pedir a Deus sua divina intervenção. Caso contrário, se isso não fosse feito, Eu retomaria o assunto de minhas aparições, utilizando de todos os meios, para uma conscientização e uma mobilização leiga, que pudesse atenuar este degradante processo, porque, por vontade de Deus, no fim destes tempos, o meu Coração Imaculado deverá triunfar.
Alertei para o fato de que a Igreja de Cristo estaria, próximo do término deste milênio, susceptível a toda sorte de desgastes morais e financeiros, e que, devido a isto, seus alicerces seriam abalados pela ganância e interesses pessoais de líderes leigos, bispos, arcebispos e cardeais. Uma tecnologia maligna dominaria o mundo, e os líderes religiosos seriam arrebanhados como doces ovelhas, iludidos pelo brilho efêmero de suas luzes, a seguirem o falso pastor, que os enganaria com promessas vãs, sem consistência espiritual e moral.
O coração da Igreja de Cristo seria invadido pela ciência sem Deus e por uma tecnologia comandada pelo Diabo. O descrédito diante dos dogmas causaria uma devastação sem precedentes em sua doutrina. E tudo isto aconteceria sutilmente, em seus bastidores, como um câncer a corroer todo o corpo da Igreja, comprometendo o seu organismo espiritual quando, no futuro, a razão sobrepujaria a fé.
Pedi que o Evangelho fosse urgentemente viabilizado em toda a terra e facilitada a sua compreensão pela camada leiga e simples da Igreja, para que fosse vivido em sua plenitude, e que isto deveria ser feito pela Igreja Católica Romana, com testemunhos de fé incontestáveis, para que se evitasse o máximo possível uma grande evasão de fiéis e, consequentemente, a proliferação de seitas promovidas pelo Diabo, que levariam os cristãos a sangrentas lutas, à divisão e ao descrédito.
O meu pedido não foi levado em conta, porque os Papas desse tempo se calaram, acreditando mais na eficácia da lógica do comportamento adotado pela Igreja humana, do que em se entregarem à luta, comandados pelo Espírito Santo.
Desprezaram a teologia mística e deram vazão à teologia da razão.
O Evangelho não foi levado ao Oriente, onde ainda prevalecem seitas milenares, perigosas à doutrina cristã, que desconhecem inteiramente Jesus. Temiam mártires, achando que bastariam mudanças drásticas, facilitando coisas na Igreja, para abri-la aos países asiáticos, não contando com isto que estariam também abrindo uma perigosa fissura na Igreja, facilitando a entrada de conceitos estranhos à doutrina de Cristo.
Deus, em sua Divina Misericórdia, permitiu que tomasse lugar, no trono de Pedro, um polonês escolhido por mim, para tomar sobre si, nos últimos tempos, o peso desse pecado de omissão e procurar atenuar, com minha assistência, esse processo degenerativo da Igreja.
Mesmo sabendo, agora, da impossibilidade de sua eficácia plena, se pôs à luta. Este homem, ao ter conhecimento do meu alerta, tomou sobre si esse pesado fardo, colocou-se em campo, imbuído da férrea vontade de servir a Deus e ao meu pedido feito em Fátima, no ano da terra de 1917, e de salvar a maior quantidade de almas possível. Por isso, fiz minha presença nestes últimos setenta anos da terra, numa profusão ininterrupta de aparições a leigos, com mensagens, sinais, locuções etc., no sentido de colocar o meu Coração Materno em ajuda a esse escolhido por mim, para que pudesse ter forças e não sucumbisse.
Deus agora, como estava previsto, permite a final provação à sua Igreja. Ela própria desfere o golpe final nesse homem e, numa velada desaprovação a seus constantes deslocamentos, tentando fazer nestes últimos tempos aquilo que deveria ter sido feito desde o início, quando o pedi, no ano da terra de 1917, o fere mortalmente no coração.
Estamos no início do fim destes tempos, e o braço de Jesus baixará para a colheita. Foram muitos os chamados, mas infelizmente serão poucos os escolhidos. O mundo inteiro preocupa-se com catástrofes naturais, devido à perplexidade e ao silêncio dos Papas sucessores, ao tomarem conhecimento do que relatei à pastora Lúcia.
Previno, agora: elas virão, em resposta à omissão do corpo clerical superior da hierarquia católica, para a qual foi colocada por Jesus a tarefa de fazer sua Palavra conhecida e vivida no mundo inteiro, antes do término destes tempos. O castigo pela omissão foi bastante atenuado pelo trabalho deste polonês, mas, como está escrito, virá.
Agora, no raiar da aurora destes novos tempos que se aproximam, o meu Coração Materno se volta para a América Latina, pois desejo salvá-la, pela vontade de Deus Todo-Poderoso, desta catástrofe da falta de fé. Esta é, pois, a razão por que tanto me manifesto na América e, agora, especialmente no Brasil.
Medjugorje é, para mim, a intenção de salvar um povo em guerra e dar ao mundo um modelo de paróquia voltada à evangelização pelo amor. Mas, mesmo lá, sentirei no final o gosto amargo da traição ditada por interesses mundanos.
Na América, é minha intenção evitar uma iminente guerra religiosa fratricida.
Abram as igrejas à prática do Rosário, sucedam-no ou precedam-no de Missas, deixem o leigo rezar e chamar sobre si o Espírito Santo. Consagrem a América ao meu Coração Imaculado. Usem dos leigos, façam aquilo que o Concílio lhes proporcionou – maior liberdade de ação – e salvem a América Latina da apostasia do terceiro milênio. Levem este meu último apelo à hierarquia eclesiástica latino-americana, e façam uma barreira ao fétido vento proveniente de uma Europa apodrecida pelo pecado da dessacralização. Desejo salvar a Igreja no Brasil, para que estenda a luz do Espírito Santo a toda América Latina. Não esmoreçam diante da indiferença comandada por interesses mundanos e de uma distorcida teologia interesseira, direcionada pura e unicamente a fazer a vontade dos homens, perdendo seu precioso tempo em batalhas sociais que poderiam ser resolvidas vivendo-se o Evangelho.
Que isto seja relatado a Dom Mário (nota: Padre Mário Gerlin) e levado a seu Arcebispo. Se este não tiver o coração aberto, retorne a você até dezembro de 1996. Que o livre-arbítrio, voltado para o bem, aja.
Entrego a Deus minha tarefa cumprida, pois nada mais poderei fazer. Entretanto, com a permissão do Todo-Poderoso, o meu Coração Imaculado estará triunfante.
Hoje lhe peço: ofereça as injustiças cometidas contra você em sacrifício pela conversão dos pecadores.
Muito obrigada por ter atendido ao meu pedido.”
07 de abril de 1992
Na segunda-feira, 6 de abril, Raymundo decidiu procurar novamente o Padre Narciso. Desejava falar sobre o alívio que sentia por não ter seguido o seu conselho. Quando o encontrou, Raymundo reparou que seus olhos estavam claros e o semblante sereno, com um franco sorriso nos lábios. Ao comentar sobre o incidente da semana anterior, quando fora instado a sair da igreja, Raymundo teve uma grande surpresa. O Padre negou que tivesse se encontrado com ele, e não tivera nenhum problema nos olhos. Seja como for, Raymundo aproveitou para pedir autorização para receber Nossa Senhora no interior da basílica no dia seguinte. O Padre Narciso, além de dar-lhe o consentimento, assegurou que também estaria presente.
No dia seguinte, 7 de abril, Raymundo chegou à capela da gruta às 16:30. Havia cerca de 50 pessoas no local, inclusive o Padre Luiz Duque de Lima e o Padre Narciso. Terminado o Terço, Raymundo começou a perceber a formação daquelas estrelinhas tão conhecidas, que emolduraram toda a gruta como num passe de mágica. Maria Santíssima apareceu maravilhosamente bela, suave, com um sorriso radioso. A visão tomava toda a extensão da gruta. Tudo ao redor desapareceu, consumido pela luz que dela irradiava.
– Meu filho, disse Ela com a voz suave e melodiosa, esta é a última terça-feira destes nossos encontros. Agradeço a sua perseverança e o abençoo. Que o Espírito Santo o ilumine! Hoje termino pedindo que medite atentamente sobre tudo o que lhe disse neste período. São instruções dadas para que, espelhando-se nelas, a Igreja possa esperar Jesus e vencer essa batalha contra o Diabo. Uma nova situação se aproxima, e somente uma Igreja estruturada nos bons princípios, simples e objetiva, atenta aos mandamentos, poderá sobreviver sem manchas depois do retorno de Jesus. Eu serei a grande vencedora nesse processo, e desejo que esteja comigo o maior número possível de almas. Tudo isto depende unicamente de vocês, e nada posso fazer senão chamar-lhe atenção sobre o que está por acontecer. Quando meu Filho retornar, baixar Seu braço sobre a humanidade e fizer cumprir tudo o que foi dito, somente se salvarão os que estiverem limpos de coração.
– Senhora, eu insisto, todos querem que faça um milagre, como fez em Fátima. Isto pode ser feito?
– Não será através de milagres que vocês acreditarão e tomarão o caminho certo; de nada adiantam eles. A incredulidade chegou ao ponto de não acreditarem nem mesmo nos sinais dos tempos, tão evidentes, ao alcance de todos. Usem da inteligência e percebam os meus sinais; eles estão em toda parte. Convertam-se e convençam-se da necessidade de uma mudança de hábitos, com extrema urgência.
– Senhora, estou percebendo, desde o início, sua preocupação com a Igreja, principalmente quanto à vinda de Jesus. Como poderei convencer os padres e bispos da necessidade destas mudanças?
– O futuro da Igreja está fundamentado nos ensinamentos de Jesus. As crianças de hoje serão os cristãos fervorosos de amanhã, retos e cumpridores dos deveres, se lhes forem implantadas hoje as bases do bom procedimento. Invistam nelas agora e terão as mudanças do amanhã! Somente assim terão resultados. O adulto tem a mente já impregnada da total falta de respeito e temor a Deus. Assim, dificilmente será esclarecida. Eles sim necessitam de milagres para crerem e se emendarem. O grande milagre será a mudança total e radical, caso minhas palavras sejam levadas a sério. Aos sacerdotes jovens chamo atenção: pratiquem, ao máximo, o fervor, vivam o Evangelho, estruturem a Igreja do futuro, porque será nela que descansarão suas cabeças. Nada lhes será poupado e de nada valerá clamar aos céus, porque será tarde demais. Aos bispos: deem maior atenção às novas vocações, não negligenciem as doutrinas da Igreja, não se deixem levar pelas facilidades mundanas, porque levarão a Igreja à ruína, e por isto serão responsáveis, serão cobrados no Céu.
– Senhora, vou vê-la depois desses encontros?
– O conjunto de instruções passadas a você termina hoje. Os avisos e informações para o seu amadurecimento espiritual também. Não é plano para que me veja mais, pois não é necessário. Só em caso extremo voltarei. Jesus deseja entregar a outros a tarefa de prosseguir no aviso sobre o Seu retorno. Somente Jesus sabe como deverei proceder. Caso contrário, nos encontraremos no Céu. Entretanto, estarei presente em todos os atos de sua vida.
– Quer dizer que não a verei mais? -, Raymundo perguntou angustiado.
– Se for necessário, e se for da vontade de Jesus, voltarei.
– Tudo o que me pediu e o que me pede agora acho difícil de cumprir, porque os padres e bispos não acreditam e nem querem me receber. O que acontecerá, se não for possível fazer chegar a essas pessoas o que me diz?
– O que lhe passei neste período são regras a serem adotadas com extrema urgência; é o remédio eficaz para evitar um mal maior. Somente a Igreja poderá administrar isso; são os últimos avisos do Céu, e se não for feito, será cumprido o que está escrito, e será a ruína da Igreja. Diga isto a eles!
– Vou dizer, mas não acreditarão. O Padre Mário deseja saber o que a Senhora quer dele.
– Dom Mário foi enviado a você para que se cumpra a missão dele no Brasil; somente isto.
– E qual é?
– Fazer com que este conjunto de mensagens seja colocado a público. Para isto o meu Coração está junto ao dele.
– Por que a Senhora não fala isto a ele?
– Isto não é necessário responder.
– Senhora, posso lhe fazer algumas perguntas pessoais?
– Seus parentes estão bem. Sua família tem a minha bênção. O Diabo não importunará vocês, se forem consagrados a mim. Você ficará ainda um bom tempo na terra, para cumprir o que Jesus lhe pede que faça. Lembre-se sempre dos nossos diálogos, quando estiver angustiado, e tudo ficará bem. Fale sempre comigo, com Jesus e seu Anjo da Guarda, nós lhe responderemos ao coração; nunca estará só!
Neste momento Raymundo começou a escutar vozes que cantavam baixinho uma música incompreensível, mas extremamente melodiosa. Raios de todas as cores começaram a emanar de Nossa Senhora. Seu rosto se iluminou com uma grande intensidade, e suas mãos espargiam uma forte luz. Ela movia os braços vagarosamente, e a luz passeava sobre todas as pessoas.
E Nossa Senhora disse por fim:
– Não duvidem de minha palavras! Abençoo a todos, e que o Espírito Santo os ilumine e proteja. Eu lhe peço: pratique a penitência!
A visão começou então a elevar-se de mansinho, até que se desvaneceu por completo.