Três perguntas à Virgem

Nossa Senhora dá esclarecimentos sobre o fato de que Raymundo redija as mensagens com erros de gramática. “Deus permite as minhas visitas à Terra utilizando os recursos humanos de cada um, segundo o seu grau de instrução. Você escreve sob essas barreiras; isto é imposto por Deus, e não posso alterar”.

11 de julho de 1995

Nestes últimos cinco dias eu estive muito apreensivo com o desenrolar de alguns acontecimentos com o grupo missionário. Fiz algumas visitas ao Santíssimo na esperança de ouvir de Jesus algumas palavras que me orientassem no que fazer, mas não tenho obtido nenhuma resposta.

Precisava conseguir de Nossa Senhora algum esclarecimento, e isso tinha de ser feito sem falta. Aos quinze minutos, aproximadamente, deste dia, eu estava na sala do meu apartamento à espera da mensagem semanal. Então, quando escutei os anjinhos cantando, anunciando a chegada da Virgem, eu, aflito, falei antes que Ela começasse a ditar:

– Por favor, Senhora, me desculpe e me perdoe, mas posso lhe falar antes da mensagem de hoje?

Eu tinha escrito três perguntas para Nossa Senhora responder.

– A sua ansiedade atrapalha o seu raciocínio. Portanto, podemos conversar, para depois passarmos à mensagem desta semana. Você tem coisas a me dizer e Eu também necessito lhe dar alguns esclarecimentos. Pode falar.

Eu, então, meio sem jeito, comecei com a primeira pergunta:

– Nossa Senhora, eu a escuto dizer coisas lindas e às vezes de muita gravidade. Algumas a Senhora me permite dizer, outras não. Quando dita, eu procuro escrever da melhor maneira possível, mas como a Senhora sabe, a minha instrução é pouca para colocar no papel algumas palavras com a certeza de como se escreve. Muitas saem erradas, mas quanto ao modo correto de falar, quanto à gramática, têm saído também coisas incorretas. Isso tem causado uma polêmica enorme no grupo missionário, porque uns afirmam que a Senhora não fala errado, que o erro, então, é meu. Outros afirmam que, se eu a escuto sob ditado, estou escrevendo exatamente como a Senhora está falando. Por favor, Nossa Senhora, me ajude, pelo amor de Deus… porque estou confuso e sei que a Senhora é perfeita. Como pode ser isso?…

Quando terminei de ler a pergunta, Ela respondeu com uma ternura na voz que me embaraçou:

– Mas Eu falo certo, você é que escreve errado.

– Mas como pode ser isso, Senhora, se eu a estou escutando falar?

– Deus permite as minhas visitas à Terra utilizando os recursos humanos de cada um, segundo o seu grau de instrução. A falta de espiritualidade forma uma barreira enorme com o divino. Portanto, você escreve sob essas barreiras; isto é imposto por Deus, e não posso alterar.

– Quer dizer então que posso escutar de uma maneira o que a Senhora está ditando de outra?

– Deus permitiu os nossos diálogos sem ferir o seu livre-arbítrio e, consequentemente, a sua possibilidade de ouvir dentro dos limites impostos pela sua instrução. Mas o conteúdo das minhas palavras é mantido intacto, porque reflete a vontade de Deus em falar com você através de mim.

– Nossa Senhora, eu não entendo nada de regras gramaticais, mas se eu troco algumas coisas, misturando vós com tu e você, isto não fere esse princípio de não alterar o seu pensamento?

– Você está falando como esses teólogos preocupados somente em encontrar Deus em seus estudos, e não na oração. Diga às pessoas que no momento o estão ajudando na transcrição correta das minhas mensagens em sua língua que se interiorizem e tenham confiança em Deus, porque tudo tem que ser feito desta forma. Estou vigilante para que nem você nem nenhum outro mude o meu pensamento. Procurem passar para o papel tudo dentro da maior clareza e perfeição gramatical que Deus lhes deu e confiem em mim, porque Eu os assisto. Entretanto, já disse que Satanás está também vigilante e procurando jogá-los uns contra os ouros. Isso é preocupante. Vivam as minhas mensagens, rezem e mantenham-se unidos através de uma intensa vida sacramental, que isso não terá importância. Vocês estarão fortes e unidos, e dentro dessa união passarão a todos o meu pensamento, sem distorção. Vocês estão pensando pela razão; procurem pensar pelo divino que naturalmente encontrarão respostas para tudo isso. Eu não venho à Terra para dar mensagens sem conteúdo ou colocação prática. Portanto, fiquem atentos e unam-se em torno delas, porque Deus os escolheu para essa missão, e isso tem que ser levado em conta. Amem-se para que Eu possa ajudá-los, porque o grupo missionário é a minha última esperança de salvar milhares de almas em sua terra, e se a discórdia prevalecer, tudo ruirá.

– Posso lhe fazer outra pergunta?

– Eu permito isso para que o seu espírito se esclareça e a paz volte para você. O que deseja saber?

– Nós estamos alugando uma loja, no mesmo local onde funciona o SIM1. Isto está correto?

– Sua preocupação é com as minhas mensagens. Deixe isso por conta do grupo missionário.

– Desculpe, Senhora; eu só queria saber se isso está certo, para poder passar para eles.

– Deixem-se comandar por mim. Estou falando com eles através do coração, e se alguma dúvida existe é porque a razão e a lógica afloram diante do divino. Não fiquem preocupados; a minha vontade prevalecerá porque é a vontade de Deus.

– Podemos agora passar ao que desejo falar para vocês esta semana?

– Senhora, me perdoe, somente mais uma pergunta. Posso fazê-la?

– O que deseja saber?

– Estou na iminência de pedir oficialmente ao arcebispo2 uma comissão para examinar a veracidade dos meus encontros com a Senhora. Estou entusiasmado para fazer isso, porque pode apressar o reconhecimento da sua vinda à Terra para falar comigo. Eu posso fazer o requerimento? A Senhora me ajuda a conduzir tudo, para que tudo seja reconhecido o mais urgente possível?

– Há tempo para tudo, e o tempo para o reconhecimento desses fatos ainda não chegou. Aconselho que leia o que Mateus escreveu.

– É para ler o Evangelho de São Mateus? Acho que não entendi, Senhora. O que tem São Mateus com a minha pergunta?

– Leia somente o capítulo 7. Apanhe a Bíblia que está na sua estante.

– Senhora, aqui no apartamento eu não tenho Bíblia, somente no SIM.

– Vá à estante, e verá que tenho certeza do que falo – Ela disse com muita firmeza na voz.

Eu, meio sem jeito, procurei na estante a Bíblia da qual Nossa Senhora falava, e para a minha surpresa, achei uma versão antiquíssima, pertencente à minha família desde 1890, aproximadamente. Eu achava que este exemplar estivesse na minha casa da Vila del Rey.

Abri a Bíblia, e na minha ansiedade em procurar o que Ela citou, não conseguia encontrar São Mateus. A Bíblia é velha, e o papel fino é difícil de ser manuseado.

Então Ela disse:

– Coloque a Bíblia em cima da mesa e deixe que Eu lhe mostre a página que desejo.

Coloquei a Bíblia na mesa e, como por encanto, as suas páginas passaram numa velocidade enorme, uma a uma, até parar em Mateus 7. Nossa Senhora continuou:

– Leia o que está escrito no versículo 6.

Lá estava escrito:

“Não lanceis aos cães as coisas santas, não atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as calquem com os seus pés, e, voltando-se contra vós, vos despedacem”.

– Percebeu o que lhe disse Jesus neste versículo?

– Percebi, Senhora, vou esperar o tempo certo.

– Agora você está pronto para escrever?

– Estou, Senhora, desculpe a interrupção; vou fazer o possível para que isso aconteça somente em caso extremo.

– Passemos, então, ao que vou lhe ditar, e entenda, usando os seus recursos, conforme a vontade de Deus. Escreva.

Ela então começou a ditar a mensagem Clamo a Deus para que a Igreja permaneça em oração.

 

1 Serviço de Informação Mariana.

2 Dom Serafim Fernandes de Araújo.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Três perguntas à Virgem. In: LEMBI, Francisco. Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 166-169.