A Festa da Dedicação

Jo 10, 22-30

Este Evangelho poderia ter começado apenas dizendo que Jesus estava no Templo e que algumas pessoas aproximaram-se e lhe fizeram perguntas. Mas não foi assim. Por que, então, começou dizendo que era inverno e que Jesus andava pelo Templo, sob o pórtico de Salomão? Nada no Evangelho é por acaso. Tudo tem um sentido. Os evangelistas, principalmente João, não tinham nenhuma intenção de contar histórias, tudo que escreviam continham mensagens.

O Templo de Salomão era o maior de Jerusalém, e o dia muito importante para os judeus: Dia da Dedicação. Era uma festa que lembrava o levantamento do altar do Templo, ao qual somente o Sumo Sacerdote tinha acesso. Esse Templo foi destruído por três vezes. Nas duas primeiras foi reconstruído. Na terceira, destruído pelos romanos, não mais foi levantado.

A última estação do ano, sabemos, é o inverno, e o pórtico de Salomão representa aqui a porta da sabedoria, pela qual entramos para
encontrá-la. Salomão simbolizava a sabedoria com toda a sua mística, pois sobedoria foi o que pedira a Deus.

No inverno, à porta da sabedoria, Jesus andava. Isto quer dizer: na indiferença de nossa inteligência em reconhecer o próprio Deus pelas suas obras, Jesus vem à sabedoria humana, para aplacar-lhe a frieza, a insensibilidade de seu discernimento.

Os escribas e fariseus que ali estavam, certamente levados por Deus, freqüentavam o Templo. Tomados pela razão, fizeram aquelas perguntas. São perguntas que nossa razão faz diante da sabedoria, movida pela insensibilidade de seu discernimento: "Se és o Cristo,
dize-nos abertamente."
Jesus, ao responder, nos passa um ensinamento muito importante para nossa vida.

Façamos um parêntese, para entendermos o seguinte: ir para o Inferno é difícil, porque esta não é a vontade de Deus, que nos criou para o Seu convívio, em seu Reino. Por que, então, existe o Inferno, se a vontade de Deus é que ninguém vá pra lá?… Aí é que está a grande resposta deste Evangelho. Jesus é muito claro, quando diz: "…vós não credes porque não sois das minhas ovelhas. Minhas ovelhas escutam a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem". Quer dizer, então, que existem ovelhas que o Pai não deu a Jesus e que não O conhecem; estas, então, estão destinadas ao Inferno. Assim antevê e determina Deus, à luz de Sua divina sabedoria.

E Jesus confirma: "Eu lhes dou a vida eterna e elas jamais perecerão, e ninguém às arrebatará de minha mão. Meu Pai, que me deu
tudo, é maior que todos e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai."
Por isso existem ovelhas que não vão para o Inferno. E quem são elas? Aquelas que conhecem Jesus e O seguem, os eleitos, também antevistos por Deus desde a eternidade.

Para conhecer Jesus é necessário aderir interiormente a Ele, nascer de novo, do alto. A fé supõe uma afinidade espiritual com a verdade. A verdade do Cristo emana, sai dele: a caridade, a justiça, a esperança e, acima de tudo, o amor. Estas são, portanto, as ovelhas que o Pai deu a Jesus e que não se perderão, pessoas até mesmo de outras crenças, mas que O conhecem.

As outras, aquelas que ficam no Templo de Salomão, perguntando: Você é realmente o Messias?, na consciência de Deus estão excluídas do rebanho de Cristo, destinadas, portanto, ao Inferno.

Daí a luta do demônio: ele não acredita nas ovelhas de Jesus. Ele está, ainda, na grande pergunta racional: "Se és o Cristo, dize-o abertamente." Esta pergunta é demoníaca. É ele quem a suscita em nosso coração, para que a façamos sempre, duvidando da presença de Cristo. E a fazemos porque queremos sempre sinais evidentes, uma fé que se propõe racional, que lança raízes na razão, como se esta, por si, pudesse explicar toda a relação do divino com o humano. É a soberba buscando uma outra verdade. Mas Jesus conhece o Seu rebanho, aquele que Deus lhe deu, por isso não atenderá aos apelos da razão desprovida de espiritualidade, à soberba.

Portanto, precisamos ter sempre em mente esta grande promessa de Deus: As ovelhas que o Pai me deu ninguém as arrancará de minha mão. As pessoas que pertencem ao rebanho de Jesus devem dar graças a Deus por isto, pois não irão para o Inferno. Podem até passar um bom tempo no Purgatório, mas não se perderão.

Este é o Evangelho da esperança, da escolha, que nos mostra o poder do amor e desperta em nós uma vontade muito grande de viver. Independente de credo ou cultura, o amor é um só. Este amor que reconhece Deus e que é o sentido de Sua escolha.

Devemos refletir bem sobre tudo isto e, elevando o nosso pensamento a Deus, dizer: Meu Deus, se estou no teu Coração divino, se faço parte do teu rebanho, que escolheste para louvar o amor, através de Jesus, eu te dou graças.

 

Referência: LOPES, Raymundo. A Festa da Dedicação: Jo 10, 22-30. In: LEMBI, Francisco (Org.). O Código Jesus. Belo Horizonte: Magnificat, 2007. p. 158.

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