Oração pelas almas do Purgatório

Nossa Senhora exorta Raymundo e os missionários a rezarem pelas almas que padecem no Purgatório. “Se na hora da Missa na capela, você rezar esta oração e conscientizar as pessoas a rezarem-na, através de seu intermédio centenas e talvez milhares de almas serão resgatadas do Purgatório”.

24 de fevereiro de 2009 

“Senhor bom Deus, estamos aqui, humildemente, te pedindo que tenhas misericórdia das almas dos fiéis que padecem no Purgatório. São irmãos e irmãs que viveram na Terra e que, por descuido, deixaram de fazer a tua vontade, e por isso foram privados da tua presença. Tem pena deles, te pedimos mais uma vez, com humildade. E em resposta ao teu amor para conosco, te oferecemos um Pai-Nosso, que, temos certeza, irá fazer com que essas almas sejam objeto do teu olhar. Amém.

Pai nosso que estais nos céus,…

Agradeço a Deus por me ter criado e permitido que abra os olhos e veja a beleza da criação.

Agradeço a Deus por permitir que caia em meu rosto, em minhas mãos e meus pés a água que purifica.

Agradeço a Deus por sentir na boca o alimento que me nutre.

Agradeço a Deus por me mostrar que existem pessoas mais sábias do que eu, e com elas eu possa aprender muitas coisas mais.

Agradeço a Deus por deixar que eu ande e trabalhe, para que outros possam desfrutar de tudo isso que sinto em meu coração”.

Assim me disse a Bela Senhora sobre esta oração:

– Se na hora da Missa na capela, você rezar esta oração e conscientizar as pessoas a rezarem-na, através de seu intermédio centenas e talvez milhares de almas serão resgatadas do Purgatório. Você não terá nenhum proveito disso, e nem as pessoas que aderirem a esse propósito, mas Deus, em sua infinita misericórdia, olhará com bondade sobre a alma de vocês na passagem da vida terrena para a vida eterna. Peço que guarde reservas sobre este assunto; não fale a ninguém sobre este meu pedido, até que eu lhe dê um sinal, com a autorização do Deus Altíssimo, vindo de alguém que foi resgatado por sua disponibilidade em atender-me e fazer com que as pessoas na capela rezem esta oração.

Eu, na minha ignorância sobre as coisas da Igreja, me dispus a rezá-la na hora do Ato Penitencial, mas me dei mal, porque foram os padres e alguns missionários que me admoestaram a não “inventar” coisas durante a Missa. Fiquei calado, e resolvi colocá-la no final da Missa, por entender que depois de encerrada pelo padre a celebração, podemos como leigos pedir a Deus por aquelas almas que viveram na Terra e necessitam do olhar misericordioso de Jesus.

No dia 19 de fevereiro, a Terezinha Lembi e o Francisco Lembi se dispuseram a corrigir o português da oração, promoveram um folheto muito bonito e me deixaram bem clara a interrogação: por que eu não imprimia o folheto para ser distribuído ao público? Mas eu não podia, por estar preso ao que me pedira a Bela Senhora; desconversei e procurei esquecer o assunto.

Hoje, 24 de fevereiro, acordei cedo. Como sentia uma dormência muito grande nas pernas, fui andar um pouco perto de casa para ver se melhorava. Estava desobrigado de ir à Basílica de Lourdes, porque era carnaval e estaria por isso fechada. Livre de compromissos, saí.

Ao me aproximar do portão da minha residência, dei-me com um buraco enorme. Olhei para dentro dele, e vi uma grande quantidade de pessoas querendo sair dali, procurando onde pegar, na esperança de se livrar daquele lugar. Uma dessas pessoas foi resgatada pelas mãos de Maria Santíssima. Essa alma1 me disse:

–  Para nos salvar é necessária a disponibilidade da oração sincera, porque nós sofremos a perdição e o sangue de Jesus está perdido para nós. Mas se vocês, que amam a Jesus e Maria, se disponibilizam para o propósito de nos tirar daqui, atraem a misericórdia de Deus. Eis o que nos salva.

Eu fiquei perplexo, e ela continuou:

–  Glorifique Jesus na hora da Missa. Apresente-o como vítima por nossos pecados e pelo imenso amor para conosco, de maneira especial pelos que são consagrados a Jesus.

Apavorado, continuei escutando:

–  O cristianismo desta época está sendo arrastado à catástrofe que ameaça a humanidade inteira, numa espécie de desespero. Quem poderá nos aliviar do castigo do Purgatório? Quem nos poderá dar a certeza da vitória da fé? Nestas horas de tempestades, Jesus virá a nós pelas orações de vocês.

Disse ainda:

–  Estava no Purgatório, a contar pelo tempo da Terra, há 75 anos. Sem as suas orações eu ainda ficaria lá por longos anos. Eu fui uma religiosa. As pessoas do mundo têm menos responsabilidade que nós. Quantas graças recebemos e não aproveitamos. As minhas irmãs de convento não imaginam quantas graças recebem e não são aproveitadas. Aqui os nossos olhos são atormentados pela impossibilidade de ver a Deus. Tive falta de caridade e murmurei contra o Senhor, por ocasião da eleição de uma das minhas superioras, pela qual não tinha simpatia. Estive no Purgatório até agora, porque durante a minha vida religiosa falei muito e com pouca discrição. Comunicava amiúde as minhas impressões e as minhas queixas, e essas comunicações foram para várias de minhas irmãs de hábito causa de muitas faltas de caridade.

Nesta hora surgiu um homem, que começou a falar:

–  Por que fiquei apegado àquilo que não era meu? Por que dispus dos bens que eram da comunidade, pois sabia que não tinha o direito de possuí-los? Eu era um sacerdote, e tinha renunciado aos prazeres mundanos livremente. Castidade, eu próprio fiz este voto livremente, com plena consciência do que isto exigia. Eu próprio me impus esta obrigação. Eu próprio a quis, e depois não a guardei. Por que não fiquei num estado em que pudesse conceder a mim mesmo os prazeres do mundo? Sim, eu fiz esse voto, livre. Poderia não o ter feito, mas eu próprio o fiz e era livre. Eu mesmo tomei como obrigação a obediência, livremente. Então não pude julgar por que me condenavam, pois desobedeci as ordens do meu regulamento.

Esta alma me fez lembrar, sem cessar, que havia escolhido a Igreja como guia, que no começo da vida religiosa saboreava as doçuras, a força e a pureza daquele amor divino. E depois, por uma paixão desordenada, se viu obrigada a odiar, sem cessar, esse Deus que elegera para amar. É uma necessidade de odiar e uma sede que os consomem; nenhuma recordação pode lhes dar um pequeno alívio. Um dos maiores tormentos, dizia este homem, é a vergonha que os envolve.

Ele continuou:

– Estava no Purgatório para expiar muitas faltas de confiança em Deus, e saí por intermédio das suas orações. O julgamento de uma alma religiosa é rigoroso, porque não é a Igreja que nos julga, mas Deus. É preciso, durante a vida, uma imensa confiança na sua misericórdia. Quantas graças perdemos porque não temos confiança em Jesus. Meu Purgatório foi longo, pois não aceitei a vontade de Deus, nem fiz sacrifícios da minha vida, com resignação bastante, durante a minha doença. A doença é uma grande graça de purificação, é verdade. Mas se não nos acautelarmos, pode ser ocasião de nos afastarmos de Deus, de esquecermos que fizemos votos e fomos consagrados. Deus é amor, mas também é justiça.

Eu pensei: “Se falo disso às pessoas, estou frito!” Em dado momento, a Bela Senhora interveio:

– Você deve estar profundamente inquieto. Não será por temer que, por algum pretexto, as pessoas que o escutam, que não devem crer demasiadamente em videntes, sob o pretexto de que revelações privadas não interessam diretamente à fé e que a imaginação é sempre mais viva do que se pensa? Sob o pretexto de que essas aparições tornem suspeitas as visões celestes? Sob o pretexto, enfim, de que a Igreja não saberá discernir o verdadeiro do falso? Esses fenômenos místicos, os quais Deus permite que eu lhe dê, não serão para temer que alguns de vocês hesitem em dar grande difusão e alcance mundial às palavras divinas que lhe apresento. A samaritana do Evangelho correu para contar o que se passara com ela. Madalena apressou-se em anunciar que vira Jesus. Como vocês poderão tardar em dar a conhecer às almas, que ainda vivem em seu meio, as riquezas insondáveis do Coração de Jesus? Vou ainda retornar, para lhe fornecer algo mais sobre essas almas que dependem da oração de vocês.

 

1 Alma da irmã Maria Teresinha Zonfrilli, conforme me disse a Bela Senhora em outro diálogo. Pertencia à Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário. Nascida em Pontecorvo, na Itália, em 05/02/1899. Faleceu em Roma a 20/01/1934. Foi introduzida a sua causa de beatificação pelo papa Pio XII, em 19/11/1957.

 

Referência: LOPES, Raymundo. Oração pelas almas do Purgatório. In: LEMBI, Francisco (Comp.).Raymundo Lopes, Daniel: Uma incógnita dos finais dos tempos. Belo Horizonte: Magnificat, 2010. p. 78-81.