Carta dos católicos chineses de Datong

católicos chineses

Fiéis da diocese de Datong divulgaram uma carta aberta denunciando a crescente opressão do governo chinês sobre a comunidade cristã após a implementação do novo ato normativo sobre atividades religiosas.

Infocatólica, 27 de novembro de 2018.

[http://www.infocatolica.com/?t=noticia&cod=33681].

Tradução. Bruno Braga.

A carta é dirigida às autoridades do governo, pedindo liberdade religiosa e também clamando aos fiéis de todo o mundo: “Agora estamos sem cruz, sem a Eucaristia em locais definidos: tudo isso faz com que os fiéis percam a confiança, e já são muitos os que a abandonaram. No futuro, será difícil que a Igreja tenha algum progresso”.

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(AsiaNews). Um grupo de fiéis da Diocese de Datong (Shanxi) divulgou uma carta aberta e assinada, na qual se denuncia a crescente opressão que o governo está exercendo sobre a comunidade cristã após a implementação da Nova normativa sobre atividades religiosas [1]: cruzes destruídas, encontros cerceados e reduzidos ao mínimo, a impossibilidade de conseguir textos religiosos… Na carta, pedem ajuda para resolver os “dolorosos dilemas” que expõem. Entre eles, coloca uma questão para o Vaticano, perguntando se talvez, no seu desejo de estabelecer relações diplomáticas com a China, não estariam transformando os cristãos perseguidos em “bodes expiatórios”.

Desde 2005, a Diocese de Datong está sem Bispo. Monsenhor Tadeo Guo Yingong, que iniciou o seu ministério pastoral em 1990, foi o último Bispo no cargo, e faleceu em 2005. Mons. Guo passou 10 anos em campos de trabalho forçado, durante a Revolução Cultural. Atualmente, segundo informação do “Guia da Igreja Católica na China”, são 14 sacerdotes a serviço da comunidade de fiéis.

Carta aberta – Declaração conjunta.

Pensamos que todos estão cientes dos eventos que acontecem à nossa volta. Tais fatos estão fortemente ligados à nossa comunidade de fiéis. Por causa disso, não podemos permanecer assentados em silêncio e despreocupados, e muito menos ficarmos de braços cruzados.

O motivo da nossa preocupação é o valor da liberdade religiosa para a nossa fé: é um direito humano fundamental que não pode ser violado, proibido ou eliminado.

Certamente, não estamos de acordo com muitas declarações e propostas do governo, e tampouco as aceitamos; alguns de nós até mesmo se opõem a elas. Mas não é possível que nos seja retirada nossa liberdade e nosso direito pelo simples fato de ter um credo diferente. Como comunidade de fiéis, estamos inclusive mais preocupados com a liberdade de expressão, dado que esta é inseparável da liberdade de religião: uma não pode existir sem a outra.

Estamos agora sob o seu controle. A cruz de nossa igreja, e a igreja mesma foram demolidas. A liberdade dos fiéis para se reunirem foi limitada. A Igreja se vê forçada a aceitar a orientação do governo chinês. Tudo isso nos preocupa e faz com que nos sintamos entristecidos.

Como crentes, sabemos que o futuro decide sobre o presente. Com esta nossa carta aberta, que tem a forma de uma declaração conjunta, esperamos que possam respeitar o direito da Igreja, respeitar cada pessoa; isso é o mínimo, que não pode ser eliminado.

Shanxi, Diocese de Datong.

(Seguida de oito assinaturas).

Frente a um doloroso dilema.

  1. Desde a implementação da Nova normativa sobre atividades religiosas, o governo continua colocando medidas restritivas, proibindo, entre tantas coisas, adquirir Bíblias online. Nós perguntamos: onde podemos adquirir os livros religiosos que precisamos? Através de quais canais podemos obtê-los?
  2. O governo já reforçou o seu controle sobre a nossa Diocese com uma severa proibição de realizar encontros com um número maior de pessoas, obrigando a celebrar a Eucaristia em horários pré-estabelecidos: essas proibições nos causam tristeza. O que devemos fazer?
  3. O governo chinês está fortalecendo suas relações com o Vaticano: o Vaticano se rebaixará a carimbador de compromissos? Para estabelecer relações diplomáticas, irá nos transformar em bodes expiatórios?
  4. Frente a esses novos passos de opressão dados pelo governo, teremos que nos manter em silêncio, como mansos cordeiros, ou devemos expressar nossa oposição?

Agora estamos sem cruz, sem a Eucaristia em locais definidos: tudo isso faz com que os fiéis percam a confiança, e já são muitos os que a abandonaram. No futuro, será difícil que a Igreja tenha algum progresso.

REFERÊNCIAS.

[1]. Cf. [http://www.asianews.it/noticias-es/Los-nuevos-reglamentos-religiosos:-aniquilar-a-las-comunidades-subterr%C3%A1neas,-sofocar-las-comunidades-oficiales-41747.html].